Já haviam se passado três dias desde que Min-Hwa havia sido sequestrada. A polícia não havia encontrado nenhuma pista, apenas que a porta dela havia sido explodida com uma pequena quantidade de C4, do mesmo fabricante que o C4 usado pelo Exército coreano. Não fazia, na cabeça de nenhum dos três na Kamong, o menor sentido que alguém que tivesse acesso a esse tipo de material poderia ter algo contra Ji-Hae ou Min-Hwa. Era cada vez mais difícil para eles se manterem focados no trabalho e isso acabou impactando as vendas, de maneira geral. Não seria fácil para a Kamong se manter financeiramente se as coisas estivessem assim. Logo Ji-Hae precisaria recorrer à sua resrva de emergência. Preocupada, porque agora ela precisava pagar o salário de mais duas pessoas, ela chamou Sehun e Suho para uma reunião.
- Eu quero saber como vocês dois estão com tudo isso. Como estão lidando, como estão segurando as pontas.
Suho foi o primeiro a falar.
- Eu não tô, Ji-Hae Noona. Eu só to vivendo um dia de cada vez, com a sensação de que ela vai aparecer a qualquer minuto por aquela porta.
Sehun seguiu:
- Eu estou preocupado com a Min-Hwa Noona. Eu não sei o que pensar. Eu sempre fui muito lógico e estou completamente perdido porque nada disso tem a menor lógica. Eu tenho essa mesma sensação que o Suho, que a qualquer momento ela vai aparecer aqui, na Kamong, como se nada houvesse acontecido.
Ji-Hae então começou o discurso que havia preparado e ensaiado no espelho do banheiro.
- Eu conheço a Min-Hwa há muitos anos. Ela é uma irmã para mim. Entendo exatamente como vocês dois estão se sentindo, porque eu estou devastada. No entanto, eu preciso conversar com vocês porque, da mesma maneira que a Min-Hwa, vocês também se tornaram minha família no momento em que se tornaram parte da equipe da Kamong. Sei que todos nós estamos com a cabeça longe, mas eu ainda preciso pagar o salário de vocês. Vocês têm contas a pagar, famílias a cuidarem e, quanto menos trabalhamos, menores são as chances de continuar podendo pagar o salário de vocês.
- Ji-Haeya, meu amor, e isso lá é hora de pensar nisso?
- É sim, Sehunnie. Alguém tem que pensar no bem estar de vocês dois, nas necessidades de vocês dois, mesmo que vocês não consigam fazer isso agora. Então, eu vou dar duas opções para vocês e vocês escolhem o que for melhor. Não importa o que vocês escolham, eu vou apoiar a decisão de vocês e ajudá-los no que eu puder. Somos amigos, somos praticamente uma família e eu só quero que vocês fiquem bem.
Sehun pareceu preocupado.
- Noona, como assim? Você não deveria estar se preocupando com isso agora.
- Deveria sim, Sehunnie. É a minha função. Antes de vocês dois serem nossos namorados, nós duas assumimos a responsabilidade de manter o emprego e o sustento de vocês. Então, eu quero que vocês escolham. Vocês podem procurar emprego em um lugar que pague mais do que nós, inclusive posso indicá-los para alguns dos nosso fornecedores e alguns amigos meus da faculdade. Ou vocês podem escolher ficar aqui na Kamong, mas precisamos focar verdadeiramente no trabalho. Precisamos voltar ao nosso horário normal de funcionamento e trabalhar com vontade, com foco. Do contrário, não posso garantir as responsabilidades que tenho com vocês como empregadora.
Sehun deu um tapa na testa. Suho, no entanto, foi o primeiro a falar.
- Ji-Hae Noona, desde quando isso é uma pergunta? Eu tô me sentindo profundamente ofendido por você ter sequer pensado em me perguntar uma coisa dessas. Você realmente acha que eu ou o Sehun em algum momento pensaríamos em te deixar sozinha no meio desse inferno todo?
- Meu amor, vem cá. - Sehun a puxou, sentando-se na mesa e a encaixando entre suas pernas. - Isso é uma piada né? - Ele a abraçou forte, passando a mão nas suas costas - Mesmo que a Kamong não tivesse um centavo em caixa para nos pagar, nós ainda ficaríamos com você até que tudo isso se resolvesse. E note bem, não é que o Suho e eu não precisemos de grana. Claro que precisamos! Mas nesse momento, isso não é importante para mim, nem para ele. No momento, o que realmente importa é que, primeiro, a Min-Hwa volte pra gente em segurança e, segundo, que você não fique sozinha no meio disso tudo. Eu não vou deixar e sei que o Suho também não vai.
- Mas Sehunnie...
Ele a interrompeu, fingindo uma cara de bravo.
- Não tem mais nem menos. A gente vai continuar junto. Nós três. Até ficarmos juntos nós quatro de novo. Você entendeu, Min Ji-Hae?
Ela apenas assentiu com a cabeça, com os olhos marejados de emoção.
- Então, nunca mais, nunca mais pressuponha que um de nós dois vai te deixar sozinha. Nunca mais cogita a possibilidade de mandar a gente pra longe de você. Não tenta afastar quem tá cuidando de você, amor.
Ela concordou, sem saber muito bem o que falar.
- Então agora, você vai sentar aqui no meu colo enquanto o Suho e eu vamos fazer o planejamento de horários da Kamong pra você aprovar depois de pronto.
- Eu ajudo vocês. - ela tentou levantar do colo de Sehun, já prendendo o cabelo em um coque. Ele a puxou de volta.
- Nada disso. Você agora vai deixar o Suho e eu fazermos a parte chata enquanto você simplesmente vai embelezar a minha noite sentadinha aqui perto de mim. Mas deixa o cabelo preso.
- Você gosta?
- Eu amo ter acesso fácil ao seu pescoço, Noona. - ele falou baixinho no seu ouvido, mas aparentemente não baixo o suficiente, já que Suho revirou os olhos do outro lado da mesa.
Os dois rapazes terminaram de organizar os horários de retorno da Kamong que entrariam em vigor no dia seguinte. De repente, ouviram uma freada brusca e um barulho de impacto na porta da cafeteria.
- Meu Deus, só falta eu ter que trocar a porra da porta de vidro.
Ji-Hae, Sehun e Suho correram para a porta, mas nenhum dos três imaginou que veriam a imagem ali. Inconsciente, jogada na porta de vidro, estava Min-Hwa.
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Do Outro Lado do Oceano
FanfictionJi-Hae era uma mulher comum, com uma vida bem tediosa. Até que, decidida a melhorar seu currículo e conseguir o emprego dos seus sonhos, ela encontra Hee num aplicativo de aprendizado. Sua vida nunca mais foi a mesma.