Adeus por agora.

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Logan

Carter só bebeu café o dia todo. Já são 20h. Eu meio que não sei se devo levar para ela um desses bolinhos que Reagan me trouxe, pois não posso deixar de culpá-la pela minha esposa quase ter perdido o nosso bebê. Estou irritado com Carter, com a vinda dela até Eugene, com a insistência dela com Meredith, mas seria errado dizer que não entendo o que ela esteja sentindo quando eu já passei por isso.

Já precisei esquecer Meredith anos atrás, quando eu desconfiava que ela gostava de Carter. Meredith nunca teria terminado comigo se eu não tivesse tomado uma atitude em relação ao que ela também sentia por Carter, não sei se por amor ou porque estar comigo era o que os seus pais sempre quiseram para ela.

Lanço um olhar furtivo na sua direção quando ela vai até a lixeira e joga o copo vazio. Carter parece querer pedir para alguém ir pegar outro copo de café, mas em vez disso senta na cadeira e cruza as pernas. Se eu quiser dar um bolinho para ela, a hora é agora.

Carter passa as mãos no rosto, é tão rápido que nem consigo ver o momento que as lágrimas caem dos seus olhos. Sinto vontade de dizer que ela pode ir para casa descansar, mas sei que não vai adiantar, ela não vai sair daqui até ter certeza de que Meredith e Evangeline estão bem.

Fazemos contato visual quando me aproximo oferecendo um bolinho. Ela não pega, olha para mim primeiro e só quando me sento ao seu lado é que ela decide pegá-lo e levar à boca. A primeira coisa que come em horas. Não sei exatamente o que é, mas estar perto dela sempre me causou um sentimento estranho. Pesado. Deve ser pelo fato de estarmos destinados a amar a mesma mulher.

Um dia ela teve a minha esposa e a amou, mas agora é a minha vez. E eu não vou deixar ela estragar isso.

"Como você está?", pergunto e ela me olha um pouco surpresa. Espero não estar parecendo forçado, nem sei ao certo porque estou perguntando algo para ela.

"Não menos pior que você", responde.

Finjo que uma mensagem acabou de chegar no meu celular e me dou conta de que ela não tira os olhos do corredor que leva até o quarto da minha esposa. Há um arrependimento no seu rosto, é como se a culpa fosse uma bactéria que está devorando-a de dentro para fora. "Eu não falei nada."

Carter fica comendo o bolinho por um tempo, não sei se é por fome ou porque não quer conversar comigo. "Seria melhor para você se eu fosse embora?"

Não respondo. Não acho que ela precisa ouvir as palavras saírem da minha boca, não cabe a mim expulsá-la daqui. Recosto na cadeira e fico olhando o lugar onde eu estava sentado minutos antes, temendo pela vida da minha esposa e filha.

"Não vou te mandar ficar longe dela."

"É. Foi o que eu pensei."

Eu olho para ela e fico em silêncio. Não sei como puxar uma conversa ou ir direto ao ponto. Não quero pegar pesado com as palavras, mas não consigo tirar da cabeça que se eu não tentar colocar um basta nisso, ela vai continuar. "Quando estudávamos, eu terminei com Meredith. Não sei por que fiz isso. Sabia que ela gostava de você mais do que amigas costumam gostar uma da outra, mas eu também sabia que ela estava confusa. Pensei em tudo o que tínhamos vivido juntos e fiquei esperando ela se dar conta disso também, porque não foi fácil, Carter. Nunca foi. Mas, então, com o tempo, ela foi ficando cada vez mais distante, ela estava ali e não estava. E eu sabia que era por sua causa.

O que eu acho que estou dizendo é que, eu sei como ela é quando está apaixonada por você. Fomos pouco sinceros um com o outro durante a adolescência, mas eu sempre soube decifrá-la. É claro que eu tenho raiva de você por ter voltado e por estar tentando interferir no meu relacionamento com ela quando eu nunca fiz isso quando foi a sua vez. Não foi fácil, Carter, e às vezes acho que eu devia ter insistido e não desistido, ou sei lá o quê.

Internato Lewis (Spin-off de L.A)Onde histórias criam vida. Descubra agora