Capítulo 18

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- Eu não entendo porque está tão zangada.

- Eu não suporto esse tom que você usa. Você não tem intimidade suficiente com minha família pra ter feito essa visita assim, Adriana. Nós nem mesmo temos algo para que faça isso.

- Mas aposto que ninguém se importou, moramos ainda na mesma casa.

- Mas não vamos continuar fingindo que somos casal, não somos. Você não está respeitando o mínimo que pedi, droga! — elas já estavam paradas perto de casa.

- Ângela, eu... Eu não quero ter que desistir de você. Eu não vou saber o que fazer e...

- Então eu não errei, não é? Você não estava a passando por um acaso, você fez tudo isso pensando. Adriana, eu preciso respirar, quando peço isso não é por charme. Preciso que entenda para que a gente consiga conviver dentro de uma mesma casa.

- Você não vai descer?

- Não. Preciso resolver uma coisa e talvez volte para a minha mãe.

Adriana deu de ombro e desceu. Ângela bateu forte com a mão no volante tamanha raiva que sentia de si por sozinha ter se colocado na situação que estava.

- Amiga, você me desculpa de verdade mas estava meio óbvio que rolava alguma coisa. É muito louco tudo isso, você e uma delegada. — Emilly riu mas logo parou quando viu o olhar de Maria.

- É tão louco que me pergunto no que eu estava pensando quando me envolvi com ela.

- Não é difícil essa resposta, ela é muito atraente. E olha que não fico com mulheres.

- Pois cuidado, eu também achava isso de mim. — Mesmo diante da voz amarga, Emilly riu com vontade.

- Você precisa descansar e colocar a cabeça no lugar.

- Talvez.

- Eu vou indo, se precisar, estarei aqui do lado, tá bom?

- Eu sei. — Maria sorriu. — Obrigada.

Emilly saiu e Maria ligou o chuveiro com água quente para logo entrar. Enquanto a água caía sobre si, Ângela batia na porta, começou a achar que Maria não queria falar com ela e chamou a Emily. Bastou uma única vez para que a amiga de Maria lhe abrisse a porta.

- Me desculpa te chamar a essa hora... — Ângela até sorriu.

- Não se preocupa, acabei de sair do apartamento de Maria, precisa de alguma coisa?

- Preciso sim, já é um começo saber que ela tá em casa. Você chamaria ela pra mim?

- Não me diz que você acha que ela não quer abrir a porta porque sabe quem é. — Emilly sorriu.

- Na verdade eu acho sim.

- Vem. — Emilly chamou a amiga.

- Emilly? Um instante. — Maria respondeu do outro lado.

Quando Maria abriu a porta ela assustou. Estava de roupão, cabelo preso num coque desastrado e paralisada. Ângela por outro lado parecia um pouco agitada e não conseguiu evitar o olhar em direção à beleza de Maria.

- O que você está fazendo aqui a essa hora?

- Bom... Acho agora é quando dou boa noite e vou embora.

- Obrigada. — Ângela quase sussurrou e Emilly voltou ao seu apartamento.
— Por favor, me deixa entrar.

- Ângela, vamos conversar outro dia.

- Não, Elisa, você precisa me ouvir, me deixa falar e depois se quiser pode me mandar ir embora.

Ambas falavam pacientes uma com a outra. Maria não demonstrava como ansiava por ter mais de Ângela, sentia toda a intensidade do próprio corpo quando estava em sua presença. Ela afastou e quando Ângela entrou,  fechou a porta. De cara viu que Maria bebia cerveja, provavelmente com Emilly.

A número 43Onde histórias criam vida. Descubra agora