SEOKJIN
Abri a porta do freezer e tirei uma caixa amarela de picolés, vasculhando as embalagens para encontrar o sabor certo. Jisoo tinha chegado em casa do hospital há alguns dias, e eu logo entendi que cores ela preferia. Ela não gostava muito do de uva e odiava o de limão, dos outros ela gostava bastante.
Meu olhar pousou em um picolé que parecia ser vermelho, então o tirei da caixa e levantei contra a luz. Através da embalagem fina, pude ver um leve tom vermelho. Aleluia. Morango era o favorito da Jisoo.
Entrei na sala de estar, onde ela estava enrolada em um cobertor grosso e felpudo no sofá, ainda vestindo o pijama e com o cabelo despenteado. Desembrulhei o picolé e o entreguei para ela, colocando um guardanapo em seu colo.
— Tenha cuidado para não começar a pingar — disse, prendendo seus cabelos atrás da orelha.
— Eu sei — ela disse, baixinho, sem tirar os olhos da televisão. Distraidamente, ela levou o picolé à boca, errando na primeira tentativa e sujando o queixo de vermelho.
Tirando o guardanapo de seu colo, limpei seu queixo e ri de sua distração. Os médicos tinham avisado que ela precisaria de muito descanso após a cirurgia, mas naquela manhã, percebi que ela estava um pouco melhor — pela forma com que ela estava encantada com seus desenhos animados. Nos primeiros dias em casa, ela mal conseguia manter os olhos abertos o suficiente para prestar atenção neles. Mas agora estava viciada novamente. Já sabia que teria que ser firme, para ela voltar aos horários normais quando estivesse recuperada.
— Vou pegar outro guardanapo — disse, beijando o topo de sua cabeça antes de voltar para a cozinha.
Acontece que não havia nada mais aterrorizante no mundo do que ter que levar seu filho para o hospital. Aprendi do jeito mais difícil. Mesmo depois de os médicos me assegurarem de que ela ficaria bem, que a sua cirurgia era totalmente rotineira e fácil, eu não conseguia deixar de me sentir impotente diante da situação.
Ficar sentado naquela sala de espera, enquanto estranhos abriam minha filha, sem poder fazer nada além de esperar e tentar não enlouquecer... Eu achava que era uma pessoa calma e racional, mas com base nos sentimentos caóticos que passavam pela minha mente durante esse tempo, estava começando a questionar tudo o que pensava sobre mim mesmo. A única coisa que não questionei? O fato de Jisoo significar tudo para mim. Ela era o meu mundo, era meu trabalho garantir que nada ruim acontecesse a ela. E ponto final.
Depois de pegar outro guardanapo, voltei para a sala e me sentei ao seu lado. Coloquei o guardanapo no colo, sorrindo para o fato de o picolé estar pela metade.
— Papai, podemos comer outra coisa que não seja sopa no jantar hoje? — Jisoo perguntou, ainda olhando para a televisão.
— O que você quer comer? — Fiquei tentando me lembrar dos alimentos que tínhamos. Estava fazendo o meu melhor para fazer refeições leves e nutritivas com o que havia.
— Podemos pedir pizza sem glúten? — Ela olhou para mim com os olhos largos e esperançosos.
Eu sorri. Parecia que alguém estava começando a se sentir melhor, afinal.
Alguns dias depois, ficou claro que Jisoo e eu precisávamos sair de casa. Tínhamos acabado com o estoque de picolés e nossa dispensa precisava ser abastecida. E por mais que amássemos passar horas juntos, eu sabia que ela queria ver o rosto de outra pessoa e ouvir outras vozes, pra variar. E eu sabia exatamente quem chamar.
Depois de alguns toques, a ligação foi atendida, e uma voz, da qual eu não tinha percebido sentir tanta falta, atendeu.
— Jin, oi. Como está Jisoo?
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Apenas por uma noite | Taejin
RomanceOnde Taehyung acaba de completar 30 anos e não quer nem pensar em ter um relacionamento sério. ou Onde Seokjin é pai solteiro de uma linda garotinha de quatro anos e está sozinho desde que ele e a filha foram abandonados pela mãe ômega da menina. ...