Depois do encontro, Namjoon foi para a casa do tio, e eu e Taehyung ficamos na sala, desabafando sobre tudo o que aconteceu, nos desculpando e buscando assuntos em comum. Ele realmente parece ser uma pessoa solitária, e talvez seja por isso que mantenha contato comigo, como se eu fosse a única forma de interação social para ele.
— E essas tatuagens? — Taehyung pergunta, só agora notando os desenhos cicatrizando nos meus braços. Eu olho para eles, me perguntando se fiz a coisa certa.
— Pois é. — é tudo o que respondo.
— Ficaram ótimas em você. Eu gosto de pessoas tatuadas. — Taehyung comenta, e eu arqueio uma sobrancelha. Será que isso foi uma cantada?
— Quer ver todas? — pergunto, meio provocativo, e ele parece gostar.
— Com certeza quero.
Eu puxo a gola da minha camisa e mostro a tatuagem que é um quadrado totalmente preto. Sinto um calafrio quando Taehyung estica o braço e passa os dedos delicadamente sobre a tatuagem ainda um pouco inchada.
— Aqui é onde eu mais quis esquecer, por isso nem fiz desenhos, apenas cobri o máximo que pude. — digo, suspirando, e ele olha com atenção.
Levanto a barra da camisa para mostrar as tatuagens na costela e nas costas.
— Essas também eu quis esquecer. — digo, lembrando do sangue que derramei antes de levar aquele tiro.
— São tatuagens bonitas. Mas por que isso agora?
— Não foi do nada, isso tinha que acontecer uma hora ou outra. — abaixo a camisa — Eu me orgulhava das cicatrizes de tiros e facadas quando era mais jovem, mas para que me orgulhar disso agora? — minha garganta dói, como se estivesse dando um nó.
— Entendi... — ele diz, pensativo. — As tatuagens ficaram muito boas, de verdade.
— Aquela cicatriz daquele dia, eu também cobri. — tiro a camisa por completo, deixando-a ao meu lado e me viro de costas.
— Um dragão.
— Se fosse o Shenlong, eu pediria para que ele fizesse com que você nunca desistisse de mim. — confesso, sincero.
— Você é bem direto, Jungkook. — Taehyung diz e suspira, o que faz meu coração doer. — Mas, infelizmente, não vai rolar. Eu sou seu amigo, mas nossas realidades são bem diferentes. — ele dá de ombros. — Minha vida já está estabelecida, não quero nada sério. Gosto de ouvir suas histórias e conversar com você, é para isso que servem os amigos.
— Ah. — digo, sem saber o que responder.
— Mas eu topo uma amizade colorida. — ele diz, com um sorriso.
— Eu também topo. — respondo, mesmo que quisesse algo a mais.
Ele segura minha nuca quando eu menos espero e me beija. Não vou mentir, eu adorei.
Seguro sua cintura e puxo-o para mim, fazendo-o subir no meu colo. E então, fodemos novamente. Essa realidade não é ruim... o que seria ruim seria ficar totalmente longe dele.
Agora tenho que me resolver com meus pais.
Assim que Taehyung foi embora, depois de tomarmos banho juntos, eu me esforcei para escrever uma carta de desculpas para eles. Quando digo me esforçar, falo sério. Eu nunca fui bom em escrever, então procurei metade das palavras na internet.
"Oi, papai e mamãe. Eu sou o Jungkook, e quero pedir mais uma chance para vocês. Nunca tive a intenção de machucá-los ou machucar ninguém que eu amo. Não vou culpar o Donghae por nada, mas foi ele quem me apresentou ao mundo do crime. Eu achava que estava fazendo justiça...
... Eu cobri as cicatrizes com tatuagens, e isso significa que quero recomeçar. E para recomeçar, preciso de vocês. Seu filho precisa muito do apoio de vocês."
Minhas lágrimas borram o papel.
— Merda. — murmuro, e mais lágrimas caem, agora pingando na mesa.
Escondo o rosto com as mãos e grito. Grito pela dor, pelo sofrimento, pelo arrependimento.
— Me desculpem — falo sozinho — Me desculpem mesmo — me agacho no chão e abraço meus joelhos, percebendo que estou pedindo desculpas ao Jungkook de 14 anos. A dor aumenta, e eu grito ainda mais.
— Me perdoa. — me abraço mais forte.
Tudo o que eu queria agora era um colo. Mas não tenho ninguém.
Com esforço, me apoio na mesa e volto a escrever a carta, com os olhos embaçados pelas lágrimas.
"Eu prometo me formar na faculdade e ajudar em casa, mas por favor, não me olhem com medo, isso me machuca demais. E se minha presença for um problema para vocês, não voltarei para casa, seguirei minha vida e nunca mais os incomodarei. Ass: Jeon Jungkook."
Dobro a carta do jeito que consigo e saio de casa, caminhando por alguns quarteirões. Estou tremendo quando me aproximo da casa deles.
Não quero ser visto.
Checo a rua e vejo que o carro deles não está em casa. Corro na velocidade máxima que consigo e, ao encostar o papel no buraco dos correios, meu corpo treme de agonia.
Num impulso, amasso o papel que escrevi e com a outra mão, me apoio na caixa de correios, cabisbaixo, sentindo minhas costas tremerem de ansiedade.
Porra...
Ouço um barulho e minhas pernas me levam dali o mais rápido possível. Corro de volta para minha casa, sentindo-me sufocado.
Ao chegar, abro minha mala, taco todas as roupas e maços de cigarro dentro de qualquer jeito e fecho. Pego meu celular em cima da mesa e, sem pensar duas vezes, jogo no lixo da cozinha.
Saio de casa.
Nunca mais serei um problema.
Eu sou a porra de uma bomba-relógio, logo logo estarei no crime novamente, parece que isso é um ciclo sem fim. Nada faz sentido na minha vida, eu sou um fracassado.
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Outlaw ( Kth + Jjk )
Fanfiction|CONCLUÍDA| Jeon Jungkook começou a se envolver com o mundo do crime aos seus catorze anos, graças ao seu ex-namorado, que também foi o responsável por inúmeros traumas em sua vida. Mesmo após perder os vínculos com ele, Jungkook continua no ramo c...