- Você gostaria de mais alguma coisa, Lady Dudley? – Lucy perguntou após colocar a bandeja com chá e biscoitos em cima da mesa do jardim.
- Não, obrigada.
Mary estreitou os olhos, a luz do sol atrapalhando sua visão. Mais à frente, Charlie caminhava de mãos dadas com a babá.
- Está confortável?
- Estou. Obrigada, Lucy. – A Dudley fitou o pé, enfaixado com um tecido branco. Um mês até ela poder voltar a andar normalmente, o médico havia dito aquela manhã – Will já chegou com as muletas?
- Creio que não. Pedi que ele as trouxesse assim que chegasse, mas posso ir dar uma olhada.
- Isso seria ótimo. – Ela sorriu, voltando para o livro em seu colo enquanto a governanta se afastava.
"O bispo passara a tarde no quarto, trabalhando num livro que vinha escrevendo. Às oito horas da noite, interrompeu o trabalho para jantar."
- Olá!
Mary levantou a cabeça ao ouvir a voz de Esme.
- Aqui!
- Ah, achei você! – A ex-Lee disse, jogando a bolsa que carregava em uma cadeira antes de fazer o mesmo com seu corpo em outra – Que merda aconteceu com seu pé, ein.
Mary soltou uma risada – Esme não fazia rodeios.
- Boa tarde para você também. – Ela fechou o livro, fazendo a outra revirar os olhos enquanto procurava a cigarreira na bolsa – Aceita chá?
- Nah, acabei de almoçar. – A Shelby colocou um cigarro entre os lábios.
- Então, Thomas contou o que aconteceu?
- Tommy não conta porra nenhuma. – Esme acendeu um fósforo – Ele só me mandou vir.
- Ah, bom saber que sua visita foi uma ordem. – Mary zombou.
- Não seja ridícula. – Ela jogou a fumaça para cima – Eu mal tenho tempo para respirar. Se Tommy não tivesse me dado a tarde de folga hoje para vir, nem se eu quisesse conseguiria sair de lá.
A aristocrata franziu as sobrancelhas.
- Tem tanto trabalho assim na empresa?
- Na empresa e com as crianças. Porra, Tommy está louco pra caralho, jogando um monte de merda em cima de John e Arthur. Polly e eu estamos cobrindo os dois e eu não queria deixar as crianças só com as babás.
- Será que não tem como falar com ele? Talvez contratar mais gente?
Esme forçou uma risada.
- Falar com Tommy é falar com uma porta. – Forçou uma voz grossa – Os negócios têm que ficar entre a família. – Ela revirou os olhos – Ele não confia em mais ninguém.
-Sinto muito. – Mary encolheu os ombros.
Esme tragou o cigarro mais uma vez.
- Ah, porra, eu só queria cair na estrada. – Confidenciou, deixando o cansaço transparecer em sua voz.
- Cair na estrada? – A outra se inclinou para se servir um pouco de chá.
- É, é isso que nós ciganos fazemos. Queria cair na estrada com John e as crianças. Eu era mais selvagem, sabia? Não podia suportar a ideia de ficar em um mesmo lugar por muito tempo. Então eu me casei com John e ele prometeu que cairíamos na estrada de vez em quando. Fizemos isso uma vez. Queria fazer de novo. – Ela deu de ombros.
- Não podia suportar a ideia de ficar em um mesmo lugar por muito tempo? – Mary sorriu – Posso me identificar com isso. – Seus olhos foram para Charlie – Mas acho que também vou ter que me acostumar a ficar.
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Grace e Mary - Thomas Shelby
RomanceO amor de uma amizade pode transcender tudo, até mesmo a morte? Grace e Mary são amigas desde que se conheceram no colégio interno, aos onze anos. Mais de uma década depois, as vidas das duas amigas haviam tomados rumos diferentes - Grace seguiu os...