SEOKJIN
Quando cheguei na porta da casa de Taehyung, a porta estava entreaberta, por isso bati levemente antes de empurrá-la.
— Taehyung? — Chamei, entrando. — Eu só queria deixar as chaves e ver se você precisa de alguma coisa.
— Um segundo! — Sua voz veio do quarto, acompanhada pelo som de caixas deslizando pelo chão de madeira.
Fechando a porta, fui até a sala de estar, onde Taehyung já havia começado a montar uma estante de livros e separar as caixas. Antes que pudesse dar uma olhada nos livros de que ele gostava, ele apareceu com o rosto corado e pequenas gotas de suor na testa.
— Obrigada por trazer as chaves. Eu teria esquecido completamente delas por conta de todo o caos da mudança. — Ele riu e enxugou a testa com as costas da mão.
A combinação de seu rosto corado e a voz levemente sem fôlego me levou de volta para aquela noite em meu quarto. Seu corpo pressionando o meu, seus lábios em minha pele. Senti uma pressão dentro da minha calça, então rapidamente vaguei pela sala, com receio de que ele pudesse notar a ereção e entender tudo errado.
Não que eu não queira que ele pensasse que eu estava interessado. Mas a última coisa que eu queria era parecer um senhorio tarado atacando seu inquilino.
— Não se preocupe — disse levemente, caminhando até a estante de livros. — Parece que você esteve ocupado. Estou impressionado.
Eu me virei e sorri para ele, enquanto gesticulava para a estante recém-montada, e poderia jurar que ele corou um pouco.
— Bem, quando moramos sozinhos, temos que cuidar de nós mesmos — respondeu, levantando uma sobrancelha de modo brincalhão.
Taehyung caminhou até o outro lado da estante, e acabei tendo a impressão de que estávamos circulando um para o outro, testando os limites físicos de nossa dinâmica. Dei um passo em direção a ele.
— Não duvido que você seja mais do que capaz. Mas saiba que se precisar de qualquer coisa, estou sempre disponível.
— Cuidado. Qualquer coisa é uma oferta bem grande. — Ele esboçou um sorriso tímido.
— Estou falando sério. Qualquer coisa. — Segurei seu olhar por alguns segundos a mais do que o apropriado. Caramba, o que eu não daria para pressioná-lo contra a parede agora.
Taehyung sorriu e riu baixinho, antes de se virar. Talvez eu tenha ido longe demais, mas eu estava sendo sincero. Mesmo que nossa conexão não fosse séria, como pensei – eu já estava me sentindo um pouco protetor com ele. Ele estava só, ficaria bastante cansado se tivesse que lidar com toda essa mudança sozinho.
Passando meus dedos pela estante, deixei meu olhar vagar pelas caixas espalhadas no chão da sala. Livros, material de cozinha, bugigangas... Nossa!
— Nossa! — disse enquanto olhava uma caixa muito maior em um canto da sala. — Você tem uma enorme coleção de vinil.
Andei em direção a ela, meus olhos maiores a cada segundo.
— Você gosta de vinil? — Ele perguntou, abrindo um sorriso.
— Muito. Você se importa se eu der uma olhada?
— Fique à vontade.
Quando peguei a caixa, comecei a olhar os títulos, todos guardados em capas imaculadas. Eu já achava Taehyung legal e sexy, mas isso? Isso o estava elevando a um nível totalmente novo.
— Billie Holiday, Miles Davis, os Beatles... você tem todos os clássicos — eu disse, incapaz de esconder a surpresa e admiração em minha voz. Eu não conseguia acreditar que Taehyung gostava tanto de música... ou que nosso gosto musical fosse tão parecido.
Ele parou ao meu lado, na frente da caixa.
— Comecei a colecionar quando tinha dezesseis anos. Depois que comecei, não consegui parar. Fugiu um pouco do meu controle. — riu, revirando os olhos.
— Não, não, isso é incrível. Realmente foda. — Estava tão chocado que não conseguia ser mais articulado. — Paul Simon? Eu amo esse álbum. — Eu me virei para ele com olhos arregalados, balançando a cabeça, incrédulo.
— Se quiser algum deles emprestado, pode pegar. Normalmente, eu guardo a minha obsessão com discos para mim, mas agora que você sabe, acho que está tudo revelado, ou fora da capa, neste caso. Então, fique à vontade. E se você quiser vir aqui para ouvir, estou bem perto.
— Sim, claro, isso seria ótimo. Jisoo também adora essas coisas.
Merda. Nada como mencionar sua filha para cortar o clima.
— Talvez uma reuniãozinha com música ajude a fazer com que ela goste de mim — Taehyung disse, abrindo um sorriso torto.
— Não, ela gosta de você. Ela só está... se ajustando.
Que boa maneira de explicar a situação.
— Bem, eu espero que ela não tenha traumas para o resto da vida. — Taehyung disse e nós dois rimos sem jeito, e lutei para não me lembrar de Taehyung nu pela décima vez.
— Ela vai ficar bem — eu disse, colocando o disco de volta na caixa. — Isso me lembra que é melhor eu ir. O tempo da leitura da Jisoo está acabando, e ela vai ficar chateada se eu não estiver em casa quando ela acabar.
Isso, e se eu ficasse mais tempo no apartamento de Taehyung, não podia garantir que não daria em cima dele.
— Certo, claro. Obrigado pela visita — disse, caminhando até a porta.
Quando saí, me virei para acenar meio desajeitado e dobrei a esquina da garagem, com o coração batendo rápido. Taehyung acenou de volta, sorrindo delicadamente e fechando a porta.
De volta a minha casa, eu tinha mais ou menos dez minutos antes que Jisoo saísse correndo do quarto, insistindo que não precisava mais ficar em silêncio. Usei esse tempo para reordenar meus pensamentos.
Já sabia que estava em apuros no que dizia respeito àquele ômega. Por mais que eu quisesse esquecer o que tinha acontecido entre nós, toda vez que estava perto dele, minha mente lembrava da imagem de seu corpo — e de senti-lo molhado e quente. E aquela coleção de vinil? Não estava ajudando em nada também. Ele era sexy e interessante. E morava a poucos metros de mim.
Eu tinha que encontrar uma solução para toda aquela energia sexual reprimida e rápido.
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Apenas por uma noite | Taejin
RomanceOnde Taehyung acaba de completar 30 anos e não quer nem pensar em ter um relacionamento sério. ou Onde Seokjin é pai solteiro de uma linda garotinha de quatro anos e está sozinho desde que ele e a filha foram abandonados pela mãe ômega da menina. ...