Capítulo [10]

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Maria supriu o medo, nunca antes havia provado daquela sensação em sua vida. Olhava em silêncio o pôr do sol, aquele som da praia em um vai e vem de ondas enquanto sentia Ângela lhe segurar as mãos como havia prometido. Nem mesmo casada com alguém que amou sentia-se tão segura.

Ângela a observava em silêncio, não ousou estragar aquele semblante de paz que ainda não havia visto no rosto de Maria.

Quando desceram, Ângela foi com ela até a ponta da ponte, agora já quase não havia sol.

- Obrigada.

- Você não tem que me agradecer.

- Eu tenho, Angie. — a doçura tomou conta da expressão de Ângela.
— Obrigada por tudo que fez por mim, obrigada principalmente por acreditar em mim. Emilly vai morrer quando me vê chegar agora a noite em casa. — Maria riu.

Pelo vento mais frio que fazia, elas caminharam sem pressa até o carro. Já era noite.

- O que quer comer? — Maria olhava uma mensagem de Emilly pela tarde onde dizia que naquela noite era aniversário da irmã e ela dormiria com ela. — Problemas?

- Não, é que Emilly não vai dormir lá no apartamento hoje. Mas sem problemas, amanhã a vejo.

- Isso. — Ângela já ligava o carro.

- Poderíamos comprar alguma coisa e comer no apartamento?

- Como você preferir. — elas se olhavam cúmplices.

Ângela dirigiu, pediu refrigerante e hambúrguer com batatas. Já em casa enquanto comiam elas não paravam um instante de rir lembrando do rapaz na fila que descaradamente cantou a Ângela.

- Nossa, juro que se eu fosse sua namorada naquela hora...

- O que faria? — Ângela já não ria como antes.

- Nada. — Maria desviou a atenção, estavam sentadas no chão da sala. — Iria sorrir talvez. Sua namorada não é ciumenta?

- Um pouco.

- E você?

- Eu? Não, eu não sou ciumenta. Não nessa atual relação.

- Então você era.

- Talvez.

Maria fechou os olhos ouvindo mais da música que tocava.

- Daqui a pouco me acostumo tanto a essas músicas que vou querer ir em um show.

- Quero ir junto.

- Estou aqui com você e custo acreditar que de fato tudo isso está acontecendo comigo.

- É tão irreal assim? — Maria abriu os olhos e Ângela lhe acariciou o rosto.

- Mais irreal ainda por você está aqui comigo.

- Ando confusa a respeito de você, Elisa.

Maria aproximou do rosto de Ângela, parecia enfeitiçada por seus olhos. O coração de Maria batia acelerado, como nunca antes. Ângela passou o polegar por toda a boca de Maria, essa que segurou sua mão ali, beijou seu dedo enquanto, sem saber, Ângela sentiu-se desejar por ela.

- Se soubesse o que sinto quando estou na tua presença, quando te vejo me olhar dessa forma. — Ângela confessou e não resistiu em beija-la.

Ângela sentiu o mover vagarosos dos lábios de Maria aos seus. Mesmo que a quisesse sentir muito mais, Ângela seguiu seu ritmo. Maria não conteve um breve suspiro pesado quando sentiu a língua de Ângela encostar a sua.

Aquilo pareceu ter feito Ângela sentir um desejo ainda maior por Maria. Seus lábios escorregaram por sua pele, arrastando até seu pescoço onde Ângela lhe deixava breves mordidas. Devagar elas foram deitando a cabeça nas almofadas jogadas no tapete. Ângela agora por cima do seu corpo.

A número 43Onde histórias criam vida. Descubra agora