Mais importante do que dinheiro.

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Kenna

Estou esperando Eliza do lado de fora do internato a mais ou menos quinze minutos. Não sei se a sua demora é só para me irritar ou se houve um imprevisto no caminho, então aguardo, porque é tudo o que eu posso fazer. Christian está em pé ao lado do carro, mascando um chiclete. Bessie me deu permissão de novo para sair do colégio, menti para ela dizendo que queria ver como o meu pai estava, não sei se ela acreditou porque o vi ontem, mas não me fez nenhuma pergunta.

"Se eu soubesse que você ia sair hoje, teria pedido permissão aos meus pais para sair também", diz Carrie, se aproximando do portão, do lado de dentro do internato. "Aí a gente poderia fazer alguma coisa juntas."

Não tem nada mais chato do que alguém que não sabe ouvir um não.

"Tenho coisas importantes para fazer", digo, desinteressadamente.

"Com aquela sua amiga gorda?"

Congelo com suas palavras. Eu nunca tinha visto Carrie se referir a qualquer garota dessa forma, pelo contrário, a sua fama é de que ela é tão galinha que sai cantando qualquer rabo de saia que aparece pela frente. E pelo visto, ela é do tipo que cospe no prato que come.

"Carrie, vai se foder", cuspo as palavras.

Ela cruza os braços teimosamente no peito. "Ô, desculpa. Não quis ofender. Não é por isso que a galera militante luta hoje em dia? Pela normalidade? Da última vez que chequei não tinha problema nenhum chamar alguém de gorda."

"Você fez isso de forma pejorativa."

"Não foi assim que eu falei."

"Beleza."

"Qual foi, Kenna? Não precisa ficar chateada, não falei nada demais."

"Nada demais? Você chamou a Alisson de gorda."

Eliza aparece com uma roupa de couro preto. Calça, botas e a jaqueta de couro da minha mãe que eu emprestei mais cedo. Ela se aproxima e parece rir quando vê Carrie, mas quando seus olhos finalmente encontram os meus, ela encara Carrie furiosa. "Algum problema?"

Carrie dá um sorriso fingido tão convincente quanto deveria ser. "Nenhum da sua conta."

Pela forma como Eliza aperta os dedos, tenho a sensação de que ela queria estar estrangulando Carrie. "Por que não dá o fora daqui? Ninguém gosta dessas suas cantadas baratas de caminhoneiro."

Eu nunca pensei que Eliza seria capaz de me defender, mas ali está ela, seja para ganhar a minha confiança ou só porque está caçando outra pessoa para poder destilar todo o seu veneno.

"Isso foi meio homofóbico, não acha?"

"Ah, me desculpe. Achei que era por coisas assim que a galera militante estava lutando; normalidade, liberdade de expressão e essas coisas. Mas você não liga, não é, Carrie? Quero dizer, da última vez que chequei, era meio que engraçado fazer esse tipo de piadinha."

Um músculo pulsa no maxilar de Carrie. "Homofobia não é engraçado."

"Gordofobia também não."

Abro um sorriso quando Eliza passa por mim, levantando a mão para um high-five. A minha palma encontra a sua e quase dou risada quando Carrie vai embora se esforçando para não explodir de raiva.

"Desculpa", me diz ao entrar no carro.

"É, eu estava quase indo te buscar lá dentro. Pensei que tinha dado para trás."

Eliza balança a cabeça. "Não. Não por isso. Pelo que eu falei a Carrie. Ela disse que foi homofóbico, eu não quis ofender ninguém."

"Não me ofendeu", digo e, surpresa e respeito assume seu rosto enquanto a encaro. Sinto alguma coisa. Vontade de dizer Obrigada? É o que ela merece, mas não faço isso. "Está pronta?"

Internato Lewis (Spin-off de L.A)Onde histórias criam vida. Descubra agora