Capítulo 27

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- Você gostaria de mais alguma coisa, Lady Dudley? – Lucy perguntou após colocar a bandeja com chá e biscoitos em cima da mesa do jardim.

- Não, obrigada.

Mary estreitou os olhos, a luz do sol atrapalhando sua visão. Mais à frente, Charlie caminhava de mãos dadas com a babá.

- Está confortável?

- Estou. Obrigada, Lucy. – A Dudley fitou o pé, enfaixado com um tecido branco. Um mês até ela poder voltar a andar normalmente, o médico havia dito aquela manhã – Will já chegou com as muletas?

- Creio que não. Pedi que ele as trouxesse assim que chegasse, mas posso ir dar uma olhada.

- Isso seria ótimo. – Ela sorriu, voltando para o livro em seu colo enquanto a governanta se afastava.

"O bispo passara a tarde no quarto, trabalhando num livro que vinha escrevendo. Às oito horas da noite, interrompeu o trabalho para jantar."

- Olá!

Mary levantou a cabeça ao ouvir a voz de Esme.

- Aqui!

- Ah, achei você! – A ex-Lee disse, jogando a bolsa que carregava em uma cadeira antes de fazer o mesmo com seu corpo em outra – Que merda aconteceu com seu pé, ein.

Mary soltou uma risada – Esme não fazia rodeios.

- Boa tarde para você também. – Ela fechou o livro, fazendo a outra revirar os olhos enquanto procurava a cigarreira na bolsa – Aceita chá?

- Nah, acabei de almoçar. – A Shelby colocou um cigarro entre os lábios.

- Então, Thomas contou o que aconteceu?

- Tommy não conta porra nenhuma. – Esme acendeu um fósforo – Ele só me mandou vir.

- Ah, bom saber que sua visita foi uma ordem. – Mary zombou.

- Não seja ridícula. – Ela jogou a fumaça para cima – Eu mal tenho tempo para respirar. Se Tommy não tivesse me dado a tarde de folga hoje para vir, nem se eu quisesse conseguiria sair de lá.

A aristocrata franziu as sobrancelhas.

- Tem tanto trabalho assim na empresa?

- Na empresa e com as crianças. Porra, Tommy está louco pra caralho, jogando um monte de merda em cima de John e Arthur. Polly e eu estamos cobrindo os dois e eu não queria deixar as crianças só com as babás.

- Será que não tem como falar com ele? Talvez contratar mais gente?

Esme forçou uma risada.

- Falar com Tommy é falar com uma porta. – Forçou uma voz grossa – Os negócios têm que ficar entre a família. – Ela revirou os olhos – Ele não confia em mais ninguém.

-Sinto muito. – Mary encolheu os ombros.

Esme tragou o cigarro mais uma vez.

- Ah, porra, eu só queria cair na estrada. – Confidenciou, deixando o cansaço transparecer em sua voz.

- Cair na estrada? – A outra se inclinou para se servir um pouco de chá.

- É, é isso que nós ciganos fazemos. Queria cair na estrada com John e as crianças. Eu era mais selvagem, sabia? Não podia suportar a ideia de ficar em um mesmo lugar por muito tempo. Então eu me casei com John e ele prometeu que cairíamos na estrada de vez em quando. Fizemos isso uma vez. Queria fazer de novo. – Ela deu de ombros.

- Não podia suportar a ideia de ficar em um mesmo lugar por muito tempo? – Mary sorriu – Posso me identificar com isso. – Seus olhos foram para Charlie – Mas acho que também vou ter que me acostumar a ficar.

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⏰ Última atualização: Oct 31 ⏰

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Grace e Mary - Thomas ShelbyOnde histórias criam vida. Descubra agora