Peças que não se encontram

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Havia uma semana que Min-Hwa havia sido jogada na porta da Kamong. Ela tinha recebido alta do hospital e foi para a casa de Ji-Hae. O seu depoimento havia sido um tanto quanto desconexo e os policiais não sabiam o quanto ele poderia ser útil.

"Eu me sentia constantemente com sono, como se estivesse bêbada e as vozes chegavam até mim de maneira muito esquisita, como se eu estivesse dentro d'água. Acho que me drogaram. Quando eu começava a me sentir um pouco mais consciente, minha cabeça ardia demais, então eu sentia uma enxaqueca profunda e chegava a gritar de dor. Então, acho que me davam uma injeção no couro cabeludo, porque eu sentia uma ardência em pontos diversos e, logo depois o torpor voltava.

Eu me lembro de muito pouco desde que fui levada, mas existem algumas coisas que posso garantir com certeza que ouvi: o primeiro ponto é que toda essa bagunça está relacionada com a família da Ji-Hae. Eu não consegui entender como, mas acredito que se a investigação puder abranger isso, muitas coisas serão elucidadas. Consegui também ouvir que tanto Jong-In quanto Hee não fizeram nada de errado: Jong-In foi levado contra a vontade dele e está sabe lá Deus onde. Aparentemente, ambos foram drogados. A terceira coisa que ouvi é que há uma pessoa de fora, passando informações sobre o que Ji-Hae faz ou deixa de fazer para essa quadrilha. 

Infelizmente, não sei dizer se Lisa Carter está ou não envolvida em tudo isso. Não me lembro de ter ouvido o nome dela ser mencionado e também não me lembro de tê-la visto. Embora eu não ache provável que ela fosse dar o ar da graça ou ser citada na frente de alguém que poderia entregá-la à polícia depois.

Ah, sobre o lugar que eu fiquei... Era sempre escuro, sempre. Às vezes acendiam uma luz forte no eu rosto e eu acabei perdendo a noção de noite e dia, não que eu tivesse chegado por lá sabendo que horas eram. As refeições eram muito espaçadas e, em alguns dias, eu só tive mesmo água para beber, um pedaço de pão em algum momento. Era úmido também, eu espirrava o tempo todo por causa da minha rinite. Talvez fosse um porão, ou algo parecido.

Eu sinto muito, mas não posso ajudar mais. Queria poder falar mais, ajudar mais, no entanto pouco me lembro e pouco vi. Como meu irmão e o senhor Hee foram envolvidos nessa história eu não sou capaz de dizer, mas pelo que vi dessas pessoas, eles poderiam ter conseguido isso facilmente."

Ji-Hae arrumou o quarto para Min-Hwa e Suho, se preocupando em deixar tudo da melhor forma possível. Pediu frango frito com cerveja, prato favorito da sua amiga, que comeram enquanto conversavam, num raro momento de normalidade entre eles.

Sehun foi o primeiro a tocar no assunto.

- Quem será a pessoa passando informações para a quadrilha?

Ji-Hae e Suho olharam para ele com olhos reprovadores, como se fosse errado ele tocar no assunto. Min-Hwa percebeu e o defendeu.

- Gente, o Sehun tá certo. Eu estou aqui, estou bem, mas o perigo ainda não passou. A gente precisa sim, sentar e conversar sobre tudo o que tá acontecendo para se protefer.

Ji-Hae e Suho concordaram silenciosamente. Min-Hwa então começou a falar.

- As únicas pessoas próximas o suficiente para passar informações sobre onde estaríamos seriam nós quatro. Mas me lembrei de uma coisa. Lembram do fotógrafo que tirou fotos da  Kamong para o Hee? Foram justamente as fotos dele que começaram a despertar a nossa desconfiança. Talvez a intuição da Ji-Hae estivesse certa e ele fosse mesmo um detetive particular, mas o Hee não soubesse.

Ji-Hae levou as mãos ao rosto, coçando o rosto nervosa. Então começou a puxar a pelinha do polegar, como sempre fazia nos momentos de ansiedade. Ela olhava Sehun de rabo de olho, com medo de verbalizar o que estava pensando. Até que ele foi o primeiro a falar.

Do Outro Lado do OceanoOnde histórias criam vida. Descubra agora