— Mas e se eu não quiser aceitar?
— Taehyung, mesmo que seja só por um tempo... Olha, se você conseguiu ir para a cadeia todos esses dias, com certeza pode aguentar minha presença na sua casa. — Respondo, tentando esconder o tom de súplica que escapa na minha voz.
O policial entra na sala e checo o relógio: já se passaram os quarenta e cinco minutos de visita. O tempo pareceu voar, e uma sensação de vazio e arrependimento volta a crescer no meu peito.
— Está na hora. Se quiser, pode voltar amanhã. — diz o policial para Taehyung.
— Vou pensar sobre isso. — Taehyung caminha até a porta e se volta para mim, seu olhar carregado de algo que não consigo decifrar. — Se cuida, Jungkook, e tenha juízo. — Ele se despede, saindo com o policial, me deixando sozinho com a dor que volta a pulsar no meu ombro.
A excitação que senti ao vê-lo aqui foi suficiente para anestesiar a dor, mas agora ela retorna com o caralho a quatro.
Pelo menos a cama da enfermaria é mais confortável do que a da cela. Aqui, tenho um mínimo de dignidade e segurança, algo que sinto falta desde os meus catorze anos. Tenho certeza de que ficar aqui só foi possível porque me comportei nesse tempo, se não, acho que nem a fratura seria devidamente tratada, nem eu teria todos esses luxos, já que os direitos humanos nem sempre são para todos.
Pelo menos, daqui a um tempo, estarei finalmente livre.
05/03/2025
Demorou muito. Muito.
O tempo pareceu se arrastar, mas minha liberdade está prestes a ser concedida. O que me salvou foi a fratura, que me manteve na enfermaria por dois meses. Fiz questão de prolongar a cicatrização, movendo-me bruscamente sempre que parecia que ia melhorar. Preferi a dor física à prisão mental de estar na cela.
Além disso, tive minha pena milagrosamente reduzida mais uma vez. Tentei mostrar arrependimento aos policiais, e cheguei a contar sobre meu ex namorado para alguns poucos.
Meus pais estão me aguardando lá fora, como me disseram, mas não tenho notícias do Taehyung. Gostaria que ele estivesse lá também. Talvez para me explicar melhor, talvez para pedir desculpas mais uma vez. Talvez para, finalmente, resolvermos isso.
— Pronto, pegamos seus pertences e você já pode ser solto. — o policial abre a minha cela, e eu saio com um sentimento misto de alívio e nervosismo. — Vê se não volta mais nunca, e acorda para a vida. Você tem potencial. — Ele diz de forma rude, mas um pouco preocupado.
— Ah, tá certo. Valeu, Jongdae. — Respondo, soltando um riso de canto. É um elogio passivo-agressivo, mas vindo dele, é o mais próximo de um voto de confiança que já recebi.
Eu o sigo, e na portaria pedem para eu trocar de roupa e checar meus pertences.
Finalmente vou usar roupa de marca novamente.
Coloco minhas roupas antigas, sentindo uma estranha mistura de familiaridade e desconexão. Depois de anos, sinto como se eu voltasse a ser... eu mesmo. Suspiro ao analisar e dobrar o uniforme carcerário, me sentindo feliz pôr finalmente ter acabado.
Ao sair, meus olhos brilham ao sentir o abraço dos meus pais depois de mais de uma década. A sensação de estar seguro nos braços deles me faz desmoronar no chão.
— Desculpa por tudo, Jeon. Estamos orgulhosos de você por sair dessa. — diz minha mãe, as lágrimas escorrendo pelo rosto, e eu soluço ajoelhado no chão, sentindo as lágrimas quentes pingando em meus joelhos.
O alívio no meu coração é tão grande, que não consigo não chorar.
— Era para eu ter te escutado. — digo, com a voz embargada. — Eu que tenho que pedir desculpas. — Soluço, incapaz de conter as lágrimas que há tanto tempo guardava. Anos de dor, arrependimento e medo que não costumava sentir se derramam de uma vez só.
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Outlaw ( Kth + Jjk )
Fanfiction|CONCLUÍDA| Jeon Jungkook começou a se envolver com o mundo do crime aos seus catorze anos, graças ao seu ex-namorado, que também foi o responsável por inúmeros traumas em sua vida. Mesmo após perder os vínculos com ele, Jungkook continua no ramo c...