Dog Days Are Over

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Capítulo 03

   O dia era cansativo experimentando roupas na Chanel, mas meus outfitts eram lindos. Um conjunto parecido com um terninho feminino preto seria a minha primeira entrada, e a segunda, um vestido azul marinho longo com um corte e caimento maravilhoso no corpo. Exausta e plena. Na agência recebi parabéns dos donos, de Thomas e algum olhar de desprezo de pessoas mais invejosas. Marquei no calendário que pendurava na geladeira a data do desfile. Todas as manhãs que acordavam, olhava e sorria.

   Vi as notificações de Mason no Instagram apenas quando já estava deitada para ver as séries que assistia a noite. Poirot, seguia deitado ao meu lado.

- Eu consegui.
- Apesar de você não me responder por aqui.
- Estou me acostumando a esse jeito de me ignorar, mas algumas pessoas poderiam entender errado.

- Boa noite. Parabéns! Você me achou.
- Sim, algumas pessoas entenderiam que eu não tenho tempo de falar com você. Acho que jogador de futebol não trabalha.

   Ele me respondeu na hora. Parece que nosso tempo era a noite.

- Estou concentrado em um hotel agora mesmo, amanhã temos jogo. Mas ainda não sou tão ocupado quanto uma supermodelo, aparentemente.

- Talvez porque você não é tão bonito assim.

- Seu argumento não é válido. Você nem me seguiu de volta no Instagram.

- Se eu seguir você de volta, o que eu ganho?

   Ele me ligou por chamada de vídeo. Lá estava eu, nada arrumada, com uma camiseta branca de pijama. Ele estava encostado em uma cadeira, no quarto vi outro cara, simpático que me cumprimentou e saiu.

- Feliz que você não está sem roupa ou coisa do tipo.

- Eu seria tão ruim assim sem roupa? Nossa, que horror. Você realmente quer acabar comigo.

   Sorríamos juntos.

- Você é homem em chamada de vídeo, automaticamente acho que vai ficar sem roupa, ou se exibir.

- Só vou ficar sem roupa quando você me pedir, gata. Você vai implorar por este corpinho. - Ele gargalhou - Nem eu mesmo acredito nisto. Ok. Quero saber o que você quer se me seguir de volta.

- Vou querer que me diga porque eu e porque isso?

   Sua expressão era sem graça, seus olhos se voltaram para baixo e quando ele voltou a me olhar, falou sério.

- Eu nunca vi uma mulher tão bonita na vida. Daí comecei a conversar com você, e cara, você flui perfeitamente a tudo o que conversamos. O que você quer que eu fale?

- Me convenceu. Está apaixonado, olha só! - Eu sorria em tom debochado. Em seguida fiz uma expressão safada, na qual minha cara de menina ficava mais adulta, minha boca franzia de leve na lateral e meu olhar mudava - Continue assim.

   Antes que ele pudesse falar qualquer coisa, mandei um beijo e dando um tchau, desliguei a chamada. E antes de dormir, segui ele de volta. E não, eu não acreditava nisso de apaixonado. Mas acreditava que estava interessado. E em partes isso me interessava a seguir com aquilo.

   Nos dias a seguir a gente se falava com alguma constância. Ele não me falava da sua namorada. Talvez o único assunto que não falávamos.

   Minha mãe me ligava com mais frequência agora que eu conseguia mandar mais dinheiro para casa. E eu devia encarar como um padrão normal dela, mas me incomodava. Acho que contrastava demais com tudo que Mason me falava da família dele. Ele era todo filho caçula, vivia falando de tudo o que faziam juntos. Viagens, passeios, tudo.

   Eu não contei de porquê sair de casa tão logo que eu pude. Não contei que me agarrei as chances de seguir carreira de modelo para me afastar de uma mãe omissa e de um padrasto que por tantas vezes tentou abusar sexualmente de mim. Meu pai havia falecido, e minha mãe passou a amar mais o seu novo esposo do que a todos, do que a ela mesma. Eu tinha dois irmãos. Melissa, a mais velha que eu por dois anos e Gabriel, de apenas sete anos.

    Acho que estes motivos faziam com que tudo o que eu pudesse fazer para evoluir a minha carreira, eu faria. Eu me fortalecia como que vestida em uma armadura, uma carapuça, algo que nunca me permitiu amar totalmente alguém nos relacionamentos.

   Mateus também me fez desacreditar demais. Era meu ex namorado desde Nova York. Não tivemos nenhum desentendimento horrível, nem nada. Eu simplesmente me dei dois anos de relacionamento no qual só sentia atração física. Ficou insustentável levar tudo aquilo com sentimento tão raso. Em resumo eu realmente não associava Mason a nada romântico. E hoje percebo o quanto ignorava todos os sinais dele.

   Mason organizava planos para me encontrar. Declan contou muita coisa de toda essa época. Aliás, ele se tornou um amigo meu com seu jeito simpático e tão leve. Contava que os assuntos com Mason de alguma forma levavam até a mim.

- Você acha que é exagero? Que eu vou melhorar se a gente ficar? - perguntou Mason, enquanto acariciava o cachorro do amigo e brincavam com uma bola.

- Claro que é exagero. Os quatro pneus arreados. Apaixonadinho mesmo, igual ela fala. Mas adiantaria eu falar para você deixar tudo isso pra lá e se concentrar na sua vida?

- É, não adiantaria. Eu quero ver ela de novo, imagino como seria abraçar ela, beijar...mas é loucura sabe? Porque nem nunca fiz nada disso.

- Só em pensamento e no banheiro. - Declan ria, debochando do amigo.

- E a Chloe?

- A menina que você namora mas claramente não gosta tanto assim? Namora por comodismo. O que tem ela?

- Eu tenho que terminar, mas assim, meus pais amam ela. Minha mãe fala no nosso casamento.

- Eu nem conheço a Camila pessoalmente mas acho que já gosto mais dela. Se é que isso já pesa alguma coisa. Tá na hora de você fazer suas escolhas com base no que quer e não no que seus pais querem.

- Você tem razão. Mas ainda é difícil, eu preciso encontrar com ela, ver, sentir, tocar. E preciso terminar meu namoro. Independente do que a Camila e eu podemos fazer. Porque ela não me dá nenhuma esperança. Nenhum assunto mais picante, nada.

- Confio no seu poder de sedução, Mase. - Declan ria - Mas já que você veio aqui, bora jogar uma partida de combat.

   Mason dormiu na casa do seu amigo, onde ele praticamente tinha um quarto fixo, e pela manhã iria aproveitar que não tinha treino e iria correr. Mas correr por onde tinha encontrado Camila. Nas mesmas ruas. E assim ele fez, por duas manhãs seguidas antes do treino. Até que a encontrasse novamente.

Chuva de LondresOnde histórias criam vida. Descubra agora