Quando Thomas ouviu o som de um carro se aproximando, ele já sabia quem era. Era como se aquelas manhãs de domingo nos estábulos tivessem sido marcadas com a presença dela. Apesar disso, ele continuou onde estava, que, por ironia do destino, era na baia da égua marrom que ela tanto gostava.
Enquanto terminava de acomodar o feno no devido lugar, o barulho do motor do carro parou e, em seguida, veio o estrondo de uma porta batendo. Thomas se ergueu, retirando a sujeira da palma de suas mãos e se virou a tempo de vê-la passar pela égua, seus olhos esquadrinhando o local até pararem nos dele.
- Mary. – Ele a cumprimentou, pigarreando em seguida.
O Shelby não pode deixar de notar como ela balançou a cabeça, receosa, antes de devolver o cumprimento.
- Thomas. – Ela deu um meio sorriso – Esperava te encontrar aqui.
- Bem, você me achou. – O homem respondeu, desviando o olhar para o sobretudo, retirando algumas folhas que tinham grudado no tecido.
Mary apertou os lábios, como usualmente fazia quando estava nervosa.
- Gostaria de conversar com você.
Ela sabia que estava sendo formal demais, outra mania que tinha quando se sentia ansiosa, mas quando Thomas ergueu seus olhos azuis gélidos para ela, se aproximando ao sair da baia, ela se repreendeu por não ter escolhido melhor suas palavras.
- Você gostaria de debater minha fidelidade outra vez? – Seu tom era tão frio quanto seus olhos e a Dudley sentiu suas bochechas se enrubescerem de vergonha.
Ela não imaginava que ele fosse ser tão direto, ou que ainda estivesse tão chateado, especialmente pela maneira cordial com que tinha levado as coisas. Mas Thomas Shelby não era como as outras pessoas e não era tão simples assim entender suas ações.
- Não. – A negativa mal passou de um sussurro, e era como se ela tivesse voltado no tempo, quando seu tio a repreendia, mas ela não abaixou a cabeça – Eu gostaria de me desculpar. Meu comportamento foi... tenebroso.
Ele ergueu uma sobrancelha, impassível:
- Tenebroso?
- Sim. Eu não deveria ter insinuado aquelas coisas... por mais que eu me preocupe com Grace, não deveria ofender sua honra de tal maneira.
Thomas se limitou a assentir, colocando a boina que estava no bolso do casaco na cabeça.
- Eu acho... – Ele disse, retirando a cigarreira do bolso – Que esse foi o pedido de desculpas mais formal que eu já recebi em toda minha vida, ey.
Mary não conseguiu conter uma risada nervosa:
- Então estou perdoada?
O Shelby a analisou enquanto acendia o cigarro e dava um tragada.
- Já ofenderam minha honra de formas piores, Senhorita Dudley.
Ela capitou uma sombra de sorriso nos lábios dele e se permitiu sorrir mais abertamente.
- Obrigada, Thomas. – Ele balançou a cabeça novamente e Mary se permitiu desviar a atenção para o seu garanhão malhado duas baias mais a frente – Como ele está se comportando?
Thomas virou o corpo para encarar o animal.
- Bem. Curly acha que já será possível montá-lo em menos de um mês.
- Mal posso esperar.
Quando ela passou por ele para se aproximar do cavalo, o Shelby pode sentir o perfume dela através da fumaça. Baunilha e pimenta misturados com o cheiro de alguma outra fragrância.
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Grace e Mary - Thomas Shelby
RomanceO amor de uma amizade pode transcender tudo, até mesmo a morte? Grace e Mary são amigas desde que se conheceram no colégio interno, aos onze anos. Mais de uma década depois, as vidas das duas amigas haviam tomados rumos diferentes - Grace seguiu os...