Set Fire To The Rain

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Capítulo 22

   A calma dos meses seguintes não era muita. Tudo passava tão rápido, e eu amava ver toda a evolução dele em sua carreira. Eu via tantos jogos de futebol que a imprensa esportiva já parecia mais familiar do que a de moda. Viagens de bate volta para Paris e Milão estavam frequentes na minha agenda. Ele ia junto quando podia, para passar um dia que fosse. Eu me orgulhava de nunca ter atrapalhado sua carreira, como sua mãe disse que eu faria. Nosso tempo junto era sempre corrido. Eu ainda evitava ir na casa dele, quando possível. E ele me falava sempre de quando voltaríamos a morar juntos. Bertha me falava muito disso também. Não tinha uma resposta certa se a sua mãe foi parar em um hospital com pressão alta por causa de um ensaio fotográfico. Acho que se ela se dedicasse a abrir a caixa de fotos que Mason tinha comigo, iria morrer então.

Quando ele chegou no meu apartamento com duas caixas de madeira enormes, eu não entendi o sentido. Ele fazia umas maluquices, deixei que explicasse.

- São presentes. Essa é a sua. - Me deu uma caixa relativamente pesada. - Abre.

Fotos e mais fotos estavam na caixa. Fotos desde a nossa primeira foto, até fotos aleatórias que tirávamos de bobeira. Minhas caretas me encarando, as dele também. Uma carta no meio de tudo aquilo.

" Amor da minha vida, eu sei muito bem que você não se lembrou que hoje faz exatamente um ano que você me trombou na rua, me jogou no chão. Parecia um zagueiro. Bom, hoje você parece um atacante. Complementa todas as minhas jogadas nesta vida com gols. Nossa, que zoado ficou isso. Enfim, obrigada pelo encontrão na rua, por ter continuado comigo, por este um ano onde eu vivi com a maior intensidade do mundo o amor. Espero que todas as vezes em que olhar qualquer uma destas fotos se lembre de como você fez de mim o homem mais feliz deste mundo. Meu sorriso, meu amor, todo o meu eu são e serão para sempre seus, Camila. Te amo."

Ele escrevia com a letra de imprensa que eu conhecia dos bilhetinhos antes espalhados pelo apartamento que dividimos. Assinava como em seus autógrafos.

- Eu adorei! Que coisa mais linda! Eu amo tanto as nossas fotos, obrigada. Obrigada por lembrar, por ser fofo. Obrigada, meu amor.

A outra caixa tinha a maioria das fotos, mas talvez tivesse mais ainda. E seria a que ficou com ele. Como eu não tinha me lembrado da data, ou comprado presentes, fiz brigadeiro com nozes, como ele gostava, para comer de colher.

- Achei que você faria algo sexual. - Disse ele enquanto comia outra colherada do doce.

- Não sei porque. Eu sou alguma tarada agora? Se liga, Mason. - Fiz uma careta mostrando a língua.

- Não é tarada, mas é inesperada. Um ano que eu espero de um jeito e você faz tudo de outro, melhor ainda. - Ele passou a língua nos lábios, sabia exatamente o que aquilo fazia comigo.

- Tá bom! Vai ter surpresa sexual. Me espera no quarto, preciso de preparação.

- Espero ansioso já. - Ele me olhou fixo e novamente passou a língua nos lábios.

- Para com isso. - Ergui a sobrancelha para ele. - Já funcionou.

Quando entrei no quarto apaguei as luzes, deixei apenas os abajures acesos. Eu usava apenas um vestido tubo preto, bem curto e as sandálias que ganhei no desfile da Victoria's Secrets. Preta, com tiras até a coxa, saltão.

- Não fala nada, você está de castigo. - Prendi suas mãos com um pedaço de corda do varal, ele poderia se soltar, mas sabia a graça de não fazer isso. - Seria maldade amarrar os pés de alguém que tem tanto talento neles, né? Considere-se sortudo, senhor Mount. - Fiz minha cara mais sensual, e comecei a falar coisas no ouvido dele, coisas que ele poderia fazer comigo se suas mãos estivessem soltas. Comecei a fazer algumas destas coisas. Enfim, o excitei ao máximo enquanto ia tirando suas peças de roupa.

