Primeiras semanas do ano quando Maria se desfazia de todo seu silêncio para quase gritar de felicidade ao saber que Marcela lhe havia conseguido o semi aberto. Mais de três anos e meio presa sem culpa, ela ainda chorava enquanto, sem saber, Ângela assistia tudo do outro lado do vidro; mesmo que não pudesse ouvir.
- Você ficará nesse endereço e buscará esse lugar, lá poderão te ajudar com trabalho. Sei que sempre teve muitos bens mas no momento estão todos bloqueados pela justiça.
- É, eu sei, e eu não importo de trabalhar no que seja. — Marcela sorriu.
- Vai lá, busca suas coisas.
Marcela permaneceu ali, parada, quando viu a Ângela aparecer. Enquanto isso Maria se despedia de Emilly, ao menos por algumas horas.
- Não seja dramática, eu volto antes mesmo de anoitecer.
- Eu sou meio dramática mesmo, mas anda, vai lá! — a amiga não quis esconder a alegria.
Quando voltou para sala, Maria encontrou Ângela e Marcela conversando amigavelmente.
- Pronta?
- Pronta. Mas estou muito nervosa, muito mesmo! Não sei o que me espera lá fora.
- Fique tranquila, sua advogada cuidou de tudo. — Ângela dizia segurando em seu ombro com carinho. — Agora vá, você merece isso.
Maria queria dizer muito mais do que um simples obrigada, mas não conseguia, não ali. Despediu-se e saiu com a advogada. Juntas fizeram todos os tramites, quando colocou o primeiro pé para fora daquele lugar, respirou fundo sentindo a pouca luz do sol.
- Vamos, te levarei até lá.
Maria ainda tinha algumas coisas suas, Marcela a deixou no prédio de poucos apartamentos simples. No lugar havia uma geladeira, uma cama, um conjunto de mesa e fogão. O armário na cozinha era muito pequeno também. O sorriso não cabia no rosto dela, Maria olhava através da janela mas não demorou ali, se olhou no espelho e saiu para a rua, iria ao local onde a esperavam para trabalhar.
- Você é a Maria? — Um senhor perguntou assim que a viu subir as escadas. — Marcela me disse que viria.
- Sou eu sim.
- Vem, vou mostrar o que deve fazer mas ela me disse que já trabalhava com isso antes. — o senhor pareceu sem jeito. — Sinto muito pela sua situação.
- Eu agradeço.
Maria era muito contida mas ficou aliviada de saber que aquele senhor lhe aceitava como era sem julgamentos. Maria agora trabalhava em uma loja de livros. O senhor Andrés explicou que trabalhava um rapaz nos fundos com xerox e impressões, Maria trabalharia com livros.
- E o rapaz?
- Ah, ainda voltará das férias. Você irá conhecê-lo. Me pergunte qualquer coisa. Se precisar de ajuda... Fale.
- Muito obrigada, senhor Andrés.
- Com alguns dias vemos como você se sai e lhe contrato fixo. — ela quase sorriu como agradecimento.
Os dias se passavam agora mais rápido para Maria, Emilly ficava radiante ouvindo as histórias da amiga no trabalho dela. Marcela a acompanhava como podia, lhe deu um celular. O apartamento de Maria era próximo da loja, o que lhe permitia almoçar em casa. Estava adorando ao emprego, apesar de não gostar tanto do rapaz que trabalhava lá, falava o menos possível com ele, afinal, Andrés finalmente lhe havia contratado.
- Tenho certeza que a Marcela consegue dessa vez! Eles não podem reclamar de nada, nem que seja você responder em liberdade, você não tem culpa.
- Sabe que a justiça não funciona assim, Emilly. — Maria suspirou.
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A número 43
FanfictionNúmero 43 ganha um nome em uma história com descobertas, segredos, coragem e porque não... amor. Maria Elisa entrará na difícil busca do que de verdade é viver ainda dentro da prisão.