Linger

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Capítulo 37

   Era tão fácil estar com ela todos os dias. Mas nem sempre foi. Nem tudo se resolveu só montando um casamento no jardim. Eu insistia constantemente sobre nos mudarmos para o nosso apartamento antigo, ela resistia.

- É por causa da minha mãe? - Eu perguntava enquanto me revirava com o gato pelo tapete da sala do seu apartamento.

- Você está irritando o gato de novo, Mase.

- Ele não liga. Agora não me enrola e responde o que perguntei.

- Não.

- Então por que?

- Você quer mesmo que eu vá?

- Estou te convidando porque não tenho mais o que fazer! Lógico que quero.

- Tosco. Mas é sério, eu preciso conversar umas coisas, antes de ir.

- Eu não quero saber o que você fez da vida.

- Quando eu paguei o dinheiro que você deu a minha mãe?

- Eu não quero saber.

   Ela se sentou de frente para mim. Me deu as mãos, e quando olhei nos seus olhos vi o quanto estavam fundos, ausentes.

- Você sabe o que aconteceu. Não é?

- Você saía com aqueles caras...

- Por grana. 

   Eu queria abraçar ela bem forte. Bem forte mesmo, como se eu abraçasse o mundo e só falasse que tá tudo bem, que nada mais iria acontecer. Mas obviamente me incomodava.

- A gente vai terminar? - Ela perguntou com os olhos ainda sem focar nos meus.

- Não. A gente não estava juntos. Você fez o que...quis, achou certo, não sei.

- E tem mais. O Kai...- Meus olhos vermelhos ardiam, fixaram nela, que agora me encarava. Eu a interrompi:

- Ele é um dos meus melhores amigos do elenco. Você não vai me dizer que ele...

- Foi isso. Nessa época. Não mais. A gente só tinha medo de te falar. Desculpa?

- Não vai ser hoje. Essa história é muito mais do que eu suporto de uma vez só. Mas você não está errada, eu não tenho como contestar nada. Mas queria saber do Kai antes. Vocês dois deveriam ter me contado.

- Desculpe.

   Eu não consegui mais falar com ela aquela noite. Nem mesmo nos próximos dias. Viajar a trabalho ajudou a ambos. Eu me despedi pela manhã antes que ela fosse para França. A abracei e beijei seus lábios de leve.

- Eu te amo, só deixa passar. - Ela não me respondeu, só assentiu com a cabeça.

   A conversa com o Kai foi complicada. Éramos muito amigos, como se nos conhecêssemos há muito tempo. Ele se mostrou muito menos controlado do que Camila. Mas eu o desculpei de forma mais fácil.

Chuva de LondresOnde histórias criam vida. Descubra agora