6. ❃Narração/Twitter Alyssa❃

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Eram exatamente seis da manhã quando mamãe e eu acordamos e nos arrumamos, meu ânimo não era um dos melhores, afinal de contas quem quer deixar o lugar que ama pra trás? Pois é, absolutamente ninguém.

Mas apesar de toda a minha tristeza, eu entendia, mamãe estava fazendo o que amava e eu amava vê-la ter uma segunda paixão, ela sempre me contou sobre como foi parar em Chicago, como conheceu minha mãe Cristina e como era bom no começo do romance das duas.

O namoro, o casamento, eu. Exatamente naquele sequência e ela durou por um bom tempo, mas eu a via desgastada, minha mãe Cristina não era o poço de amor que mostrava em frente as câmeras quando saiam juntas ou quando saíamos em família, em casa ela mal olhava para mamãe e quando olhava, elas brigavam, mamãe passava horas chorando e eu me sentia de certo modo culpada, não queria minhas mães separadas.

Meu padrinho após o divórcio delas, me disse que mamãe aguentou até onde deu, que ela havia suportado aquele teatro por muito mais tempo do que eu poderia imaginar, mas que nada mudaria, que elas me amariam mesmo separadas, só que ele estava completamente errado, as coisas mudaram.

Minha mãe Cristina raramente aparecia, começou a faltar as apresentações da escola e era sempre a mesma desculpa, "estava presa no trabalho", logo depois nos meus aniversários e a desculpa mudou, "tive uma viagem de última hora" dizia ela.

Até que parou de me buscar aos fins de semana, sem nenhuma ligação ou mensagem, me reduzindo a um mar de tristeza e me fazendo reduzir mamãe a esse mesmo mar, então eu simplesmente deixei de me importar também, afinal de contas, por que eu deveria? Por causa da gorda pensão depositada na minha poupança todo mês? Ou pelos presentes caros escolhidos por suas secretárias? Sinceramente nem me importava.

Em poucos minutos estávamos nós duas dentro do táxi que atravessava a entrada do condomínio nos levando para o aeroporto, para o avião que me levaria para longe da minha vida, mas mamãe queria muito isso, ela sempre me apoiava, por que não fazer o mesmo por ela? Talvez não fosse tão ruim estar em Seattle, mesmo eu acreditando que seria.

As ruas passaram como borrões pelo vidro molhado pela garoa fraca, mesmo assim ainda consegui visualizar algumas pessoas correndo para fugirem da chuva que se iniciaria em breve, pessoas medíocres, vivendo suas vidas medíocres, eu seria medíocre também, na verdade, eu era.

Meu reconhecimento era por causa da minha mãe e ainda assim muitas pessoas achavam que eu era uma fã que conseguia um tempo com ela, por isso o meu sobrenome nas redes sociais ser "Grey" e por isso eu ter tantas fotos dela e com ela, mas eu não ligava, fazia alguns vídeos e fotos, poucos conteúdos, mas ganhava meu reconhecimento, ainda não sabia se queria ser atriz como mamãe, mesmo amando as câmeras.

Senti o táxi parando e descemos, o taxista nos ajudou com as malas e eu prontamente peguei um carinho para colocá-las enquanto mamãe o pagava, coloquei as malas ali e caminhei para dentro do aeroporto não muito cheio e a esperei, logo mamãe estava ao meu lado.

— Bom dia — A atendente disse com um largo sorriso, o qual eu sabia que não era apenas por ser seu trabalho ou por saber quem mamãe era, revirei os olhos.

— Bom dia — Mamãe respondeu sorrindo de volta, não tanto quando a mulher de cabelos negros e olhos castanhos.

Distrai-me olhando o fluxo de pessoas enquanto mamãe encerrava aquele flerte descarado — que ela nem havia percebido — e o despacho das malas, então caminhei até as cadeiras ali, cansada de ficar de pé escutando a mulher quase pedir um autógrafo na bunda.

Peguei o celular começando a mexer, Valentina e Lara certamente estariam dormindo ainda, então conversar com elas estava fora de questão, naveguei pelas redes sociais não encontrando nada de interessante, então minha melhor opção foi the sims, eu sei, alguns acham fora de moda, mas the sims é o novo Candy Crush, só que mais divertido, coloquei os fones e uma música.

Logo senti mamãe sentar ao meu lado e focar no celular, certamente falando com meus ladrinhos e com a tia Maggie, sua assessora, eu gostava dela, era divertida e não queria a minha mãe.

Tempo depois mamãe me cutucou chamando-me para embarcarmos, a segui em silêncio ajeitando a mochila em meu ombro e suspirei, não tinha como fugir, mesmo eu querendo.

Assim que encontramos nossos assentos, guardei minha bolsa no compartimento desligando o tablet e o celular, então me joguei na poltrona, mamãe sentou minutos depois enquanto eu encarava a pista de decolagem, senti sua mão segurar a minha e a olhei.

— Sei que a ideia parece horrível agora, mas logo vai ter sido a melhor escolha que já fiz — Disse me olhando nos olhos, afirmei e deitei a cabeça em seu peito a abraçando.

Eu tinha muita sorte em tê-la como mãe, ela me entendia, ria e chorava comigo, era minha melhor amiga no mundo inteiro e sempre, sempre mesmo, me colocava como primeira prioridade, mesmo se estivesse muito enfurecida comigo.

O avião decolou minutos depois e nesses minutos, mamãe e eu pegamos no sono, eu só ficava imaginando como seria a nossa vida de agora em diante, se nossa cumplicidade mudaria, se ela mudaria e principalmente, se eu mudaria.

Não que mudanças fossem ruins, não eram, ao menos não todas, eu teria uma nova escola, uma nova rotina, um novo tudo, veria minhas melhores amigas apenas por chamadas de vídeo agora e nas férias, isso se elas não fossem viajar com suas famílias, mamãe disse que em breve eu encontraria amigas, eu sei que sim, mas Valentina e Lara estão comigo desde sempre, pra gostar e odiar qualquer garota em comum acordo como se as três fossem apenas uma.

Não sei se acharia alguém com a mesma mente maluca e maquiavélica quanto a minha, telepatia é uma coisa rara, não é todo mundo que consegue ter, mas não tinha muito o que fazer, agora era só cruzar os dedos e tentar não surtar.

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