Com tão pouco para ter certeza.

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Não tive como escapar de passar o fim de semana com o meu pai, é quase de lei que os meus finais de semana sejam revezados entre a casa das minhas mães e a casa dele. Eu não queria vir para cá, mas não tive escolha depois do que aconteceu na semana passada. Com a discussão que houve entre eu e papai, minha mãe achou melhor me levar para casa dela, então dessa vez ninguém vai me socorrer. Essa casa foi o meu refúgio por um bom tempo, ainda lembro de quando tinha discussões com a minha mãe e eu pedia a papai para ir me buscar. O lado bom de ter pais separados é isso, dá para fugir de um deles usando o outro.

Eu não cresci com meu pai e minha mãe juntos, nunca os vi se beijarem e nem nada do tipo, também nunca os ouvi dizer que amam um ao outro. Quando nasci, um pouco depois, minha mãe se casou com Reagan. Às vezes me pergunto como teria sido a minha vida se meus pais nunca tivessem se divorciado, se fossem apaixonados, talvez fôssemos uma família feliz, mas o conceito de família parece errado sem a mamãe e eu não suportaria viver em um mundo sem ela.

"Danada!", Amara exclama, empurrando seu quadril levemente no meu. "Se Bessie soubesse teria um infarto. Posso testar?"

Dou risada. "Negativo", respondo, passando para ela algumas das roupas que estou tirando da mala. "Gosto de ter duas mães, você não vai tirar isso de mim."

Ela está sorrindo e dobrando as minhas roupas. Sempre que venho para a casa de papai, Amara tem esse olhar maternal sobre mim, meio que gosto disso porque sei que ela não suporta crianças — nunca suportou —, mas fui exceção na vida dela ao que parece. Ela e a minha mãe são amigas há anos e agora ela é casada com o meu pai, então não é como se ela tivesse tido outra escolha a não ser aprender a conviver comigo.

"Quer a minha opinião sobre o assunto?"

"Você era garota de programa, Evelyn", friso o nome como ela era conhecida e Amara me mostra o dedo do meio. "Se tem algo que você já fez muito nessa vida, foi sexo. Me diz, o sexo é tão bom assim quando é especial?"

"Ainda acho que você deveria ter esse tipo de conversa com uma das suas mães e não comigo."

"Elas ainda acham que sou virgem", dou a volta na cama e me sento ao lado dela. "Estou perguntando pra você. Você é a madrasta legal, lembra?"

Amara se joga para trás na cama, deitando sobre ela. Faço o mesmo, estamos lado a lado, mas ela está encarando o teto pensativa. Rolo de lado e apoio a cabeça na mão.

"Não quer que eu comece a te chamar de mãe, quer?"

Ela me olha, apreensiva. "Kenna, não me faça odiar você."

Amara ri, mas eu não abro um sorriso. Eu não ia chamar ela de mãe, mas saber que ela tem pavor que isso aconteça não é uma coisa legal de sentir. Ela se apoia no cotovelo e umedece os lábios.

"A sua pergunta me entristece, Kenna", ela começa, olhando dentro dos meus olhos. "Achei que Apolo era apaixonado por você e que te tratava como uma princesa."

"Não acho que um cara queira uma princesa nessas horas."

A minha primeira vez não foi com Apolo, foi com Vinnie, e apesar de ter sido no meu aniversário de quinze anos, não foi nada especial. Ele não disse como eu era linda, disse como eu era gostosa, o tipo de garota que ele queria foder até não conseguir foder mais. Gostava da maneira como ele me olhava, como aproveitava qualquer oportunidade para passar a mão em mim, a nossa química um com o outro era absurda. Eu não me arrependo de ter tido a minha primeira vez com ele, foi através disso que pude ensinar a Apolo tudo o que ele sabe hoje. A primeira vez de Apolo foi comigo e ele acha que a minha primeira vez foi com ele porque eu não tive coragem de dizer que eu não era mais virgem. Bom, eu ia dizer, mas ficou meio complicado quando ele disse que queria fazer isso com a garota que amava — no caso, eu —.

Internato Lewis (Spin-off de L.A)Onde histórias criam vida. Descubra agora