Coração Selvagem: Livro 5 da Saga Sangue Puro.
(É necessário ler os livros anteriores, principalmente o volume 4 para maior compreensão)
Megan Labonair, dona de um espírito indomável, vê sua vida transformada após uma noite que a coloca acorrentada...
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MEGANLABONAIR
Durante a semana seguinte à noite do confronto, todo o povo trabalhou para reconstruir o que foi destruído, mas haviam coisas quebradas impossíveis de serem consertadas.
A sensação de frieza causada pela magia negra não tinha aliviado conforme o passar dos dias. Eu ainda acordava todas as noites tendo pesadelos com a escuridão contaminando minha alma, tomando meu coração. Conseguia sentir o membros do meu corpo tremendo e suando por causa daquela aflição que me consumia. Às vezes passava as noites vomitando aquela gosma preta, ou acordada, observando a lua e a floresta.
Não permiti que minha família se aproximasse de mim, conversava poucas vezes com Lua, mas passava a maior parte do tempo presa em sonhos durante a noite e pensamentos obscuros no decorrer dos dias. Zoe partiria para Romênia em poucas horas junto com seu parceiro e o conselho de bruxos, Atena e Matt foram embora no dia seguinte ao confronto, aquela zona de guerra não fazia bem a loba grávida.
Todos estavam tomando um rumo, uma direção. E eu precisava fazer o mesmo. Fiz uma promessa que depois de enfrentarmos Kieran, eu deixaria a casa dos meus pais e aproveitaria minha liberdade e tentaria aprender a lidar com o caos dentro de mim, mas sem causar mais riscos ou preocupações em minha família.
Algo tinha sido quebrado dentro de mim, eu não sabia o que era, mas precisava encontrar uma forma de descobrir e tentar consertar o que foi partido. E precisava fazer isso sozinha.
-Olá, Megan.
Pisquei algumas vezes, despertando de meus devaneios e quando ergui a cabeça, encontrei o bruxo Martell parado na escada da casa. Me encostei no banco de madeira e bebi um gole do chocolate quente que Lua me trouxe minutos atrás, tentando puxar assunto, mas logo foi embora quando não obteve respostas.
-Zoe o mandou aqui?-perguntei, ranzinza.
Ele negou com a cabeça, e passou os dedos pelos cabelos bagunçados.
-Não.
-Então o que faz aqui?
Martell subiu o restante da escadinha e parou ao lado do banco.
-Posso?
Dei de ombros, bebendo minha bebida doce e quente. Martell ocupou o lugar ao meu lado, descansando as mãos sobre as pernas. A presença do bruxo negro me causou calafrios na coluna, e ele percebeu quando me afastei.
-Posso ir embora se quiser, não quero incomodá-la.
Ele ameaçou se levantar, mas o impedi.
-Pode ficar, não me importo.
Martell virou o rosto para me encarar, tinha um luto profundo nos olhos castanhos dele, a dor da perda. O bruxo era dono de um sorriso cafageste e um humor terrível, mas a morte de Scarlett tinha destruído aquela animação natural dele, assim como a magia negra tinha me afetado.
