9

156 24 47
                                    

Dulce Maria Espinoza Saviñón

Se eu dormi a noite? Claro que não. Fiquei perambulando na varanda, depois dos beijos que aconteceram. Christopher dormia tranquilo na cama, como se nada tivesse acontecido.

Que ódio de mim mesma!

Como passei a noite mal dormida, saí antes da aurora. Me arrumei com um dos típicos vestidos rodados, esse era vermelho com bordados pretos.

Pedi ao motorista que me levasse a casa dos meus pais. Criei coragem para pedir esclarecimentos de algumas coisas.

Assim que entrei naquela casa lembranças ruins do que havia acontecido me invadiram. Tentei ignorá-las.

– Minha filha! Que prazer recebê-la.

– Poderia ter cido antes, mas não me deixavam sair daquela maldita casa.

Me lembrei da casa em que fui obrigada a viver sozinha por alguns anos, isolada de tudo e de todos.

– Não vamos brigar, porfavor. — me abraçou e eu retribui. – Quer um café, suco?

– Eu vou aceitar um água, não estou me sentindo muito bem.

– Aí meu Deus. Vem comigo.

Fomos até a cozinha a empregada me serviu água, e minha mãe insistiu que eu me sentasse.

– Será que já temos um herdeiro à caminho?

– Claro que não. — ela me olhou com os olhos arregalados.

– Dulce porque todo esse espanto, só fiz um comentário, afinal você está casada.

– Eu sei. Eu só acho que não estou preparada.

– Pode se retirar. — falou olhando a moça que lavava a louça, que saiu. – Como assim? Vocês consumaram o casamento certo?

Será que eu podia confiar na minha mãe? Ela era tão amorosa, não seria capaz de espalhar a verdade, ou seria?

– Claro. Só que o Christopher não me procura mais, ele quase não dorme em casa, gostaria que a senhora me desse conselhos sobre isso.

Sei que eu menti, mas tive medo de que ela conte para alguém. Até eu ter confiança nela essa vai ser a minha versão.

– Aí meu amor. Os homens são complicados, tenta trocar de posições, talvez usar alguma lingerie que ele goste, fantasias, convida ele para fazer coisas diferentes tenho certeza que ele irá saber te guiar...

A essa altura eu estava vermelha e arrependida. Esse caminho foi um pouco pior, olha só o que ela estava me falando.

Sem querer eu já estava me imaginando usando isso na frente do Christopher. O que estava acontecendo comigo.

– Mãe! Para! Isso é constrangedor.

Os gêmeos entraram na cozinha roubando a atenção da minha mãe, ela pediu licença e foi olhar o que eles queriam mostrar.

Não olhei as crianças, eles tinham tudo e a liberdade de viver em casa. Tudo isso foi tirado de mim, por culpa dos mesmos que amavam aquelas crianças.

Deixe-a Partir Onde histórias criam vida. Descubra agora