Intoucibile | BTS - LIVRO I

Prólogo

Giorgio estava pensativo, estava pensativo demais. Sentia seu estômago revirar numa mistura de raiva, ódio, pânico, arrependimento, tristeza. Coisas que ele odiava sentir individualmente, mas estava sentindo tudo misturado.

Escutar que o Bangtan estava envolvido nessa merda toda mexeu tanto com ele, que começou a lembrar de tudo de negativo que seus amigos e conselheiros lhe falavam sobre o grupo de operações e ele nunca aceitou. Sempre os defendeu. Os resultados deles falavam por si só, mas mesmo assim ele sempre os defendia. Nunca entendeu direito o motivo, mas tinha um carinho especial por eles. Talvez também fosse culpa pelo o que fez o Namjoon passar no passado, mas o que vale é que sempre os defendeu. E agora estava aqui. Na merda, descobrindo que estavam usando sua minuciosa rede de contrabando pra traficar drogas, debaixo do seu nariz. Ameaçando seu reinado sem sequer lhe avisar que ele estava travando uma batalha.

Ele sentiu a raiva consumir seus pensamentos e fechou os olhos com força. Contou até cinco e os abriu. Olhou Lorenzo à sua frente fumando um charuto, parecendo igualmente aéreo e perturbado. Ele nem piscava, apenas olhava à frente como se um absoluto nada o chamasse atenção.

— Fala alguma coisa. — Ele falou tentando chamar atenção de seu conselheiro mais fiel.

— O que?

— Qualquer coisa!

— Eu estava esperando você falar alguma coisa.

— Eu quero matar eles, Lorenzo. — Giorgio sentiu que a frase estava presa e a soltou. Sabia que Lorenzo lhe diria algo e também sabia que precisava ouvir o que ele poderia dizer.

— Só dizer quando, e eu faço.

— É isso o que tem a me dizer?

— Eu estou concordando com você!

— Você nunca concorda comigo logo de cara.

— Estou abrindo exceção hoje.

— Por que?

— Porque eu estou muito puto com esses merdinhas!

Giorgio olhou Lorenzo com o olhar afiado. Sabia o conselheiro que tinha e que se ele estava falando aquilo, é porque já tinha pensado em tudo.

— Como eles conseguiram ir tão baixo assim, Lorenzo?

— Talvez, tenhamos dado poder demais a eles. — Lorenzo falou apagando o charuto ainda na metade. — Não sei o que se passa na cabeça desses ingrati di merda!

— Eu dei tudo a eles. Dei a minha maior rede de distribuição. Sabe quantas pessoas estavam almejando por essa chance? E eu dei a eles. — Giorgio respirou fundo tentando colocar a cabeça no lugar pra poder argumentar. — O Jin pediu um lugar pra eles ficarem juntos. Eu dei a Villa Cora. Era a casa de minha mãe em Florença e eu dei a eles... deixei eles fazerem o que quiserem com a casa com o tanto que não mexessem na estrutura principal... Mas dei o que eles queriam. Em troca, eles seriam meu principal braço de distribuição. E eu estupidamente achei que estavam satisfeitos.

Giorgio olhou pros seus livros, estava inconformado quando falou com a voz cansada.

— Eu me sinto um idiota, por ter confiado tanto.

— Nós dois confiamos demais. Eu nunca cogitei a possibilidade deles estarem por trás disso. — Lorenzo jogou as costas no encosto traseiro da cadeira que estava. — Fui cego.

— Não quero ver, nem a sombra deles em minha frente Lorenzo. Queime todos eles.

— Quanto a isso, teremos que pensar melhor.