Por favor, por favor, por favor, me deixe ter o que eu quero.

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Kenna

Banks tem sete meses de idade e é mais estilosa que eu.

Esse não é o tipo de coisa que eu vou admitir para qualquer pessoa, então eu meio que digo só para ela, bem baixinho em seu ouvido. Reagan está preparando umas panquecas para mim, vim tomar café da manhã com elas hoje, pois só falta uma semana para eu ir para Nova Iorque. Reagan ainda está tentando digerir a ideia, o assunto é bem delicado para ela.

Banks está usando um conjuntinho muito fofo. Uma legging preta e uma blusa moletom rosa-salmão com a estampa de uma gatinha. Dou um beijo na bochecha dela, pois a minha vontade é morder até arrancar um pedaço.

Reagan coloca três panquecas no meu prato, fico com vontade de falar para ela que agora eu como cinco e não três, mas guardo essa informação para mim. Talvez eu só coma cinco porque Eliza não me deixa sair de casa sem comer o suficiente.

"Café da manhã em família, é?", Bessie me abraça por trás, depois me dá um beijo no rosto e pega Banks dos meus braços. "Você é a coisinha mais linda da mamãe, sabia?"

Pelo jeito como pisca para mim depois de dizer isso, fica bem claro que a coisinha mais linda dela sou eu. Pisco de volta.

"Antes que pergunte, ainda estou trabalhando na livraria. Hoje é só o meu dia de folga", esclareço. "Aliás, qual foi o resultado dos meus exames de rotina? Vocês pediram para eu ir até o hospital na semana passada, mas não comentaram nada depois."

Reagan e Bessie se encaram.

"Tudo certo, querida. Os exames apresentaram um resultado positivo", Reagan responde, prendendo o cabelo com uma presilha. "Desculpe por não ter te avisado como sempre faço, a mamãe está com a cabeça muita cheia ultimamente. Conciliar trabalho e um bebê em casa não tem sido uma tarefa fácil."

"Ei", digo, observando o quanto ela fica apreensiva. "Tá tudo bem, mamãe. Eu entendo que a Banks tem ocupado bastante do seu tempo."

Bessie dá uma conferida na cozinha, como que para garantir que estamos só nós quatro em casa. Ela senta no banquinho ao meu lado, e observo a sua falta de jeito para iniciar uma conversa que claramente quer ter. Espero que não tenha desistido de me deixar ir embora para Nova Iorque, uma das condições para isso foi que em todos os feriados e nas férias eu viesse visitá-las. Serena também prometeu que ficaria de olho em mim. Não tem nenhum motivo para ela voltar atrás na decisão. Ou tem?

Observo sua roupa. Ela está usando um shortinho moletom e sutiã de bojo. Esse sutiã não é dela, é de Reagan.

Ai meu Deus.

Corto um pedaço da minha panqueca com o garfo e a faca, preciso me concentrar em qualquer coisa que não seja no fato das minhas mães terem transado minutos antes de eu chegar em casa.

"Por Deus, mulher. Vista uma roupa", a voz masculina atrás de mim preenche a cozinha, me fazendo olhar para o homem a quem pertence. Bessie só o ignora. "Trouxe café."

Eu olho para as minhas mães com uma expressão desconfiada.

Bessie olha para o homem. Escuto ele se aproximar, o vejo colocar os copos de cafés da Starbuck em cima do balcão da cozinha e puxar um banco. Ele senta ao meu lado, pega uma maçã na fruteira e dá uma mordida.

"Kenna, esse é o Henry", Bessie me apresenta. "Um amigo meu de longa data."

Longa data? Então esse homem é um antigo cliente?

Nunca conheci um amigo de longa data da minha mãe. E pelo tipo de Henry, tento repelir todos os pensamentos que me vêm à cabeça. Preciso aprender a conhecer as pessoas do seu passado sem considerá-las uma possível ameaça ao casamento dela com Reagan. Quero parar de dificultar o nosso relacionamento, passei anos da minha vida fazendo isso.

Internato Lewis (Spin-off de L.A)Onde histórias criam vida. Descubra agora