Você e eu e a garrafa somos três esta noite.

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Kenna

A GENTE ESTAVA NA MERDA.

Eliza e eu bebemos a noite inteira, e foi triste até deixar de ser. O álcool faz isso com as pessoas. Consegui entender o porquê de algumas pessoas procurarem refúgio no álcool para esquecer os problemas e as dores. Eu não era esse tipo de pessoa. Quero dizer, eu sei que não é a coisa certa a se fazer, mas depois da minha conversa com Fallon, fazia sentido pegar toda a cerveja da geladeira e trazer para o meu quarto.

Ali, sentadas no chão, o álcool se tornou a nossa maneira de não lidar com as emoções. Eliza não queria encarar a realidade da sua relação com Apolo, que já não era mais um relacionamento havia muito tempo. Ela desistiu dele, eu a abracei e disse que era a melhor coisa que ela poderia fazer por ela mesma. E pareceu certo dizer isso, pareceu tão certo que, quando ela disse o mesmo para mim, eu achei que tinha exagerado.

Certo. Eu precisava seguir em frente. Mas eu não queria fazer isso deixando Fallon para trás. Eu não queria pegar a droga de um avião e ir embora dessa cidade sem o amor da minha vida.

Eu queria voltar no tempo e não ter suplicado para ela me pedir para ficar. Ou para ir embora comigo. Não foi assim que Reagan me criou. Não era assim que as coisas deveriam ser.

Dou mais um gole na minha cerveja, e me obrigo a parar de pensar em Fallon. Mas as garrafas vazias estavam bem ao meu lado, me lembrando que nem todo o álcool do mundo me faria recuperar metade da dignidade que perdi insistindo novamente em nós duas.

"Esse bebê seria tão amado", digo de repente, Eliza para de beber a cerveja na mesma hora e fica me encarando. "Sei lá, sabe. Eu amaria ele. Odiaria porque significaria que eu ia precisar trabalhar mais para poder arcar com todas as despesas, tipo fraldas, leite e todas essas coisas. Mas eu amaria esse bebê."

Ela franze o cenho. "Do jeito que você está falando, parece até que o filho seria seu."

Acho que eu teria gostado ou pelo menos teria fingido gostar de cuidar de uma criança, limpar as fraldas e acordar de madrugada todos os dias para dar mamadeira. A verdade é que eu não me importaria em fazer nenhuma dessas coisas por Eliza. Eu faria qualquer coisa por ela. Absolutamente tudo.

"Bom, eu não excluiria totalmente essa possibilidade."

Eliza fica quieta e depois cai na gargalhada. "Tá bom, paizão do ano. Você fica uma gracinha quando se importa comigo assim."

Eu meio que abro um sorriso para ela. É deprimente de tão vergonhoso. Só pode ser a bebida. "Você queria, né. O bebê."

Ela enrijece. "Não pelos motivos certos. Acho que vi esse bebê como uma oportunidade para o Apolo finalmente decidir ficar comigo, e não é essa a vida que eu quero para um filho meu. Não é assim que eu quero construir uma família. É idiota eu estar falando isso, mas eu quero ser amada sem que isso custe o esforço de alguém."

"Eu não me esforcei para amar você", argumento.

"Você fica meio brega quando bebe", fala, arrotando. "A cerveja deveria estar te deixando mais divertida e não um pé no saco."

Dou risada. "Acho que puxei isso da minha mãe."

Eliza assente. "É bem a cara da Reagan mesmo."

"Lembra quando fomos lá em casa e ela disse que a história estava se repetindo? Não vou mentir, achei que era a maior besteira, mas olha só para a gente agora. A própria Reagan e Meredith da nossa geração."

Ela se endireita no chão ao meu lado, a diversão indo embora do seu rosto repetidamente. "Reagan e Meredith já se beijaram alguma vez?"

Horrorizada, quase me engasgo com a cerveja. "Não, claro que não."

Internato Lewis (Spin-off de L.A)Onde histórias criam vida. Descubra agora