Knee Socks

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Capítulo 20

   Foi complicado conciliar uma forma de passar o ano novo como eu gostaria. Com o meu amor e com minha família. Mas conversando com Bertha tive a ideia de fazer a festa no apartamento onde morávamos.

   Minha mãe se comportou um pouco melhor com Camila, e meu pai não a ignorou a noite toda, mas o clima era longe de ser o ideal. Eu seguia cada vez mais apaixonado e convicto a estar com ela. E meus pais em nos separar.

   Eu nunca contei a Camila tudo o que meu pai disse no dia em que saí de casa. Ele realmente acha que ela provocou o padastro no caso da tentativa de estupro, ele acha que ela se interessa mais no meu dinheiro e no quanto ser vista comigo pode melhorar sua carreira. Meu pai falou sobre a possibilidade de Camila ter feito programas para alcançar patamares na carreira de modelo. E ainda fazer. Obviamente eu não podia aceitar e nem acreditar. Naquele dia, meu pai falou sobre a preocupação com o estado de saúde da minha mãe se eu seguisse com essa relação. Mas achei um drama carregado de exagero.

   Passamos o ano novo de forma mais burocrática do que queria. Mas em paz, pelo menos.

   Tudo de pior estava por vir, quando logo em seguida minha mãe começou a ter quadros de pressão alta e labirintite. O médico falou sobre fator emocional. Camila pediu para que eu passasse mais tempo em casa.

   Eu entendia a necessidade disto tudo. Mas eu só queria não ter que dividir, separar meu tempo com elas duas. Quando eu chegava em casa e Camila estava com meias até a coxa, andando com minhas camisetas, tão linda. Eu não queria nada diferente. Ali estava a felicidade. Minha carreira estava seguindo um planejamento bom, eu estava no time principal do Chelsea depois de alguns empréstimos. Tinha convocações pela seleção. Mas isso fazia nosso tempo também diminuir. Ela seguia fotografando, desfilando. Seguia maravilhosa. Comprou seu antigo apartamento antes alugado. Já havia comprado um apartamento para a família em São Paulo.

   No início de janeiro, ela organizou uma festa de aniversário para mim. Pequena, com amigos e uma parte da família. Tudo surpresa! E o melhor, durante a festa ganhamos dinheiro das pessoas, é ricos que dão dinheiros aos outros ricos. Passamos três dias na Riviera Francesa, Cannes, Saint Tropez, Nice e Mônaco. Ainda lembro bem que ela ganhou um bom dinheiro nos cassinos de Monte Carlo, e sorria, feito uma adolescente. Também não esqueço do olhar de todos os homens para aquela linda mulher de azul escuro. A minha. Ela me conquistava e seduzia de tantas formas possíveis, em um vestido de gala ou em uma camisa larga.

    Na última noite, em Saint Tropez, a gente passou um bom tempo bebendo champanhe caro na piscina da suíte. Fiquei com uma gripe forte, com febre. Camila quis muito me levar ao hospital, mas como logo voltaríamos a Londres, preferi que ela só ficasse ao meu lado na cama. Eu nunca tive uma febre tão boa! E parece absurdo, mas ela se revezava em me ajudar em banhos para baixar a temperatura e me agasalhar com cobertas e seu próprio corpo quando eu sentia frio. Aquilo era tão excitante e ao mesmo tempo parecia que eu estava fraco, ou delirava, não sei ao certo.

- Casa comigo, no Brasil. Ou a gente pode fazer um primo ou prima para Summer. Cami, diz que vamos.

- Você está com febre alta. Só falando coisa sem sentido. Eu já liguei para o médico do clube e amanhã a gente chega em Londres e vai direto para lá. Ah, avisei a sua mãe também. 

- Tira a roupa e deita aqui. Ou vamos tomar outro banho. Lá na piscina. Sem roupa. - Ela me olhou como o inconsequente que eu estava sendo.

Chuva de LondresOnde histórias criam vida. Descubra agora