Falando somente de trabalho, Ângela almoçou enquanto sua mãe lhe fazia companhia. Quando agora tomavam um café juntas, dona Lara respirou fundo e Ângela sabia que tinha que começar.
- Mãe... Desculpa por ontem. Eu realmente não imaginava que Adriana fosse aparecer aqui de surpresa, eu nem mesmo contei que haveria um aniversário.
- Você as vezes subestima muito as pessoas... Até eu imaginava que ela fosse sim, o tipo de pessoa que agisse assim.
- Eu sei. Antes mesmo de vir aqui ontem eu já havia pedido esse espaço para ela mas Adriana me disse que alugou o apartamento e me pediu um pouco de tempo.
- Tempo e espaço com vocês vivendo na mesma casa, minha filha? Quantos anos você tem? — Sua mãe era tão séria com as palavras que Ângela nem pôde rir. — Maria Elisa sabe disso?
- Ainda não mas... Vamos conversar hoje a noite.
- Ontem não ia procurar por ela? — O sorriso no rosto de Ângela não precisou ser acrescentado, nessa hora até mesmo dona Lara pensou em rir. — Dê um jeito nessa situação, minha filha. Jogue limpo com as duas, você não é nenhuma adolescente.
- Prometo. A senhora me desculpa?
— Ângela abraçava sua mãe ainda sentada.- Lá vem você querer me dobrar com esses seus abraços. — Ela falou rindo mas longo cedeu ao abraço. — Seja feliz mas sem machucar ninguém.
Ângela ficou o resto de tarde com sua mãe e até lhe ajudou com alguns documentos. Já perto de ir embora ela havia somente enviado uma mensagem a Adriana que tanto insistia em lhe ligar.
- Amanhã vou olhar direitinho como andam as obras de casa.
- Faça isso. Boa sorte no novo trabalho.
- Obrigada, mãe.
Ângela se despediu e, no caminho, como prometido, enviou uma mensagem para Maria avisando a que horas passaria para buscá-la. Poucos metros antes de chegar, Ângela respirou fundo. Adriana estava no quarto assistindo a um filme.
- Boa tarde.
- Boa noite, não? — Adriana respondeu enquanto Ângela tirava os sapatos, estava exausta. — Está com as mesmas roupas de ontem.
- Estou sim. Preciso de um banho.
Como há muito não fizera, Ângela pegou a toalha e não se trocou no quarto, levou para o banheiro e banhou-se. Quando saiu, já com um conjunto de peças íntimas com uma toalha por cima, Adriana não aguentou o silêncio.
- Onde esteve?
- Adriana, eu não tenho que ficar respondendo essas coisas a você.
- Vai sair de novo?
- Vou sim. — Ângela colocava por debaixo da toalha a calça que vestia.
- Você de fato foi ver a sua mãe?
- O que quer que eu faça? Que eu ligue, que tire fotos? Adriana, o que você fez ontem foi ridículo, se comportou como adolescente indo atrás de mim justamente quando te pedi mais tempo. Isso não serve só para mim, saia, respire, conheça novas pessoas, você inclusive gosta disso.
- Você conheceu alguém? — Ângela parou o que fazia a olhando nos olhos.
- No outro dia me perguntou isso, Adriana.
- Então seja mais clara, quem é?
- Eu não tenho que responder isso. Nós definitivamente não podemos conviver na mesma casa desse jeito.
- Ângela, essa é sua casa. Fique, tá bom? Eu... Eu vou tentar respeitar suas decisões.
Ângela não respondeu, sabia que as promessas de Adriana tinha, por vezes, minutos de validade. Um casal como elas não poderia terminar e morar na mesma casa.
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A número 43
FanfictionNúmero 43 ganha um nome em uma história com descobertas, segredos, coragem e porque não... amor. Maria Elisa entrará na difícil busca do que de verdade é viver ainda dentro da prisão.