5 dias depois do início

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Eduardo olhou desinteressado para a porção de moedas antiquíssimas expostas em redomas de vidro. Faltar a passeios de escola era praticamente uma tradição para ele, mas isso mudou no momento em que soube que Sofia estaria lá, naquele evento escolar entediante. Aquela era a chance de tentar apagar o fiasco de sua primeira aproximação.

Olhou para a garota de longe, pensando no que poderia dizer, quando chegasse perto dela. O guia da exposição falava sobre o contexto histórico e político de alguma coisa, mas Sofia não parecia muito interessada.

Era a hora. Ele se aproximou da forma mais casual que pôde e comentou:

— Achei que esse fosse o seu lance, mas pelo visto eu me enganei.

Sofia sorriu, parecendo intrigada. Assim que Edu chegou perto, ela fechou o zíper do casaco que usava, como se aquilo fosse um escudo contra ele.

— Meu lance?

— É, achei que você gostasse dessas coisas de museu, sabe, desses rolês de gente culta.

— A gente se conheceu há três dias, não daria pra saber do que eu gosto ou não.

— Cinco dias, para ser exato — corrigiu Edu.

Ele a divertia, dava para ver na cara dela.

— Eu até gosto de museus... Mas não de exposições sobre dinheiro antigo. Até a arquitetura desse edifício é mais interessante do que a exposição em si. Quantos andares você acha que tem o prédio?

— Ahm... Uns vinte andares? — respondeu Eduardo, confuso.

— Deve ser, é um prédio bem alto. — Os olhos dela brilharam de empolgação, examinando tudo ao redor.

Ela começou a se distanciar discretamente da massa de alunos e professores entretidos com a exposição.

— Quer saber qual é o meu lance?

Eduardo sentiu seu coração acelerar um pouquinho. Queria saber tudo sobre ela no menor intervalo de tempo possível. Em resposta, apenas a seguiu enquanto ela saía do local sem ser notada, dirigindo-se ao elevador do prédio. Um dos elevadores estava quase fechando e Sofia entrou nele mais que rapidamente, seguida por Edu.

Enquanto a garota apertava o botão de número 22, que correspondia ao último andar, Eduardo torceu para que ninguém tivesse visto aquela fuga. Um homem de cara fechada olhou para eles com estranhamento, mas saiu do elevador poucos andares depois, deixando-os a sós.

— Então seu lance é sair de fininho dos lugares pra poder andar de elevador? — perguntou Edu.

Quando as portas do elevador se abriram, Sofia saiu rapidamente e passou pelo corredor vazio do último andar, entrando, sem hesitar, por uma porta onde se lia "ENTRADA SOMENTE PARA PESSOAL AUTORIZADO".

Ele não fazia ideia de que raios ela estava pensando, mas simplesmente precisava segui-la. Encontraram uma escada. Sofia, mais que prontamente, começou a subir por ela. Ao fim da pequena escada, havia outra porta, que dava para a cobertura do prédio.

Na cobertura, Eduardo percebeu qual era o lance de Sofia.

— Você gosta de lugares altos? — ele perguntou, enjoado.

— Na verdade, eu gosto da paisagem que pode ser vista de lugares altos. Gosto de poder ver pedaços maiores do mundo, sabe? — ela explicou, aproximando-se mais da beirada do topo do prédio.

Não havia cerca, não havia muro. Dali de cima, parecia ser possível ver a cidade inteira, com suas centenas de prédios, casas e árvores. Os carros passando pela rua, lá embaixo, pareciam de brinquedo. A altura deixava Edu nauseado.

Sobre o fimOnde histórias criam vida. Descubra agora