MEGAN LABONAIR
O barulho vindo do andar inferior do covil me despertou naquela manhã de segunda feira, eu praguejei ao olhar no relógio da parede, descobrindo que não era nem 9h da manhã e aqueles malditos lobos já me infernizavam. Enfiei a cabeça debaixo do travesseiro e tentei ignorar a agitação do covil, buscando voltar a dormir.
Eu provavelmente cochilei por uns dez minutos antes de ter meu quarto invadido por Louise gritando meu nome. Grunhi irritada e atirei meu travesseiro no rosto da coyote, meu humor azedo pelo sono. Abri somente um olho afim de avistar a fêmea parada próxima da minha cama, trajando um macacão jeans, ela realmente parecia eufórica e eu somente voltei a me deitar, fingindo que não havia ninguém no quarto.
Contudo, Lou era um maldito espinho encravado na minha bunda e ao me puxar pela perna, me derrubou no chão.
-Mas que...
-Vamos logo, estamos atrasados.
Ainda jogada no chão, esfreguei meu rosto sonolento, tentando permanecer acordada.
-Do que diabos você está falando?
Louise deu pulinhos alegres sobre seus coturnos velhos.
-Você vai nos acompanhar a uma visita as crianças órfãos na cidade.
Rolei os olhos furiosamente ao apoiar o braço na cama, buscando apoio para me erguer da cama.
-Não faço caridade, obrigada.
Lou cruzou os braços em minha frente.
-Eu sei que sua família ajuda muitos projetos humanitários e que você fazia visitas constantes a essas organizações.
Me joguei novamente no colchão nada confortável daquela cama, fitando o teto branco com os olhos pesados pelo sono.
-Eu matei essa antiga Megan há muito tempo atrás.
A coyote bufou, fazendo uma careta.
-Levante essa bunda gorda da cama logo ou eu vou dormir com todo esse melodrama.
-Louise, vai se ferrar.
Lou deu um risinho e ameaçou me puxar da cama novamente.
-Mas que inferno. Você não pode me deixar em paz, vadia?
-Não. Agora pare de latir, cadela e se apresse, temos poucos minutos antes da matilha partir.
Louise simplesmente saiu do quarto depois de me insultar, e eu contive a indignação e o impulso de jogá-la nas escadas. Permaneci deitada na cama por alguns longos minutos, refletindo se valia a pena participar daquela incomum visita as crianças na cidade. Eu era uma estranha, não fazia parte da matilha, por que diabos estenderam aquele convite para mim?
(....)
Eu roubei uma maça da cozinha correndo ao ouvir Louise me gritando da garagem. Com os cadarços das minhas botas soltos, enfiei a maça entre os dentes ao tentar fechar os cadarços para não tropeçar nos meus próprios pés. Fiz uma careta ao ver Chloe e Freddy se pegando dentro do carro, fingi colocar o dedo na garganta simbolizando desprezo ao passar por eles, gargalhando diante da fraca tentativa de me derrubar da bruxa.
Por reflexo, meu corpo me levou até Jason encostado em sua moto, os braços cobertos pela jaqueta de couro marrom cruzados sobre o peitoral. Freei meus passos rapidamente ao compreender que havia caminhado até ele por instinto. Vendo-o levantar uma sobrancelha em surpresa, me preparei para dar as costas e pegar carona com Lou, entretanto, Jason não disse uma palavra sequer antes de subir em sua moto e jogar minha jaqueta predileta em minha direção, a peça que eu revirei o quarto procurando minutos atrás. Uma jaqueta de couro preta com uma rosa sangrenta nas costas.
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Sangue Puro:Coração Selvagem (Livro 5)
LobisomemCoração Selvagem: Livro 5 da Saga Sangue Puro. (É necessário ler os livros anteriores, principalmente o volume 4 para maior compreensão) Megan Labonair, dona de um espírito indomável, vê sua vida transformada após uma noite que a coloca acorrentada...