Capítulo 17

1.9K 212 41
                                    


Thomas virou o líquido âmbar no copo, fechando os olhos quando ouviu a porta do escritório ser aberta com um estrondo, seguido pela voz alta de Arthur. Ele só queria um instante de paz. Seu encontro no dia anterior com o Padre Hughes, o homem que o ligava a Section D e os russos não tinha sido nada bom. Ele odiava o homem e odiava mais ainda o fato de estar preso naquele esquema. Por um momento, ele gostaria de apenas apreciar o sabor do whisky, mas seus irmãos não permitiriam isso.

- O que foi, Arthur? – Ele disse sem se dar ao trabalho de erguer os olhos para o mais velho e colocou a bebida na boca.

Arthur pigarreou enquanto pensava em como iria contar o que tinha acontecido na noite passada. Ele olhou de esguelha para John, que tinha, como de costume, um palito na boca, em busca de apoio. No entanto, o outro encarava o teto encostado na parede ao lado da porta fechada. Thomas percebeu instantaneamente que alguma coisa estava errada e virou-se para encarar os irmãos.

- O que aconteceu?

Seus olhos azuis analisaram John, que continuava na mesma posição, e em seguida Arthur, que desviou o olhar para o chão.

- Vou perguntar de novo. O que aconteceu? – Seu tom era inflexível, mas a raiva já borbulhava sob sua pele.

- Tommy... – Arthur começou mordendo o interior da bochecha – Ontem à noite, Michael levou Mary ao Garrison.

Thomas ergueu as sobrancelhas, surpreso. Definitivamente, não era isso que ele estava esperando.

- Ela queria conhecer o lugar, foi o que ele disse. – John completou.

O líder dos Peaky Blinders balançou a cabeça indignado:

- Qual o problema com dizer não? – Ele virou o resto do conteúdo do copo de uma vez, se servindo de mais uma dose – A porra de um cachorrinho – Murmurou – Suponho que eles tenham ido embora rápido? – Acrescentou mais alto.

- Bem... – Arthur pigarreou – Não exatamente.

- Não exatamente?

- Estávamos todos alterados, Tommy.

- Bem... – Thomas soltou o ar exasperado – Ela não viu nada que não deveria, viu?

- Não, não, Tommy. – O irmão mais velho garantiu – Só nos divertimos.

O outro assentiu.

- E você John? Não tem nada a dizer, ey?

John deu de ombros.

- Esme gosta dela agora.

Thomas soltou uma risada.

- Ela gosta?

- Sim. Achei que voltaria a xingar ela quando estivesse sóbria, mas disse que ela é até legal para uma riquinha hoje de manhã.

Tommy voltou a assentir, incrédulo, antes de terminar seu whisky.

- Bem, então agora todos gostam da lady. – Disse – Só mantenham na porra da cabeça de vocês que ela não pode saber dos negócios ilegais, ey?

***

O ruído das canetas raspando nos papéis era o único som que podia ser ouvido na grande sala de jantar dos Shelby. As duas mulheres não haviam trocado nenhuma palavra nos últimos quinze minutos, aparentemente ocupadas em escreves os convites espalhados pelo tampo de madeira escura da mesa.

- Eu não acredito que você foi àquele lugar. – A loira murmurou.

- Grace. – A lady Dudley a repreendeu lançando um olhar aborrecido a amiga.

Grace e Mary - Thomas ShelbyOnde histórias criam vida. Descubra agora