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Um ano depois...

Os alunos termiram o ensino médio e agora, estavam com dezoito anos e teriam que fazer pós-graduação na universidade.

A maioria da turma continuou a estudar na mesma universidade, só que em salas e turnos diferentes: os mais velhos, passaram para a noite, enquanto que os mais novos, permaneceram de manhã e alguns a tarde.

Estando todos na cantina, a comerem seus lanches, as meninas conversam entre si, sentadas à mesa.

Distante dali, em outra mesa, estavam Carlos, Jeremias, Fernando e Cássio. Eles também conversavam e riam.

Estava tudo normal até um grupo de rapazes altos entrarem em cena. Todos olhavam para eles, pois pareciam serem os donos do pedaço.

O que parecia ser o líder deles, era branco, cabelos loiros e bonito. Havia um de cabelo castanho, um de cabelo preto e o outro era ruivo.

Eles furaram a fila e quem reclamava, era ameaçado por eles. Ninguém ousava se meter com esses caras.

- Carambolas! - Carlos exclama ao ver todo aquele "poder" - Estão vendo isso? Eles são tão descolados!

- Não vejo nada de mais nesses caras. - Jeremias responde.

- Como não?! Daria de tudo para ser que nem eles. - Carlos fala.

- Bobagem! - Cássio diz incomodado.

Os rapazes percebem que estão falando deles e aproximam-se da mesa em que eles estão.

- Aí vem eles! - Fernando sussura.

- O que é que os bobalhões tanto cochicham, heim? Posso saber? - O líder pergunta irritado.

- Ah... n-nada... É só que... - Cássio começa a gaguejar de medo.

- Só estávamos dizendo o quanto achamos vocês descolados. - Carlos explica.

Eles riem.

- Há quem já nasceu para isso. Não digo o mesmo de vocês com essas roupas simples. - O louro debocha e ri com os amigos.

- Ei! - Jeremias levanta-se - Realmente não temos tanto dinheiro como vocês, mas pelo menos não somos ignorantes e nem arrogantes que nem vocês!

- Olha só... O pixaim defendendo os amiguinhos. - O trata com racismo.

Todos fazem silêncio.

- Essa foi boa! - Um deles diz, enquanto ria.

Jeremias saiu dali sem dizer nada.

- Que bebê chorão...

Eles vão embora e ninguém ousa encará-los. Todos fingem que não presenciaram o ato de racismo ali.

Até mesmo a servente ficou de cabeça baixa, pois ela também era negra.

- Ainda quer ser como eles, Carlos?! - Seus amigos lhe perguntam bravos e vão atrás de Jeremias.

À tarde... 🌤

Foram até a casa de Jeremias para falarem com ele. Quem havia atendido a porta foi sua mãe, uma afrodescendente muito gentil e linda, como todas são. 

Ao entrarem no quarto do amigo, ele estava deitado na cama e parecia triste.

- E aí, cara?

- Como está?

Os amigos esperam uma resposta.

- Preconceito ainda é um tabu e sempre que acontece, é como se nos apunhalassem. O Leonardo se acha melhor que os outros, só por ser branco. Mas ele precisa aprender a respeitar os outros! - Senta-se na cama e olha para eles.

Para sempre juntos (TMJ)Onde histórias criam vida. Descubra agora