— Eu escolho o nome dos meninos, e você, o das meninas.
— Você está com ideia fixa nesse lance de filhos, né, Edu?
— É que eu fico imaginando — disse ele, de um jeito brincalhão, apertando as bochechas de Sofia — uns quatro bebês com essa sua carinha linda. Parece uma ideia ótima.
Ela riu alto.
— Meu Deus, Edu, você viaja, hein.
— E então? Já escolheu algum nome?
— Eu não posso dizer os nomes fictícios dos nossos filhos fictícios.
— E por quê não?
— Porque, obviamente, isso iria destruir os seus relacionamentos futuros.
Edu olhou para ela com uma expressão confusa. Sofia sorriu e explicou:
— Visualize comigo: vamos supor que eu diga que a nossa filha vai se chamar... Sei lá, Isadora. Então, depois que eu morrer, você vai encontrar uma mulher interessante, que não é uma Sofia da vida, mas vai servir. Aí, vocês vão se casar e vão ter uma filha, que você vai insistir que se chame Isadora. A sua futura mulher nem gosta muito desse nome, mas você vai insistir tanto que ela vai acabar concordando. A Isadora vai crescer, se tornar uma menina linda, e aí, quando você estiver comemorando o seu décimo aniversário de casamento, a sua mulher descobre que a menina só se chama Isadora por minha causa. Ela vai perceber que eu sempre fui o seu verdadeiro amor e que você só se casou com ela para tapar o buraco causado pela minha ausência, vai ficar indignada e vai te abandonar, levando embora a Isadora e metade dos seus bens.
Um breve silêncio se instaurou, mas foi quebrado pelo som da risada de Sofia.
— Você é uma chata que não sabe brincar — murmurou Eduardo.
Ela o abraçou e beijou a bochecha dele.
— Fazer o quê, é a verdade, você vai encontrar outra pessoa, um dia. Eu não gosto da ideia, mas é a vida. Queria poder ficar com você por mais tempo.
Meu Deus, ela devia gostar de torturá-lo, brincando sempre com aquele assunto horrível, falando sempre sobre o fim.
— Nunca vai existir ninguém como você, Sofia. Nunca.
— É claro que não, bobinho. Não existe ninguém como eu. Mas você vai achar uma substituta. Nem vou garantir que vai ser uma boa substituta. Talvez seja uma substituta de quinta. Mas ela vai te fazer feliz, e te dar filhos lindos, e vai dar tudo certo.
Ela deu uma risadinha.
— Só estou de zoeira, Edu. Já parei.
— Você é bem ruim às vezes, sabia?
— Sabia.
Ela puxou o rosto dele para mais perto e o beijou longamente.
Edu podia escutar o próprio coração batendo. Não dava pra perder aquela menina. Era melhor ele dar um jeito de arranjar um rim o quanto antes.
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Sobre o fim
Teen FictionEduardo tem vários medos, mas nenhum se compara ao pânico de perder sua namorada, Sofia, que enfrenta uma doença em estágio terminal. Entre o medo e a coragem, a beleza e o caos, o fim e o início vão se entrelaçando ao longo da história de amor vivi...