Sangue Puro:Coração Selvagem (Livro 5)

Capítulo 17

MEGAN LABONAIR

A magia de Zoe preencheu o ar. O cenário mudou e eu franzi o cenho com a cena diante de mim, era nossa mãe, quando ainda estava grávida, sentada no sofá com papai ao seu lado que conversava com tio Aiden. Minha mãe acariciava sua barriga com o olhar mais amoroso e afetuoso que eu já vi em toda minha vida, com amor transbordando em seus olhos.

-Nós sempre fomos amadas incondicionalmente-Zoe comentou ao meu lado, seu toque me mantinha lúcida, acordada.

Papai depositou um beijo demorado na barriga da parceira e sorriu para ela.

-Elas serão o que há de melhor em nós.

O ambiente mudou e fomos levados ao momento do nosso nascimento, com Hayley gritando pela dor ao trazer suas filhas ao mundo, banhadas em sangue e magia. Mas o sorriso que se abriu nos lábios pálidos dela ao nos segurar nos braços pela primeira vez provocou uma sensação de calor surgir em meu peito, lágrimas de alegria escorreram pelo rosto dela, substituídas por lágrimas de dor ao se despedir de Zoe e eu com um beijo na testa, sussurrando um adeus antes de nos entregar para tia Clary, assim tendo o espírito de Kisa tomando seu corpo novamente, sacrificando a si mesma por amor a família.

-Por que está me mostrando isso?

-Porque você vale a pena, minha irmã.

Zoe continuou usando sua magia para nos atravessar no tempo, mostrando cenários da nossa infância, momentos que passamos com nossa família, onde o amor e a felicidade eram refletidos em cada um de nós. Passamos por situações terríveis, ocasiões onde era difícil ter esperança, mas minha família permaneceu unida, o laço que nos unia era inquebrável, não importava a escuridão, sempre lutamos para alcançar a luz.

-Planejou isso tudo sozinha?-perguntei quando voltamos na noite do casamento dos nossos pais, a ocasião que me quebrou de uma forma que nunca consegui consertar.

-Estive inspirada.

Vi quando fui atacada, e Jason e sua matilha lutaram para me ajudar, me protegendo dos ataques inimigos e me mantendo segura até que eu recobrasse os sentidos e conseguisse lutar. A cena mudou para quando a escuridão tomou o coração da minha mãe, e foi o amor de papai que a trouxe de volta, assim como o amor que sentíamos por ela que fez Zoe e eu aceitarmos a magia negra para salvá-la.

O calor que se alastrou pelo meu peito voltou a queimar, e eu lutei com cada pedaço do meu ser contra aquilo, contra a humanidade que se debatia dentro de mim, pronta para renascer mais uma vez. Puxei uma longa respiração entre os dentes trincados, tentando me manter no controle das minhas próprias emoções.

-Você ainda luta contra.

-Você não entende, não é?-cuspi a pergunta entre dentes. -A escuridão é a única coisa que faz a dor parar.

Zoe agarrou minhas mãos com força.

-Você não precisa sentir tanta dor, liberte-se disso, minha irmã.

Sacudi a cabeça, fugindo do toque de Zoe e me afastando dela com os pensamentos agitados.

-Há uma coisa dentro de mim, Zoe, algo sombrio e obscuro, algo que se alimenta da minha escuridão e eu não consigo controlar isso.

-Quando perceberá que você não precisa lutar contra tudo isso sozinha? Que você tem uma família que morreria por você ao seu lado? Pessoas que matariam e sangrariam por você até a morte? Você nunca esteve sozinha, Megan.

Trinquei os dentes com tanta força que temi quebrá-los.

-Você é uma tola-grunhi. -E estúpida por se esforçar tanto em vão, estou condenada, Zoe.