A Bela e a Idiota.

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Kenna

Vejo minha mãe passar os braços em volta da cintura de mamãe e lhe dar um beijo no pescoço. Reagan sequer dá um sobressalto com o toque, como se estivesse acostumada durante os anos de casamento com aquele gesto carinhoso e silencioso da minha mãe.

Ela se recosta em Bessie, relaxando o corpo o máximo que consegue enquanto tenta despejar um pouco de suco no copo. Ela está sorrindo, um sorriso tão grande e tão contagioso que eu sorrio ao observar as duas. É esse tipo de coisa que eu quero ter daqui a alguns anos, é esse tipo de amor que eu quero viver até o resto dos meus dias. Tento não me precipitar com o futuro, mas é com Fallon com quem me imagino e até me pego pensando nos nomes que darei aos nossos filhos — filhos que ainda nem existem — depois de Amara perguntar as minhas mães se elas já escolheram um nome para o bebê.

Rafe parece nome de cachorro, mas é claro que eu não disse isso para nenhuma delas, vi a esperança e o desespero no olhar de mamãe para saber o quanto ela quer que seja uma menina. Banks, é assim que vai se chamar. Banks Lotrov Gray. Os dois nomes escolhidos começam com a inicial dos nomes delas, eu deveria sentir ciúmes disso, porque o meu nome é diferente, mas quando lembro que Bessie escolheu esse nome baseado no apelido com o qual chamava mamãe, sinto que é ainda mais importante do que uma inicial idiota.

Espero que seja menina, pelo bem da própria criança, e sendo sincera, não estou preparada para ter um irmão quando considero Tate o único dono desse cargo — ou desse fardo — na minha vida.

Dominik se recosta na cadeira, segurando um copo de suco servido pela minha mãe. Ele observa Reagan colocar mais um waffle no meu prato, o meu estômago embrulha só por sentir o cheiro. Não estou com a mínima vontade de comer, Dominik percebe isso e me pergunto se Fallon falou para ele do meu problema com comida. Espero que não, eu odiaria ter mais um fiscal no meu pé.

"Fallon ainda não acordou?", ele pergunta, enfiando uma uva na boca.

Faço que não com a cabeça. Ele olha para o meu prato de novo, depois para mim e assente. É uma ordem silenciosa, está claramente pedindo para que eu coma ou provavelmente vai fazer com que todos na mesa fiquem sabendo do meu problema com comida. Dominik Bonnett não tem qualquer influência sobre mim, no entanto, seu pensamento é outro, pelo visto.

Empurro o prato um pouco, só para ele saber que não manda em mim e que muito menos me dá ordens. Ele pode ter ajudado Fallon tirando-a da casa do pai e sou e sempre serei grata por isso, mas não o suficiente para que ele ache que pode cuidar de mim da mesma forma que cuidou dela. Ele ainda é o responsável por ter feito Fallon se aproximar de mim por causa de uma vingança, foi ele quem arquitetou tudo. Não vejo porque eu deveria ser simpática com ele.

"Se parar de babar na minha madrasta, posso reconsiderar se você vai poder colocar os pés aqui de novo."

Minhas mães olham para mim, pouco surpresas, mas Amara contorna a mesa e pressiona os lábios no topo da minha cabeça. Um carinho que agora é mais de Fallon do que meu.

"Tem uma aliada contra mim", Dominik diz a Amara enquanto as mãos dela acariciam os meus cabelos. "Teria medo se você não fosse tão baixinha, Srta. Devito."

"Lotrov."

"O que?"

"Você me chamou de Devito", explico, engolindo em seco. "É Lotrov. Kenna Lotrov."

Ao meu lado, Reagan coloca a mão no ombro de Bessie como se isso quisesse lhe dizer algo, um apoio talvez. Usar o sobrenome do meu pai depois de tudo o que descobri, depois de saber toda a dor e destruição que ele causou a Fallon e até mesmo a Dominik, é uma tarefa impossível de fazer — pelo menos por enquanto. Devito é o sobrenome do homem que eu passei a vida inteira achando-o justo e honrado, um sobrenome de peso para alguém que agia na lei e com a lei para ajudar os mais desesperados.

Internato Lewis (Spin-off de L.A)Onde histórias criam vida. Descubra agora