❦ 25.04.1720 ❦

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25 de Abril de 1720

Ringue de pesadelos

Sentado no banco do bosque completamente sozinho sorrindo bobo, assim que tinha passado a semana inteira. Eram dez da noite, as ruas já estavam vazias, os bares cheios de homens e as calçadas cheias de bêbados. A iluminação na praça era pouca mas ainda sim se sentia em paz por estar ali.

Era a primeira em muitos anos que fumava um cigarro, certamente o Taehyung iria notar um bastão faltando em sua caixinha mas não é nada para um surto coletivo, apesar do ciúme exagerado com seus tragos. O Conde se sentia tão bem que chegava a ser uma sensação incomoda.

Seus pensamentos, ora ou outra, continua a vagar por sua falecida esposa. Donatella sempre estava em seus pensamentos de alguma maneira, mesmo que pouco, mesmo que quase nada. No fundo seu coração estava aceitando aos poucos aquilo, nos últimos dias tem orado muito, pedido para que Deus lhe mandasse um sinal que fosse claro o suficiente.

Que aquilo que ele estava fazendo não estava errado para com a sua esposa. Se sentia nervoso por saber que a qualquer momento a família de Donatella também poderia voltar a cidade, a ideia é perturbadora visto que a família dela também sabe de muitas coisas que aconteceram naquele ano de tortura... Vê-lo com outra talvez seja uma grande afronta.

Suspirou fundo fechando os olhos e soltando a fumaça. Estava disposto a enfrentar tudo desta vez, o seu corpo queima em chamar apenas por se lembrar da belíssima face de sua noiva. Havia muita coisa pela qual lhe dava medo, mesmo diante de sua postura rígida havia um coração mole.

Mas agora? Agora ele queria amar. Queria aproveitar cada segundo ao lado daquela mulher enquanto ainda pode vê-la, toca-la e admira-la. Tudo entre ele e Donatella aconteceu muito rápido, em seis meses já estavam se casando, meses depois ela começou a ficar de cama. Depois disso tudo foi piorando, indo embora uma saúde mental que já não estava boa e muito menos preparada.

E desta vez seria diferente. Por mais que tenha acontecido ainda mais rápido, os dois desejavam isso. E agora Jungkook só queria aproveitar enquanto sentia aquela sensação de novo, porque o ser humano é uma máquina de mudanças, assim como a vida é uma roleta. A qualquer momento pode acontecer alguma coisa. E é por isso que o Conde deseja viver cada dia como se fosse o seu último.

Mal pode esperar para levar sua mulher para morar em sua casa, conviver com ela e com seus irmãos certamente pode se tornar algo muito engraçado. Se Lady Salvatori já é um tanto mandona de um grande posto, imagine se tornando a Condessa de Caccini. Seus pelos se arrepiam ao pensar naquele lugar sendo ocupado novamente.

Ele sabia que havia amado a falecida Condessa, mas o amor agora parecia tão diferente. Uma sensação forte como se fosse morrer por não estar ao lado dela ou não conversar com ela a todo tempo, encarar um sorriso dela ou até mesmo levar uma resposta afiada é o suficiente para fazer o seu dia ser surpreendentemente bom. Suas pernas fraquejam ao conversar com ela ou ao observar seus cílios grandes e sua boca carnuda e rosada. Sua pele tem uma textura diferente, mas não deixa de ser delicada e muito cheirosa. Tudo o atrai.

Quer dizer, apenas Lady Salvatori o atrai.

- Não é comum vê-lo pelas ruas sozinho a esta hora, Conde de Caccini. - A voz não totalmente desconhecida assustou o Conde, que deixou o cigarro cair no chão e se levantou disfarçando o incomodo. Ao encarar aquele cara revirou os olhos, claro que ele tinha um sorriso no rosto.

- Porque se interessa no que deixo de fazer? Sugiro cuidar de sua vida, Marquês de Balboa. - Devolveu gesticulando, morrendo de vontade de sair dali. Olhar para aquele cara lhe reflete ela, o quão seu sofrimento foi claro ao falar, mesmo que sem detalhes, as coisas feitas por este homem sem vergonha.

- Soube que ficou noivo da Lady Salvatori. - Jungkook ficou surpreso pela referência do mesmo, não é de se esperar que falasse de forma cortês.

