A primeira mensagem

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Ji-Hae estava atrasada pela primeira vez em três anos. Não ia conseguir chegar a tempo se fosse de ônibus, então pegou um táxi. Por mais que tentasse segurar e por mais que ela não soubesse o que realmente estivesse acontecendo por inteiro, foi impossível conter o choro. Por que ele teria o contato salvo daquela maneira? Por que aquela foto? Por que PRINCESA? As lágrimas fluíam pelo seu rosto e deixavam seus olhos inchados e vermelhos. Quando entrou no café, nem mesmo Min-Hwa, que já a havia visto em condições ruins, conseguiu conter o espanto.

- Ji-Hae, você está bem?

Ela apenas caiu no mesmo choro novamente enquanto Min-Hwa lhe preparava um chá de camomila bem forte.

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Foi difícil passar a manhã, mas conforme o café foi enchendo de clientes, foi um pouco mais fácil tirar os pensamentos de Jong-In. Era comum que tivessem um grande boom de atendimentos nas duas primeiras horas de funcionamento, já que a maioria dos residentes e funcionários locais não se permitia começar o dia sem uma dose de cafeína. Logo depois que as coisas acalmaram e Ji-Hae já conseguia conter suas emoções, ela pegou o celular. 32 chamadas não atendidas de Jong-In. Umas 20 mensagens de texto. E uma notificação no Waden, que ela realmente não esperava receber. Ela pensou que talvez tivesse esquecido de preencher alguma coisa no seu perfil, ou que havia preenchido algo errado. Era um rapaz coreano, fluente em inglês, sem foto de perfil, que havia mandado uma mensagem para ela.

- Olá, Ji-Hae. Meu nome é Hee e voltei há poucos meses para Coreia. Estava trabalhando e estudando nos Estados Unidos nos últimos seis anos e acredito que possa ser seu colega de estudos.

Ela achou estranho e ficou com medo de responder, já que o cara não tinha foto de perfil. Então, mesmo depois de ler a mensagem, ela enfiou o celular no bolso e foi dar conta de louça que estava acumulada na pia. Foi quando Min-Hwa se aproximou dela.

- Quer conversar, Ji-Hae?

- Eu prefiro não tocar no assunto agora, Min-Hwa, mas obrigada por perguntar.

- Você sabe, por mais que o Jong-In te ame, ele não pode continuar te deixando sozinha por tanto tempo.

- Eu acho que é porque ele não se sente mais sozinho quando eu não estou por perto, Min-Hwa.

- Como assim?

Com muito esforço, ela contou para sua amiga tudo o que havia acontecido desde ontem à noite. Min-Hwa escutava sua história com as bochechas vermelhas de raiva e a testa franzida como alguém que está pensando em alguma coisa. Ela a envolveu em um abraço apertado assim que acabou de te ouvir. Ela ficou ali segurando Ji-Hae até que ela parasse de chorar e, assim que a amiga teve forças para se soltar do abraço de Min-Hwa, ela pegou o próprio telefone no bolso de trás da sua calça jeans, socou a bancada e foi para o lado de fora.

- Eu juro por Deus que dessa vez eu vou  matar o canalha do meu irmão.

E já pendurada no telefone, do lado de forá do café, Ji-Hae consegue ouvir uma Min-Hwa furiosa.

- Jong-in, seu desgraçado, você tá maluco? Eu vou te bater até a mamãe não conseguir saber o que é sua orelha e o que é o seu dedo do pé quando reconhecer o seu corpo no necrotério!

Metade apreensiva, metade rindo, Ji-Hae terminou de lavar a louça e, quando resolveu passar o mop no salão, seu celular vibrou no seu bolso. Ela revirou os olhos, achando que era outra mensagem de Jong-In, mas quando foi conferir, viu que era outra notificação do Waden.

- Bom, Ji-Hae, acredito que você não tenha interesse de estudar inglês comigo. Peço desculpas se, de alguma forma lhe ofendi ou se lhe deixei desconfortável de alguma maneira. De qualquer forma, estou disponivel caso, no futuro, você venha a mudar de ideia. Tenha um ótimo dia.

Do Outro Lado do OceanoOnde histórias criam vida. Descubra agora