Capítulo 12

1.8K 203 8
                                    

Como era habitual, Tommy se dirigiu aos estábulos na manhã de domingo. O vento frio que vinha do leste bagunçava seus cabelos e ele enfiou as mãos enluvadas nos bolsos do sobretudo. Assim que a sola de seus sapatos encontrou o chão coberto de palha de onde ficavam seus cavalos, ele parou, surpreso pela silhueta que encontrou lá dentro.

- Desculpe. – Mary disse – Grace falou que eu poderia passar aqui ontem, antes de ir embora.

A mulher estava próxima de uma linda égua marrom, a mais nova aquisição de Thomas, e passava a mão delicadamente por sua crina.

- Tudo bem. – Ele pigarreou, voltando a andar.

- Eu posso ir, se você quiser.

Thomas balançou a cabeça, se dirigindo a baia com seu garanhão negro mais velho, Montgomery.

- Fique à vontade.

A Dudley assentiu e os dois entraram em um silêncio confortável. O Shelby conferiu as ferraduras do cavalo, aproveitando para verificar se a quantidade de feno estava adequada. Satisfeito, passou os dedos pelo dorso do animal. Era bom saber que os seus cavalos estavam bem cuidados, apesar dele já não ter muito tempo para eles.

- Bom garoto, ey. – Sussurrou antes de sair da baia.

Pelo canto do olho, viu quando Mary passou para o cavalo seguinte, um pequeno potro. Ela abriu um lindo sorriso, se inclinado para ficar mais perto dele, algumas mechas dos cabelos negros caindo na frente do rosto.

- Não sabia que gostava de cavalos. – Thomas comentou, dando uma última olhada em Montgomery.

- Eu amo. – Ela respondeu – Costumava cavalgar durante todas as minhas férias em Durham. Deixei meu tio louco até ter meu primeiro pônei. – Riu.

O Shelby assentiu em silêncio. Ele deveria imaginar, não era estranho que os aristocratas ingleses gostassem de cavalgar, especialmente com a inclinação deles para a caça. Por um instante, Thomas se questionou se essa também era uma prática de Mary quando ela era jovem e se, portanto, sabia atirar.

- Pretende dar um pônei ao Charlie? – A pergunta dela o tirou dos seus devaneios.

- Sim. – Ele pigarreou, voltando a prestar atenção no cavalo seguinte, Lucky, que apesar de ser um pouco menor que Montgomery e ter o pelo branco, era igualmente imponente – Mas vou esperar mais um ano – Acrescentou.

- Ah, achei que poderia ser eu a lhe dar esse presente. – Mary respondeu com um leve desapontamento na voz – Mas acredito que vão ter outras coisas que ele queira. – Deu de ombros.

- Você gosta de mimá-lo, ey. – Thomas disse, entrando na baia para examinar Lucky mais de perto.

- Sim. – A mulher admitiu, elevando a voz para que ele pudesse ouvi-la – Acho que está dentro das minhas funções como madrinha.

Encurvado, com o olhar focado um uma das ferraduras do animal, Tommy se permitiu dar um pequeno sorriso.

- É, eu acho que está. – Murmurou para si e endireitou as costas, refazendo o mesmo processo que havia feito com Montgomery.

Quando terminou, franziu as sobrancelhas ao ver que a Dudley havia voltado a acariciar a égua marrom.

- Gostou dela? – Questionou, se permitindo observar a maneira com que ela afagava o animal calmamente, os olhos focados no que estava fazendo, como se não houvesse nada melhor do que aquilo.

- É uma linda égua. – Mary assentiu – Me lembra uma em especial. Minha última.

- Desistiu de ter cavalos? – Tommy aproveitou para tirar um cigarro do bolso, o acendendo em seguida.

Grace e Mary - Thomas ShelbyOnde histórias criam vida. Descubra agora