Capítulo 6

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Polly soltou lentamente a fumaça do cigarro e olhou para o filho de esguelha antes de voltar a encarar o sobrinho. Thomas era o chefe da família e havia chamado os Gray em seu escritório naquele dia, para o que Polly achava ser uma conversa de negócios. Aparentemente, ela estava errada.

Os três esperaram calmamente enquanto Lizzie terminava de entregar alguns papeis para Tommy e saía da sala, fechando a porta em seguida.

- Tommy... – Polly o chamou, vendo o sobrinho passar as mãos pelo rosto em um claro sinal de nervosismo.

- Que porra vocês estão pensando? – Thomas a interrompeu, a voz refletindo uma calma que ele não possuía.

Michael se mexeu na cadeira, desconfortável.

- Do que você está falando? – A Gray perguntou.

- Estou falando das investidas do seu filho na amiga da minha mulher. – O Shelby esclareceu, trincando os dentes.

- Ah, Thomas! Qual o problema? – Polly sorriu – Achei que a lady era velha o suficiente para cuidar de si mesma.

Tommy estalou a língua, insatisfeito, e se virou para o primo.

- Sabe que não vai colocar a mão no dinheiro dela, não sabe?

- Eu não ligo pra porra do dinheiro dela. – Michael respondeu ofendido.

Thomas assentiu.

- Ah, é? E o que te interessa então? Você quer comer ela, é isso?

- Vá se foder, Thomas! – O Gray o xingou, pela primeira vez desde que tinha voltado para a família.

O Shelby riu, incrédulo.

- Deixe-os se divertirem, Thomas. – Polly disse, voltando a tragar o cigarro.

- Vocês não vão ferrar as coisas com a madrinha do meu filho. – Tommy apontou o dedo para Michael – Deixe o seu pau dentro da porra das calças.

- Acho que Mary é grande o suficiente para decidir o que quer. – O Gray retrucou.

Thomas se levantou da cadeira, batendo as mãos no tampo da mesa com força.

- Ela é conhecida da metade da aristocracia inglesa, o rei sabe o nome dela, porra!

- Ela frequenta sua casa. – Polly deu de ombros.

- Isso é muito diferente de se envolver romanticamente com ela, Polly. Eu sei disso, você sabe disso e o Michael aqui também, não vamos nos fingir de estúpidos, sim? – O Shelby apertou os lábios com força.

Fez-se um minuto de silêncio antes de Michael se pronunciar:

- Eu nunca contaria nada a ela.

Thomas riu.

- Não, não. – Ele se virou para pegar um copo de whisky, desistindo de ter aquela conversa sóbrio – Mas então, você vai dormir com ela e acordar com ela, e Deus e toda Small Heath sabe que você vai estar de joelhos por ela antes do contrário acontecer.

- Você acha que eu sou fraco, é isso? – O rosto de Michael ficou vermelho com a raiva que ele sentia.

- Eu acho... – Thomas se serviu do whisky – que ela é uma mulher inteligente, carismática, muito bonita e ainda mais rica. E você saiu do sítio do Pica-Pau amarelo que vivia com seus pais adotivos há dois anos. Aquela mulher, Michael, curvaria homens bem mais experientes que você. Diga a ele, Pol.

O Gray se virou para a mãe, esperando que ela ficasse do seu lado. Polly encarou Thomas durante um tempo antes de dar de ombros e voltar o olhar para o filho.

Grace e Mary - Thomas ShelbyOnde histórias criam vida. Descubra agora