Capítulo [2]

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- Sabem que de tudo o que menos admito nesse presidio são as brigas, não é? — Nas primeira horas da manhã ela já reunia todas as guardas. — Não admito e se souber que estão tendo algum tipo de cobertura para isso, tomarei todo o cuidado para que essa pessoa seja desligada de suas funções, entendido?

- Sim, senhora. — todas responderam em unísono para logo levantarem. Nesse momento passa Fernando com um café para a amiga.

- Minha nossa, bronca logo cedo?

- Você não comece ou será o próximo. — ela não riu mas Fernando sabia que ela brincava. — O que trouxe para mim?

- Não muito. — ele sentou na sua frente com alguns papéis. — Essa moça é estrangeira, sabia disso? Misteriosa também.

- Não, não sabia que era estrangeira, que estranho.

- Pois é, e realmente foi presa por acusação de tráfico, estava naquele presidio que foi incendiado e transferiram ela para esse de agora.

- Há quanto tempo está presa?

- Acho que consegue essas informações aqui, lá nos seus arquivos. Se sabe pouco dela.

- Não tem família aqui?

- Não. Me desculpa perguntar, mas por quê ela?

- Ela não me parece o tipo de mulher que se resume a uma prisão por tráfico.

- Ângela...

- O quê? Não comece.

- E Adriana, já voltou de viagem? — ela levantou olhando para o celular.

- Ainda não, as vezes me pergunto o que eu ando fazendo da minha vida. Eu namoro uma mulher mais jovem que eu, modelo... é como se eu estivesse aceitado por pura vaidade.

- Vaidade? E Adriana tem 21 anos, não é menina.

- Isso. — ela sentou outra vez jogando a cabeça para trás respirando fundo. — Vaidade por uma pessoa bem mais jovem que eu ainda me desejar como ela me deseja. Eu não gosto dessas músicas agitadas, dessas coisas jovens de redes sociais, nada disso, como você explica? Não temos nada em comum.

- Acho que você precisa sair um pouco desse lugar, é o que eu acho. Vamos jantar em algum lado? Preciso sair mas volto e...

- Está bem, acho que mereço. Não precisa voltar por mim, te encontro no lugar marcado.

Fernando sorriu fazendo uma espécie de continência para ela. Agora sozinha, ela voltou aos arquivos numa tentativa de saber mais de Maria.

Já de volta a cela, as duas conversavam depois de longos momentos de impaciência de Maria com Emilly.

- Você tinha que ter contado! Ela vai te ameaçar para sempre agora.

- Já chega desse assunto, Emilly, por favor.

- Tudo bem... Mas olha, a diretora Ângela ontem não parecia tão má quanto falam, precisava ver o carinho que ela te olhava.

- Carinho? Como você fala bobagens. Ninguém olha com carinho aqui.

- Olha aí como você ficou! — Emilly provocou vendo o quanto a colega ficava sem graça. — Por favor, não se apaixona por essa mulher, eu gosto de homens e seria mais possível eu e você do que ela.

- Eu devo merecer mesmo. — Emilly gargalhava enquanto Maria quis sorrir mas não deu esse gosto para a amiga.

- Vocês, na sala da diretora.

Uma mulher fardada falou para ambas e elas assustaram. A seguiram até a sala onde estava Ângela e ficaram ali paradas. A sala era enorme, havia uma pequena geladeira, um sofá mais afastado do outro lado de uma fina porta, essa que parecia esconder um mundo só dela.

A número 43Onde histórias criam vida. Descubra agora