Epílogo: Do outro lado do oceano.

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O cheiro de café subia pelas escadas até meu quarto. Aquele cheiro de café era único. Era o meu despertador nos últimos quase seis anos. Eu sabia que ele estava preparando o café para mim. Depois de tantos anos, ele já tinha certeza que, não importa quantas vezes eu prometa que vou parar com a cafeína, era só para tentar tranquilizá-lo.

- MANHÊÊÊ, O SEUNG-WOOK PUXOU O MEU CABELO!!!

E agora sim, acompanhado de gritos, choros e um "pelo amor de Deus, não acorda a sua mãe, deixa ela dormir mais um pouco", meu despertar estava completo.

Levantar não era uma tarefa fácil agora. Eu precisava jogar as pernas para o lado e me apoiar em virtualmente qualquer coisa por perto para conseguir levantar da cama. Eu não lembrava mais quando foi a última vez que consegui ver meus dedos do pé. Definitivamente, ele era muito, muito bom de mira. Lavei o rosto rapidamente e, ainda de pijamas, desci as escadas.

- OH GO-EUN E OH SEUNG-WOOK. PELO AMOR DE DEUS, SOSSEGUEM UM POUCO, EU NEM TOMEI CAFÉ AINDA!!

Os gêmeos se aproximaram de mim e se aconchegaram num abraço.

- Bom dia, mamãe. 

Eu apenas sorri, pois não tinha como ganhar deles com aquele sorriso lindo igual ao do pai e dei um beijo na testa de cada um. Min-Hwa e Suho desceram logo depois. Min-Hwa só olhou para Sehun, com o olhar ameaçador que ela tinha sempre que Yun-Ah tinha cólicas de madrugada.

- Eu juro que se você só tiver feito café para ela... - Sehun nem deixou que ela terminasse a frase e colocou duas xícaras de espresso na frente de nós duas. Suho foi até a geladeira e pegou o leite, que aqueceu no microondas antes de tomar seu café.

Suho e Sehunnie prepararam o café da manhã dos gêmeos e de Ha-Yun, enquanto Min-Hwa e eu nos aconchegávamos no sofá.

- A Yun-Ah tem tido dificuldade com as cólicas, não é?

- Ela tem. Eu mais ainda. Com a Ha-Yun não foi assim, amiga, era tudo tão mais fácil.

- Eu to com medo de ser igual comigo.

- Amiga, por todos os deuses. Eu só posso agradecer a Deus por não termos tido os gêmeos e a Ha-Yun ao mesmo tempo. Você já teve sua parcela de sofrimento com esses dois.

E, como sempre, fomos interrompidas pelas crianças.

- Mamãe, mamãe! Me conta de novo a história do dia de hoje? - Go-Eun fez beicinho e Sehun, mesmo de longe, soltou um "mas é a cópia da mãe, gente, eu até hoje não me acostumei" enquanto ria arrumando os pratos na bancada da cozinha. Eu sorri de volta.

Eu me ajeitei no sofá, encaixando cada um dos filhos de um lado.

- Então, a mamãe tinha um irmão, o tio Hee Dong, que ficou com o coração muito, muito doente porque ele sofreu muito quando era pequenininho.

- Mas a mamãe e o papai do seu irmão não protegiam ele como você e o papai fazem com a gente, mãezinha? - Seung-Wook perguntou.

- Ele não pôde ficar com a mãezinha dele, meu filho. E ele acabou sofrendo muito por conta disso. E aí o coração dele ficou doente.

- Tia Ji-Hae, como é um coração doente?

- Ah, Ha-Yuna, é um coração que sente tanta, mas tanta dor, que só consegue distribuir dor e não consegue dar amor para ninguém.

- A mamãe não consegue dar amor pro papai quando ele não pega a Yun-Ah no colo de madrugada. O coração da mamãe está doente também, tia Ji-Hae?

Do Outro Lado do OceanoOnde histórias criam vida. Descubra agora