Se eu caio, te levo comigo.

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O dia está ensolarado e quente. O vizinho ao lado está chamando pelo cachorro dele aos gritos, pela janela do meu quarto observo a cena e reviro os olhos. São sete da manhã e Mattew está berrando a plenos pulmões, ele acena para mim quando me ver, me mostra a coleira arrebentada e dá de ombros como se pedisse desculpas pelos gritos. Seu cachorro deve ter escapado, não me surpreende, é a terceira vez na semana que isso acontece, mas pelo menos agora a coleira arrebentou e ele vai poder comprar uma nova e mais resistente.

Acabei de sair do banho e estou morrendo de calor. O uniforme do internato não contribui para o tempo quente; saia para as meninas, calça para os meninos, mas camisa social e um blazer preto para ambos os sexos. O emblema do internato fica bordado do lado esquerdo do blazer, na altura do coração, um símbolo dividido igualmente em quatro partes, no canto superior esquerdo preenchido na cor preto está o L bordado em vermelho que representa o nome do internato, do lado superior direito, preenchido na cor vermelho fica um livro aberto e deitado bordado na cor preto, no canto inferior esquerdo e preenchido pela cor vermelho estão duas tochas cruzadas uma para cada lado, também bordadas em preto, e no canto inferior direito preenchido na cor preto e bordado em vermelho reúne o restante do nome do colégio em letras minúsculas.

Não gosto de usar a gravata vermelha que acompanha o uniforme, então nunca uso, ela costuma passar mais tempo dentro da minha mochila do que no meu pescoço. Prendo o blazer na cintura e me olho mais uma vez no espelho, fiz duas pequenas tranças com uma pequena mecha de cabelo, uma de cada lado do rosto. Passo um pouco de pó no rosto, brilho labial e desço as escadas. O aroma que vem da cozinha me faz sorrir, é o cheiro dos ovos com bacon da mamãe.

"Ah, meu amor", ela diz quando me aproximo para lhe dar um beijo no rosto. "Bom dia. Dormiu bem?"

"Uhum", digo e me encosto no balcão do armário. Minha mãe entra na cozinha e vai dar um selinho nos lábios da mamãe antes de se sentar à mesa. "Estou morrendo de fome."

"Está quase pronto, filha", mamãe me diz.

"Posso preparar o seu prato", minha mãe interfere, levantando da mesa para colocar waffles e panquecas dentro de um prato para mim. Me sento à mesa observando ela fazer isso, as coisas realmente mudaram depois daquele dia. Do dia que eu tentei me matar. "Leite ou suco?"

Todos os dias, quando me olho no espelho, fico feliz por não me parecer em nada com a minha mãe, a única coisa que temos em comum são os olhos verdes, mas até nisso os meus são diferentes, bem mais claros que o dela. Sou tão branca que minhas bochechas são rosadas, o formato do meu nariz é igual ao do papai e sou loira. Nada em comum com a minha mãe. Papai disse que herdei isso da vovó, mas a vovó pinta os cabelos loiros para esconder os fios brancos, então não estão mais naturais.

"Hum...", aponto meu dedo entre a jarra de suco e de leite sobre a mesa, indecisa entre os dois. "Acho que... suco", minha mãe pega a jarra de suco e me arrependo quando olho para a jarra de leite. "Não, não. Leite. Quero um copo de leite."

"Apolo vai para o colégio com a gente?", minha mãe pergunta.

Com o garfo e a faca corto um pedaço de panqueca e jogo um pouco de mel por cima.

"Não", respondo. "Acho que ele vai com a Lynn."

O café da manhã é tranquilo, mamãe vai se atrasar para o trabalho hoje porque quer me levar ao colégio. Minha mãe é quem vai dirigir e depois de me deixarem no Lewis H. High School, ela vai deixar mamãe no hospital e vai para a empresa. Estou com saudades do papai, nos falamos ontem por ligação, mas foi muito rápido. Mamãe me pergunta como vão as coisas com Apolo, desconverso e mudo de assunto falando sobre o namoro de Lynn com o meu professor de álgebra, ela não fica surpresa e me questiono se ela já estava sabendo e não me disse nada para não me deixar triste. Minha mãe fica feliz, ela ama tanto a Lynn que parece que queria ter ela como filha e não eu.

Internato Lewis (Spin-off de L.A)Onde histórias criam vida. Descubra agora