Quando as coisas começam a se encaixar

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ALERTA DE GATILHO: incesto, abuso sexual, estupro, violência física, armas de fogo, ferimentos a bala, humilhação feminina.

Ji-Hae e Sehun acordaram praticamente ao mesmo tempo. Estavam em um lugar que parecia um contêiner, provavelmente perto do porto, provavelmente em Incheon. Os dois estavam sentados em cadeiras, de costas um para o outro, amarrados com cordas macias. Aparentemente, foi tudo feito de maneira muito rápida, já que o local não parecia o ideal para abrigar seres humanos. A voz, bem conhecida dos dois, ecoava nas paredes metálicas do contêiner.

- Vejo que os pombinhos acordaram! Bem vindos de volta. Desculpem por eu não ter preparado um lugar apropriado para vocês. Eu até planejava uma reunião mais cheia de glamour e brilho, mas veja bem, como é que eu poderia suportar ao ver que o casalzinho decidiu levar as coisas para um próximo nível e se casarem, não é mesmo?

- Você? Como pode ser você? Como assim sua irmã? Eu não estou entendendo nada - Ji-Hae estava genuinamente confusa. Nada naquela situação parecia fazer sentido, nada tinha nexo e, o mais importante, parecia que nem ela, nem Sehun sairiam dali vivos.

- Eu imagino que você deva estar se perguntando muitas coisas, irmãzinha. Talvez eu deva começar do início. Ou, como Brad Pitt parafraseou Copperfield muito bem em Entrevista com o Vampiro, eu deveria começar com "eu nasci, eu cresci, eu morri..." - ele deu uma gargalhada, mas não a gargalhada que Ji-Hae estava acostumada. Era algo mórbido, maligno, com cheiro de morte, a morte dela, a morte do seu noivo, a morte da sua filha.

- Você sabe que ela não é páreo para você em uma luta corporal, cara. Você pode desamarrá-la e me deixar preso aqui. Ela está grávida, não precisa passar por mais essa, por favor. - Sehun suplicava em lágrimas.

- Ora ora, Sehun, que noivo atencioso você é. Melhor que esse pedaço de lixo insuportável aqui que só sabia chorar, pedindo pela sua jagiya de volta. - ele então puxou um cobertor de um canto do conteiner. Embaixo dele, estava Jong-In

Não, aquele não era Jong-In. Não era o Nini que Ji-Hae conhecia. Ele não tinha mais músculos como antes, não tinha mais brilho nos olhos. A pele havia perdido o tom bronzeado e parecia pálida. Sob os olhos, olheiras cultivadas por muito tempo, combinando com as bochechas afundadas. Seu maxilar perdera o aspecto másculo, o mesmo maxilar que Ji-Hae havia olhado milhares de vezes e memorizado, como uma tatuagem em suas lembranças. A camisa que ela conhecia bem, que ela lhe dera de presente de aniversário, parecia ser a camisa de um pai sobre o corpo do filho, de tão larga que estava. O homem forte, másculo, sexy, com músculos perfeitamente definidos parecia um velho doente e sofrido. As lágrimas cobriram os olhos de Ji-Hae e a voz quase não saiu da sua garganta.

- Nini...

Ele abriu um sorriso, sem abrir os olhos no entanto.

- Ah, Ji-Hae, por que você continua fazendo isso comigo, jagiya? Por que você continua vindo me visitar nos meus sonhos só para sumir de novo quando eu tento me aproximar de você? - ele então pareceu voltar a um sono profundo.

- Reconhece esse vegetal que um dia foi o seu primeiro amor? Como foi fácil quebrar o espírito dele... Foi só ameaçar você. Então, ele tentou fugir e eu precisei pegar a vagabunda da irmãzinha dele. Foi rápido colocar ele no eixo. Daí em diante... - ele deu uns chutes bem de leve na costela dele, como se catucasse um cachorro de rua doente e abandonado - só ladeira abaixo, irmãzinha.

Ji-Hae sentiu as mãos de Sehun indo para a frente e para trás enquanto suas lágrimas desciam fartamente pelo seu rosto. De repente, ela sentiu as mãos de Sehun sobre as dela, como se estivessem livres. Ele, com a ponta dos dedos, desenhou as letras em sua mão, dizendo que ela deveria manter o sequestrador falando. Custou muito para que ela reunisse a coragem e o autocontrole para fazer o que Sehun havia pedido, mas ela conseguiu.

Do Outro Lado do OceanoOnde histórias criam vida. Descubra agora