- Quando você me soltar, você sabe que eu vou te agarrar para não soltar mais hoje.

- Você merece ser solto é? Me convença. A sua boca está bem livre, e tem mais coisas aí - Olhei para ele excitado - Bom, muita coisa bem livre também.

Quando penso naquela noite improvisada eu lembro de tanto sexo oral, sexo intenso. Paixão. A Nossos corpos grudando de suor. O banho no meu banheiro pequeno, juntos, sem espaço. Mas também me lembro de cada palavra que escrevi quando saí da cama de madrugada na carta que coloquei na caixa de madeira dele.

"Oi meu príncipe azul. Lembra quando te chamei assim? Você realmente é, e foi um príncipe melhor que qualquer conto de fadas neste um ano. Obrigada por estar aqui, e mesmo se amanhã não estiver, saiba que sou grata. Que te amo. Saiba que só você me conhece como eu sou, e sabe o que é me ter para ti. Também sabe meter, ops, desculpe mas estou escrevendo pós sexo. E tudo com você é sempre maravilhoso. Eu sempre vou ser sua de um jeito que só fui minha, apenas minha antes de você. Camila."

Quando ele leu a carta, infelizmente eu não pude ver sua expressão, pois ele não achou de imediato e eu mesma não falei sobre ela. Era só mais uma das coisas inesperadas, como ele gostava de falar comigo.

No seu mês de férias, viajamos com a família dele para a Grécia. Poderia ser maravilhoso, mas os pais dele estavam lá, então não. Mas no geral ele se divertiu muito e eu procurei contemporizar tudo com Debra. Confesso que Tony não me tratava tão mal quanto antes, parecia meio conformado. Naquela viagem eu desenhei mais do que em todas as outras, até porque não tínhamos tantos momentos a sós. E no nosso aniversário de um ano de namoro, dei a ele um dos meus compilados de desenhos, já que ele gostava tanto. Também lhe dei um conjunto de malas novas de viagens, mas porque ele precisava de um novo. Ele me deu um final de semana sozinhos na Grécia, também um enorme cachorro de pelúcia e um novo celular.

- Você sobreviveu a uma viagem com a família Mount. E a um ano comigo.

- Escoteiros ganham medalhas por menos do que isso. - Respondi rindo, enquanto me virava nas areias brancas de Zakynthos, afinal já passamos dias em Santorini e Mikonos com os parentes todos.

- Tô falando sério, tosca. Eu acho que devíamos tentar retomar tudo o que eu queria. - Ele se sentou na minha toalha de praia em uma postura mais firme, não olhava mais o mar, olhava para mim. Me sentei de frente a ele.

- Que seria?

- Eu quero te pedir em casamento. Mas quero que você me deixe te pedir, e também que aceite quando eu ... - Eu o interrompi, com o dedo a frente dos seus lábios. Não sei porque.

- Pede. Eu quero aceitar, se você pedir. - Sua expressão de surpresa se modificou para felicidade. Seus olhos castanhos, mais claros pelo sol que batia, seu sorriso que eu amava tanto, eu registrei aquela expressão se iluminando.

- Camila, você aceita se casar comigo? Deixar eu fazer de tudo para te fazer a mulher mais feliz de todo esse mundo, porque eu te amo tanto.

- Aceito! Eu quero. Não sei o que vai ser, mas sei que amor nós vamos ter. Muito, porque eu te amo.

Ele me beijou, me agradeceu, me beijou até rolarmos pela areia, aos beijos. As ondas batendo de leve nas nossas pernas, enquanto nos beijávamos interminavelmente. Parecia que a necessidade era de beijar o máximo que conseguíssemos. Parece que sabíamos. Naquela noite não saímos do hotel, por mais que eu quisesse ir as boates da ilha, ficamos nos lençóis da nossa suíte. 

Chuva de LondresOnde histórias criam vida. Descubra agora