Mas só chove, chove.

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O verão havia chegado na Coreia e, com ele, chuvas de grande porte. Min-Hwa, Jong-In e Ji-Hae precisaram dormir uma noite no café, porque não havia condições de irem para casa. A recepção de celular e de internet foi severamente comprometida, e assim, Ji-Hae passou alguns dias sem conseguir ter aulas de inglês com Hee. De alguma maneira muito estranha, ela sentia falta das aulas, mas nem tocava no assunto na frente de Jong-In. Da última vez que Hee foi citado numa conversa, ela ficou dois dias tendo dificuldades pra sentar, não importa quantos banhos quentes ele preparasse para ela.

Levou cerca de uma semana para que Gangnam voltasse ao normal, mas muitas áreas em Seoul foram afetadas mais profundamentes. A previsão do tempo não era ainda animadora, logo havia uma apreensão de que mais perdas acontecessem. E foi no meio dessa confusão que, depois de uns quinze dias, Ji-Hae finalmente recebeu uma mensagem de Hee.

- Oi, Ji-Hae, como você está? Espero que você não tenha sido afetada ou sofrido perdas por causa das chuvas de verão.

- Não, está tudo bem por aqui. Você está bem também?

- Sim, pessoalmente não tive nenhuma perda, mas estamos passando algumas dificuldades no trabalho.

Ji-Hae estranhou o Hee se abrindo dessa forma. Ele costuma ser muito mais fechado e manter a conversa dos dois apenas referente ao estudo de inglês.

- Hmmm... você quer falar mais sobre isso? Posso te ajudar de alguma forma?

- Sim, pode e foi por isso que mandei mensagem para você agora. Você se importa se eu te ligar?

- Claro, estamos com baixo movimento agora, então pode ligar.

Em menos de um minuto, Hee ligou pelo Waden.

- Oi, Hee, como posso te ajudar?

- Ji-Hae, primeiramente muito obrigado por se disponibilizar. Nossa empresa sofreu danos físicos e estruturais com as chuvas o que não seria um grande problema. O maior problema é que temos duas reuniões importantíssimas com clientes de fora do país e não temos uma sala de reunião que possamos utilizar para falarmos dos projetos.

- Meu Deus, que inconveniente!

- Sim, bastante. Pensei então, já que você trabalha numa cafeteria, em alugar o espaço durante dois dias, duas horas cada dia, para poder fazer as reuniões. Além de pagar o aluguel do espaço, pagaremos a parte o consumo dos produtos de vocês, de água até lanches.

- Olha, é uma grande responsabilidade, mas acredito que consigamos te ajudar sim, Hee. Vou conversar com a minha parceira de trabalho, a Min-Hwa e retorno para você com a resposta. Você se importa em me mandar uma mensagem de texto com a data e o horário das duas reuniões, além do número de pessoas que estará presente, para sabermos se precisaremos contratar pessoas para nos ajudar a servi-los.

- Claro, envio para você assim que desligarmos essa ligação.

- Não. Eu vou te mandar uma mensagem pelo Waden primeiro, com o meu número de telefone. Acho mais apropriado lidarmos com isso por telefone do que pelo Waden. Aí você envia os dados que te pedi diretamente para o meu telefone.

- Sim, sem problemas.

Alguns minutos se passaram e, assim que  Ji-Hae tinha todos os dados disponíveis, sentou para conversar com Min-Hwa, que adorou a ideia, já que com as chuvas muito fortes o número de clientes na cafeteria havia caído. Rapidamente as duas elaboraram um contrato e passaram para o departamento jurídico para ser aprovado. Com tudo pronto, Ji-Hae ligou para Hee, direto para o seu telefone.

- Senhor Hee, olá, como o senhor está? - seu tom era completamente profissional agora - Aqui quem fala é Min Ji-Hae, da Kamong. 

- Oi, Ji-Hae. Você pode falar comigo confortavelmente. Não precisamos mudar nossa forma de nos tratar.

Suas bochechas ficaram rosadas.

- Minha sócia e eu conversamos e concordamos em alugar o espaço da cafeteria para sua empresa. O contrato de locação já está pronto, só preciso que alguém da empresa venha buscar para ser lido, ajustado e assinado.

- Sem problemas. Você pode me enviar o endereço da cafeteria por mensagem? Farei com que alguém chegue aí em menos de uma hora.

- Claro, sem problemas. Obrigada e tenha um ótimo dia.

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Com tudo acertado para a locação do espaço, Ji-Hae e Min-Hwa continuaram trabalhando normalmente, até Jong-In chegar do trabalho (ele realmente estava levando a sério essa coisa de passar mais tempo com a Ji-Hae) e ajudar as duas a fechar. Os dois foram para casa e Jong-In parecia levemente desconfortável. Ji-Hae deu a ele tempo suficiente para se abrir. Como ele ficou em silêncio mesmo depois de chegarem em casa, ela deitou a cabeça no colo dele, pegou o controle e desligou a televisão.

- Pode falar, Nini. O que está acontecendo?

Jong-in coçou a cabeça e falou de uma vez só, como uma metralhadora.

- Euvouprecisarfazerumaviagemdetrabalhoeficareiforaporummês.

- Um mês, Jong-In? Tipo, 30 dias?

Ele apenas assentiu com a cabeça.

- Para onde você vai e por que você vai? Você atende VIPs, pelo amor de Deus, não é como se você precisasse viajar por tanto tempo! 

- Eu vou para a China, jagi. E sim, vou atender um cliente VIP que está consolidando uma nova frota de carros na filial chinesa. Ele especificamente pediu que eu fosse.

Ji-Hae respirou fundo.

- Quando você viaja, Kim Jong-In?

- Amanhã à noite.

- Talvez seja uma boa hora para você arrumar a sua mala então, já que amanhã durante o dia você não vai ter tempo e eu tenho um dia agitado no trabalho.

Ele a abraçou forte e abaixou o tom da voz:

- Eu vou sentir tanto a sua falta, meu anjo.

- Eu também vou sentir sua falta, Jong-In.

- Vamos deitar um pouco antes que eu comece a arrumar a mala?

- Desculpa, Jong-In, eu preciso oranizar alguns pedidos que preciso fazer amanhã para os fornecedores porque a cafeteria foi alugada por dois dias e não pode faltar nada. Acho que nosso estoque de copos não vai durar até o segundo dia.

- Ué, eu não sabia que vocês estavam alugando o espaço da cafeteria.

- Foi algo pontual que caiu como uma luva para nos ajudar na queda das vendas nessa quinzena.

E assim Ji-Hae pegou as pastas que havia trazido da cafeteria para casa, se sentou na bancada da cozinha e começou a trabalhar. Deixou os formulários de pedido prontos e já era mais de meia-noite quando ela foi deitar para dormir. Jong-in dormia um sono agitado. Ela o abraçou e os dois dormiram até o alarme tocar.

Do Outro Lado do OceanoOnde histórias criam vida. Descubra agora