Culpa é para gente insegura.

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Fallon

Lá fora, eu ainda podia ver Apolo e Eliza conversando. Ele encostado contra o capô de um carro e ela entre as pernas dele, examinando a mão enfaixada pelo corte da garrafa que ele usou para ameaçar o meu pai ontem. Apolo me defendeu ou me protegeu, não sei dizer, ainda não consegui digerir direito o que aconteceu, porque a única coisa que eu estava esperando de Maxwell Hastings naquele momento era um belo de um soco na cara ─ e um nariz quebrado.

Apolo gosta dela... de Eliza. Dá para ver na forma como ele encara o rosto da inimiga número um de Kenna enquanto ela vira cuidadosamente a mão dele de um lado para o outro, verificando se está tudo bem e se não há nenhum sangramento, quase como se aqueles olhos de víbora pudessem ver além da faixa. Eliza nem se dá conta dos olhares, Apolo puxa a mão com certa brutalidade da dela antes de sair dali e vir na minha direção, o rosto meio corado por eu ter flagrado aquela cena.

As portas da escola se abrem. Eliza ignora a minha presença andando ao lado do deus grego, nenhum cumprimento. Garotas como ela sempre são obcecadas por caras como ele, me pergunto se eu teria uma queda por Apolo caso fosse hétero, diferente da maioria dos garotos, ele não é o típico bad boy, o carinha errado que só faz coisas erradas; ele faz umas merdas muito erradas, mas Apolo é... fofo.

Eliza segura a mão boa de Apolo e os dois param no meio do corredor. "Você não vai me ignorar para sempre, ou vai?"

Me encosto na parede, com uma perna dobrada e o tênis ali, sujando a parede impecável do internato. Me afasto um pouco dos dois, abaixo a cabeça e finjo mexer no celular, não quero que eles pensem que sou uma enxerida, mas deixo meus ouvidos bem atentos.

"Já disse que não gosto dessa sua rixa com Kenna", Apolo fala, a voz firme. "Pegou pesado, Eliza. Nas merdas que falou, que espalhou e..."

"Eu parei, isso não conta?", argumenta, e baixo um pouco o óculos escuros no osso do nariz para olhar os dois pombinhos. "Apolo, eu posso denunciar Kenna e Fallon a qualquer momento para a diretora, sabia? Fiquei responsável por ficar de olhos nas duas caso as coisas esquentem, e, olha só, oportunidade é o que não me falta."

Sorrio comigo mesma, devo ter feito Kenna soltar uns gemidos algumas vezes com a desculpa de que era só para irritar Eliza, mas a verdade é que eu só queria provocá-la. Kenna e eu desconfiávamos sobre o motivo pelo qual Eliza ainda não tinha aberto a matraca para a diretora, e motivo estava ali; loiro, de olhos azuis e um temperamento complicado.

"Eliza, eu não vou te agradecer por fazer a coisa certa."

"Apolo."

Eu pisco, tentando não demonstrar horror no que estou vendo com os meus próprios olhos: Eliza Brooks beijando Apolo. Ambas as cabeças, os dois pares de olhos de cores distintas, me encaram depois de eu soltar um assobio involuntário.

"Desculpa", Eliza murmura, e me mostra o dedo do meio dela. Eu poderia gostar de Eliza se ela não tivesse vindo ao mundo destinada a tornar a vida da minha namorada num verdadeiro inferno. Ela olha para Apolo. "Não quero que você me agradeça por nada, mas... cacete, para de ser tão idiota!"

Isso poderia ser um sinal para eu cair fora, mas ao ver Apolo enfiar as duas mãos dentro dos bolsos da calça, os ombros se moverem para a frente num indício de quem não está nem aí, a minha atenção é totalmente deles.

"Idiota é você, porra."

"Não sou eu quem está trepando com uma aluna do terceiro ano", Eliza alfineta. Uma risadinha escapa da minha garganta e acho que Eliza vai me matar quando seus olhos encontram os meus, mas ela desvia o olhar antes de eu ter certeza. "Não quer me perdoar pelo o que fiz para a sua sagrada Kenna? Ótimo. Eu posso gostar de você, mas não vou ficar me rebaixando por isso, me amo demais para correr atrás do que posso encontrar em qualquer garoto desse colégio."

Internato Lewis (Spin-off de L.A)Onde histórias criam vida. Descubra agora