Capítulo 5

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SEOKJIN


Alguns dias depois de Taehyung confirmar que queria a casa, eu estava sentado na sala com Jisoo, lendo o jornal, enquanto ela montava o último conjunto de Lego que eu havia comprado. 

Olhei para Jisoo e não pude deixar de sorrir ao ver o olhar firme e determinado dela. Ela era muito boa em solucionar problemas e eu amava desafiar sua mente com diferentes brinquedos educativos e jogos. 

Ensinava que o fato de ela ser uma garotinha ômega não a restringia em nada. Que poderia ser o que quisesse e não tinha que obedecer a seus colegas alfas, como um deles uma vez disse a ela que deveria fazer. E muitas outras lições importantes da vida. Mas eu preferiria ter esperado mais vinte anos para ter com ela a conversa que tínhamos tido há algumas noites.

— Como está indo, querida? — perguntei, colocando o jornal no colo.

— Bom — ela respondeu, sem olhar para mim, colocando um Lego azul em cima do outro, com habilidade. Olhando para a estrutura na frente dela e a pilha de Legos a sua direita, ela cuidadosamente pegou uma peça vermelha e continuou o lento processo de decidir onde encaixá-la.

Eu ri e estava prestes a retomar a leitura das queixas sobre os pontos de ônibus da cidade, quando ouvi um estrondo baixo e um som alto e estridente na frente de casa. Colocando o jornal sobre a mesa de canto, eu me levantei e fui até a janela para ver o que estava acontecendo.

Uma van de porte médio estava estacionada na frente da minha casa. E assim que foi totalmente estacionada, de dentro dela saiu Taehyung, do lado do motorista, virando-se para ter certeza de que havia parado corretamente.

Meus batimentos cardíacos aceleraram ao vê-lo, e rapidamente desviei o olhar e sacudi a cabeça. Normalmente, eu não era o tipo de alfa que fica excitado só de olhar para ômegas na rua. Mas ao ver Taehyung novamente, depois dos momentos que havíamos compartilhado em seu aniversário... bem, digamos apenas que eu estava tendo dificuldade para não pensar besteira.

Passando os dedos pelos cabelos, eu me virei para chamar a atenção de Jisoo.

— Parece que nosso novo vizinho chegou com um monte de coisas. Devemos sair para conhecê-lo e ajudá-lo a carregar algumas?

— Nosso novo vizinho é ômega ou alfa? — Jisoo perguntou, com a voz alta e animada.

— Nosso vizinho é um ômega muito legal. Acho que você vai gostar muito dele — respondi, calmamente.

E imploro aos deuses para que você não o reconheça em plena luz do dia.

Jisoo deixou cair os Legos que estava segurando, e saiu correndo alegremente até o armário para calçar os sapatos. Enquanto eu ia até a porta e calçava meu tênis, comecei a entrar em pânico com a possibilidade de Jisoo reconhecer Taehyung, e da sua reação. Quais eram as chances de Jisoo ter conseguido ver o rosto de Taehyung? Jisoo não falava sobre o ocorrido há alguns dias, e parte de mim esperava que houvesse uma boa chance de ela ter esquecido aquilo para sempre. Ou pelo menos até ser mais velha e fazer terapia.

Nós saímos pela porta da frente e encontramos Taehyung abrindo a porta de trás da van, revelando pilhas e pilhas de caixas de papelão alinhadas na frente de um amontoado de móveis. À primeira vista, parecia muita coisa para uma pessoa, mas como eu poderia saber? Se eu e Jisoo nos mudássemos agora, precisaríamos de uma van com pelo menos o dobro do tamanho da de Taehyung.

Quando Jisoo e eu chegamos ao meio-fio, Taehyung já havia começado a sua tentativa de tirar as caixas da van, ficando na ponta dos pés para alcançar a mais alta. Seus dedos alcançaram apenas o fundo, e por mais que ele esticasse os braços, ficou claro que ele simplesmente não era capaz de alcançar a caixa. Fiquei parado ali, observando por um segundo a mais do que deveria, me divertindo com a luta dele e achando tudo uma graça, quando Taehyung se virou e nos viu ali de pé, olhando para ele.

Apenas por uma noite | TaejinOnde histórias criam vida. Descubra agora