Capítulo 19

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Thomas

Isso deve ser brincadeira! Praticamente reviramos a casa toda e nenhum sinal foi encontrado, mas de alguma maneira eu sentia que ele estava aqui por perto. Observo os outros caminhando pela casa, com alguma esperança, só que pela cara do capitão sei que ele está desistindo. O que vou dizer para minha prima se não o encontrar? Inferno!

- Thomas! Temos um problema aqui? – um dos caras falam pelo fone.

- O que foi?

- Os seus amigos saíram em disparada para algum lugar e estou atrás deles.

- Merda! Não os perca, assim que der vou até vocês. – Mais essa agora! Encosto na parede de madeira da grande sala de estar que tem um sofá imenso de frente para o lago, se não fosse situação, esse seria um ótimo lugar para passar as férias. Essa casa é antiga, mas foi remodelada, tudo aqui pode ser um quebra cabeça.

Resolvo olhar no lado de fora e caminho até as portas frontais de vidro, é quando piso no tapete e sinto que a tabua se move com o meu peso. Parece que nem tudo aqui está bem arrumado, está explicado o tapete aqui.

- Thomas, acho melhor sairmos, não tem nada aqui. Ela deve estar com ele. – Mesmo não querendo aceitar, ele pode estar certo. Fecho a porta novamente, na pressa acabo esbarrando numa mesinha, derrubando o vaso em cima dela. Droga! Movo a mesinha para o lado, pego as pontas do tapete, tentando não deixar os cacos de vidro caírem e que alguém se corte. Mas assim que levanto paro estarrecido com o que vejo, um quadrado grande com uma alça encaixada. Ela não teria essa coragem! Filha da puta! Jogo o tapete de lado sem me importar e já pego a alça, quando puxo ela trava, preciso colocar mais força, até que ela cede.

- Porra! Me ajudem aqui! – Arranco o celular do bolso da minha calça e ligo a lanterna, para iluminar o buraco escuro. Sinto mãos ao meu lado, mas meu foco está na criança que acabei de encontrar, uma das imagens que nunca vou esquecer na vida. Seu rostinho está molhado de lagrimas e as bochechas rosas, a sua boca selada. Pulo dentro e me aproximo dele, pego-o nos meus braços, tentando acalma-lo. Entrego ele para um colega e saio rapidamente do buraco, com cuidado começamos a solta-lo. Depois seu pequeno corpo se gruda a mim, como se eu fosse sua tabua de salvação.

- Vamos te levar para casa garoto. Estão todos preocupados!

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Nick

Não sei o que é pior, a dor de tudo que acabei de descobrir, a perda do meu filho, ou esse ferimento. As vozes dos meus pais são como um borrão em volta de mim, ela está louca tentando bater no meu pai que tenta controlar ela.

- Para com isso! Temos que levar o Nick para o hospital.

- Eu não me importo, eu quero que vocês dois sumam. Eu vou recomeçar a minha vida a partir de agora. Tenho bastante dinheiro, não preciso de vocês mais.

- Sua vadia! Vai tarde, porque não precisamos de você.

- Bom saber, porque estou saindo agora e vou deixar vocês apodrecendo aqui. – Ela vai até o carro, abrindo a porta, não acredito que ela vai nos deixar aqui sem ajuda.

- Acho melhor a senhora largar isso senhora! – Escuto uma voz saindo do meio das arvores e dois caras aparecem. – Você está presa. – Ele fala com a arma apontada para ela. – Percebo pelo rosto dela, que está decidindo o que fazer. – Ela faz a pior escolha, na mesma hora um tiro ressoa, fazendo com ela solte um grito alto, do seu lado na porta do carro, tem a marca do tiro. Eles se aproximam dela rapidamente e a pressionam contra o veículo, mobilizando. Em nenhum momento ela para de gritar. Meu pai se agacha ao meu lado, pressionando algo na minha barriga, enquanto eles a algemam, me ajuda a levantar e subir no carro, sinto meu corpo pesado, não posso acreditar que não vou ver meu filho mais uma vez e saber que está bem.

- Vamos rápido, ele precisa de ajuda. Agora! – a voz do meu pai mostra que ele está assustado.

- Não descansa agora filho, fica com os olhos abertos. Não me deixa sozinho aqui.

- Pai, estou com sono, vou tentar. – Apesar da minha vontade, não consigo fazer meu corpo obedecer, enquanto o policial dirige quebrando todas as barreiras de velocidade, meu mundo escurece.

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Um toque no meu braço e um dedo passando aleatoriamente pela minha mão, é a primeira coisa que percebo quando acordo, apesar da dor na barriga, me sinto melhor.

- Vai voltar para mim, ou vai ficar nessa vida preguiçosa só dormindo? Estou te esperando aqui amor. – Sempre doce, o que mais gosto nela desde que a vi pela primeira vez.

- Às vezes eu estava sonhando com uma anja bem gostosa, mas acho que essa aqui ao vivo e a cores é melhor. – Digo para ela com um sorriso.

- Você me assustou Nick, nunca mais faça uma dessa. – Como se eu tivesse tido escolha. Minha maluca!

- Vamos dizer isso para minha mãe da próxima vez.

- Isso não tem graça. Vou achar seu pai ele estava bem preocupado, já que desde a cirurgia você apagou total.

- E o Josh? Ai meu Deus! Acharam ele?

- Sim! Ele está com a Gabi, está tudo bem agora. – Ela fala passando a mão no meu rosto me acalmando, e solto um suspiro, agradecendo que tudo tenha ficado bem.

A porta se abre e meu pai aparece segurando um copo de café, com o rosto bem cansado. Meu coração aperta mais uma vez, e nem sei porque desvio o olhar da direção dele.

- Filho, fico tão feliz que tenha acordado. – Ele se aproxima de mim, dando um abraço, tentando não me machucar.

- Jú você pode nos deixar sozinhos um pouco. – Mesmo curiosa ela sai, nos deixando em silêncio.

- Pai nem sei o que falar. – Sinto um aperto no peito só de pensar em tudo.

- Nick, não há nada para falarmos. – Ele pega minha mão na sua, apertando forte. – Nada mudou, tudo vai continuar como sempre, você é meu filho desde a primeira vez que te peguei no colo quando nasceu, quando dei sua primeira mamadeira. Eu te criei, sempre fomos eu e você, não importa as burradas de ninguém. Isso vai ser um segredo nosso. Não quero que você fique se martirizando com isso, simplesmente esqueça. Mas uma coisa tenho certeza, estou cortando relações com meus pais, vamos ter que recomeçar nossas vidas Nick.

- Pai, obrigado! Você é o único para mim também. Eu ainda não posso acreditar que ela fez isso, minha própria mãe.

- Ela vai ter o que merece, e vamos encontrar a paz que procuro a tanto tempo. – Envolvidos num abraço, pela primeira vez desde que eu era um garoto, choro nos braços dele.

- Se não parar de chorar, vou chamar a sua enfermeira particular lá fora, para te animar. Logo você vai ter visitas também, o Josh passou por exames, mas como estava tudo bem, eles o mandaram para casa e ele está nos esperando.

Agora minha vida tinha mudado de todas as maneiras, mas eu queria que meu filho me tivesse na sua vida, como o meu pai foi da minha, infelizmente disso eu não quero abrir mão.

Fica comigo! (Retirada 27/07)Onde histórias criam vida. Descubra agora