Lizzie Stark estava cansada. O que ela mais queria naquele momento, enquanto digitava rapidamente em sua máquina de escrever, era que seu patrão, Thomas Shelby, a deixasse ir mais cedo para casa. Ela não era de reclamar, especialmente quando Thomas a havia dado a oportunidade de sair da prostituição, oferecendo-lhe uma vaga como sua secretária, mas naquele dia, ela achava que sua cabeça iria explodir. A mulher suspirou, levando as mãos aos cabelos e fechando os olhos. Pelo menos o andar estava vazio, ela pensou, sem as altas conversas habituais que enchiam o lugar. Tirando mais um funcionário, que anotava alguma coisa em sua mesa, e Michael, que estava trancado em seu escritório desde a hora do almoço, ela estava sozinha. Lizzie não sabia o que o resto das pessoas havia ido fazer, provavelmente alguma coisa que Thomas precisava que estivesse resolvido o mais rápido possível, mas ela estava grata pelo silêncio.
Os barulhos de salto contra o chão fizeram com que a mulher erguesse a cabeça e se inclinasse para ver quem chegava. Mary Dudley abriu um sorriso assim que Lizzie botou os olhos nela e a secretária relaxou ao perceber que não era ninguém lhe trazendo mais tarefas.
- Olá, Lizzie! – Mary a cumprimentou, com seu tom feliz habitual.
- Olá, Lady Dudley. – Ela forçou um sorriso, ainda sentindo sua cabeça latejar – Quer que eu chame o Michael? – Perguntou, já se levantando.
- Não, não. – Dudley olhou para o grande relógio na parede – Eu estou adiantada. Posso esperá-lo aqui.
Lizzie voltou a se sentar soltando um gemido involuntário e levando a mão até a testa.
- Você está bem? – Mary se aproximou da mesa preocupada.
- Sim. É só uma dor de cabeça. – Lizzie tentou sorrir novamente, como se não fosse nada demais, mas sua voz tinha saído como um lamento.
A aristocrata franziu as sobrancelhas, sua preocupação aumentando.
- Não é melhor você ir para casa? – Indagou.
- Não posso. – A outra lamuriou.
- Eu... – Mary olhou para os lados, pensando em o que poderia fazer para ajudar – Tem uma copa aqui ou algo do tipo? Posso fazer um chá de camomila para você.
A secretária arregalou levemente os olhos, surpresa com a oferta.
- Você não precisa. – Disse – Eu só tenho que acabar de digitar isso aqui, de qualquer forma. – Apontou para a pilha de papéis ao seu lado, que pareceu bem alta para a Dudley.
- Eu vou ter que ficar esperando o Michael. – Ela deu de ombros – Posso muito bem fazer um chá para você.
- Eu... – Lizzie ruborizou, sem graça com a gentileza da mulher – Tudo bem então. – Cedeu – A cozinha fica depois daquele corredor. – Apontou para o final do andar.
Mary sorriu.
- Eu já volto. – Disse.
***
Quando Michael saiu de sua sala, ele não esperava ver Mary sentada na mesa de Lizzie, conversando amigavelmente com a secretária. Ele observou como elas sorriam uma para outra, como se fossem amigas de longa data, e franziu as sobrancelhas. Ainda o impressionava como Mary podia ser sociável, sendo gentil com qualquer pessoa a sua volta. Ele chegava a duvidar se algum dia ela poderia não ser simpática com alguém. Pigarreou levemente, querendo chamar a atenção das mulheres, e a Dudley abriu um lindo sorriso assim que percebeu sua presença. Michael sentiu o coração acelerar – ela estava sorrindo daquele jeito para ele.
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Grace e Mary - Thomas Shelby
RomansaO amor de uma amizade pode transcender tudo, até mesmo a morte? Grace e Mary são amigas desde que se conheceram no colégio interno, aos onze anos. Mais de uma década depois, as vidas das duas amigas haviam tomados rumos diferentes - Grace seguiu os...