- Sim. E isso também não é da sua conta.

- Porque eu sinto que você está fazendo tudo isso para me provocar? - Para o Conde aquilo tinha dois sentidos. Provocar em relação as suas respostas afiadas deixando claro que estava incomodado e provocar com toda a situação do casamento, o que chega a ser ridículo.

- Acha que tudo é sobre você? Acorda, eu tenho muito mais coisa interessante, Balboa. - Jungkook se aproximou o empurrando brevemente, o marquês mordeu os lábios, sua raiva era clara em sua face e em suas expressões esquisitas.

- Seu babaca ibencil. - O Marquês ousou dar o primeiro soco contra o rosto do outro, que por sua vez ficou completamente parado. Jungkook estava em êxtase com a tamanha audácia daquele homem, o coitado não sabia dos seus diversos prêmios em um ringue de box. - Se não fosse por você eu ainda teria ela em minhas mãos! Você estragou tudo.

Jungkook não soube exatamente quando foi pra cima dele, só soube que o pegou de surpresa. Foi fácil derruba-lo, depois de dois socos no olho sentou contra a cintura reta dele e apertou o pescoço rindo por dentro dos tapinhas que o Marquês deixava contra sua pele.

- Lady Salvatori deixou de ser sua a muito tempo. Homens como você é o tipo de homem que envelhece e paga prostitutas, porque nem mesmo a própria esposa quer fazer algo parecido. - Eram socos e mais socos seguidos, felizmente ninguém passava ali e provavelmente ninguém escutava também. Jungkook estava deixando toda sua raiva nele, naquele rostinho de bebê com alma de demônio.

- Seu maldito... - O outro cerrou os dentes repletos por sangue, só sentia o gosto do mesmo em sua boca, agora estava com medo do que o outro era capaz de fazer por aquela mulher. - Isso tudo é por causa dela?

Jungkook se levantou respirando fundo, mas não o deixou levantar, chutou tão forte o estômago do mesmo que viu o mesmo rebolar para o outro lado com as mãos na barriga. Cuspindo mais e mais sangue o Marquês se calou por completo, iria morrer se ousasse dizer mais alguma provocação, por que, claro, não esperava aquilo.

- Só vou te dar o primeiro aviso. Saia desta cidade, aqui não há mais nada para você e você não é bem vindo aqui. - Jungkook retirou o paletó limpando as mãos que estavam com resíduos de sangue enquanto saiu andando pela calçada, seus dedos estavam doloridos e também meio machucados, mas não era nada grave.

Conforme foi saindo da visão do cara machucado, o barulho de seus sapatos ecoava cada vez mais pela rua vazia e meio assombrosa. O Conde caminhara dali até a sua casa, sentindo que precisava daquela caminhada para que sua cabeça relaxasse e não tivesse que dar satisfações demais a sua mãe quando chegasse.

Ainda estava nervoso com o fato de ter que pedir a benção da rainha. Não há lei mais hipócrita e sem noção do que esta, a rainha tem que abençoar todo casal de seu reino, mesmo que seja um par de mendigos. Isso para Jungkook não passa de uma maneira da rainha fazer o que quiser com seu povo, como sempre é. É um homem de poucas palavras e em relação a rainha... Bom, são curtíssimas palavras mesmo. Não gosta da índole da mesma e não a enxerga como antes.

Ter que apresentar sua nova noiva a ela é algo inutilmente interessante e que lhe deixa ansioso. Nari não deixa caminhos pela metade, ou ela os segue por inteiro ou ela os destroça. Quando se encontraram na última vez a mesma prometeu não se intrometer mais, dizendo que nunca mais tomaria uma atitude infantil como aquela. Mas era algo a se duvidar.

Por que ela ainda é a Rainha. Ela ainda pode punir brutalmente uma pessoa por não lhe obedecer. Assim como ela pode facilmente acabar com um casamento que ainda se quer existiu.

NOTAS FINAIS
Demorei? Se demorei me perdoem, muitas coisas aconteceram nos últimos dias e ainda estou processando tudo. Esse capítulo foi só a surta do jk no outro mesmo que eu precisava fazer kkkk espero muito que tenham gostado 💞
Votem e comentem muito ❤️


O CONDE DA NOITE FRIA • JJKOnde histórias criam vida. Descubra agora