Capítulo 12 - Parte 2

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Eu já estou meio grilada com esses medicamentos constantes, depois de oito horas acordei tão confusa, que já não sabia se tinha sido um sonho ou se foi real, se meu pai esteve realmente aqui. Consegui mexer minha mão, isso já era um sinal positivo, próximo passo abrir meus olhos, me concentrei um pouco e pela primeira vez por dias podia ver tudo ao meu redor, senti um alivio tão grande que comecei a chorar sem parar, não conseguia movimentar o resto, mas isso já era um avanço, quando a enfermeira parou do meu lado e me viu de olhos abertos, se assustou primeiramente e logo sorriu para mim.

- Seja bem vinda de volta Gabriele, muitas pessoas estavam esperando você acordar. Vou chamar o médico para dar uma olhada em você. – Ela apertou minha mão transmitindo conforto.

Olhei em volta enquanto ficava sozinha novamente, rapidamente o quarto tinha mais enfermeiros e um médico analisando meu prontuário e me avaliando novamente.

- Oi Gabi, meu nome é Harry e sou seu médico, você consegue me entender? - Sinalizei fracamente com a cabeça que sim.

- Consegue falar? Sinalizei que não.

- Gabriele, você sofreu um acidente grave praticamente há duas semanas, como é enfermeira vai entender o que vou te falar e sei que quer saber verdade? Sinalizei que sim.

- Você sofreu um traumatismo craniano, uma fratura na tíbia esquerda, mas está se recuperando bem. - Assinalei que sim. Meu deus quanta coisa deve ter acontecido, eu poderia estar morta agora, obrigado meu deus.

- Vamos tentar transferi-la para um quarto, para que já possa começar a receber sua família. Que estão ansiosos lá fora querendo entrar. - Dei um leve sorriso para ele.

Organizaram tudo e horas depois, fui levada para um quarto, nem podia acreditar. Antes dos maqueiros entrarem no quarto o Matt apareceu correndo na minha direção.

- Você está acordada Gabi, não posso acreditar, o tanto que esperei você voltar. - Acenei que sim sorrindo, sua mão tocou minha bochecha e seus lábios tocaram os meus, eu também estava tão feliz.

- Rapaz nos deixe passar que agorinha pode estar com ela. – Nossa tinha até esquecido que tínhamos uma platéia. Terminaram de me levar para dentro, enquanto as enfermeiras organizavam as coisas, o Matt observava tudo atento com um sorriso imenso no rosto. Assim que elas saíram, ele arrastou a cadeira para o meu lado, tomando minha mão na sua.

- Nunca mais faça isso dona Gabriele, quase que você me mata junto.

- Não se preocupe que logo você vai estar boa, o resto do pessoal estará de volta para te ver agorinha. – Precisava falar com ele, me concentrei e consegui abrir a boca, mas ainda não conseguia que o som saísse. Droga! Tentei mais uma vez e quase consegui, só que esses pequenos esforços me deixavam exausta. O Matt percebeu que eu queria dizer alguma e tentou me estimular, mas não conseguia mesmo, vamos tentando que uma hora consigo.

Um grande barulho começou do lado de fora do quarto e todos da família entraram, minha mãe veio disparada para o meu lado, me abraçando, soltei um gemido de dor, que ela provocou sem querer. Ela me largou rapidamente me fitando com os olhos cheio de lágrimas.

- Minha bebê quase te perdi e ainda brava comigo, nunca ia me perdoar. Você está bem querida? Precisa de alguma coisa? - Acenei que sim e não em seguida, respondendo as duas perguntas simultaneamente. Ela se virou sem entender meus gestos para o Matt.

- Ela não está conseguindo falar ainda Emma, ela só falou que está bem e não precisa de nada. -Concordei com ele.

- Ei sis, que legal agora eu posso falar com você por horas sem ser interrompido, acho que vou dispensar minha psicóloga, o que acha? – acabo rindo da palhaçada do Tyler e concordando com ele, pela primeira vez me sinto normal. Ele se aproximou e me deu um beijo na testa.

- Senti sua falta Gabi e olha eu já não aguentava mais meu irmão rabugento pelos cantos. - Diz piscando um olho. Procurei pelo Matt e o encontrei abraçado com sua mãe chorando.

- Estou tão feliz por te ver bem Gabi, estávamos tão preocupados com você minha querida. - Me sentia tão amada nesse momento com todos ali ao meu redor.

Algumas horas depois um Matt irritado tinha mandado todo mundo para casa, depois de me mimar um tanto, se acomodou na pequena poltrona que tinha no quarto e desmaiou nela. A janela estava aberta e eu não conseguia parar de olhar o céu com uma lua cheia muito brilhante e algumas estrelas, tentando descobrir sobre meu sonho com meu pai, até que o sono me levou.

Acordei com alguém me cutucando, soltei um gemido e voltei a dormir, mas a pessoa não estava desistindo facilmente.

- Desculpa te acordar linda, mas sua fisioterapeuta está aqui e vai começar a te atender hoje. – Abri os olhos meio resistentes, mas sabia que tinha que trabalhar para melhorar. Depois do atendimento, de me movimentar praticamente toda, mesmo que passivamente, me sentia cansada com as tentativas de movimento, um Matt irritante me enfiou comida e logo eu dormi de novo.

Os meus próximos dias foram constantes, minha evolução era lenta, mas pelo menos estava acontecendo. Alguns dias depois recebi alta, depois de muita briga, acabei na casa do Matt, ele conseguiu uma licença então ia cuidar de mim e do bebê, minha mãe ficou bem brava no começo, mas ela precisava trabalhar também. Com a ajuda da minha segunda mãe, as coisas estavam tranquilas, o Matt sempre me levava para todos os lados, nas consultas e atendimentos.

Eu já conseguia sentar sozinha, falar normalmente, praticamente todas minhas funções motoras melhorou, só que ainda sentia muito cansaço e ás vezes acontecia um acidente ou outro, o Matt fingia que não tinha nada demais, eu o conhecia bem demais e sabia que ele preferiria me enrolar toda no plástico bolha se eu deixasse. Ele era meu enfermeiro particular, fazia de tudo, coitado dele eu virei uma devoradora depois de tantos dias comendo por sonda e depois as comidas sem graça, eu precisava repor meu peso, parecia um esqueleto, a geladeira vivia cheia de comida.

Minha casa estava abandonada, no mesmo dia que voltei para casa, minha mãe trouxe a Sacha para ficar comigo, desde o acidente ficou na casa dela, quando me viu minha bebê quase surtou, se aproximou de mim, verificou se eu estava bem e depois se sentou do meu lado e não saiu mais, parecia minha sombra onde eu ia ela ia junto, se eu deixasse até no banheiro.

Recebia algumas visitas, a Júlia no dia que veio não parou de falar parecia uma matraca ambulante, contando tudo que aconteceu desde minha saída do hospital. Numa tarde o Jeff apareceu aqui, com desagrado estampado no rosto o Matt deixou ele entrar, mas não saiu em nenhum momento do meu lado e ficou segurando minha mão o tempo todo, não tem como negar que foi meio estranho, sem contar que recebi tantas flores que quase pensei em montar um floricultura. A minha maior vontade no momento era tirar o gesso da minha perna logo, tomar um banho realmente decente, sem essa porcaria me atrapalhando.

Na hora do banho o Matt estava se aproveitando, mesmo eu falando que não precisava de ajuda, ele insistia em me acompanhar, no inicio não posso negar que fiquei meio sem graça. Caramba tinha tempo que não fazia meus cuidados femininos básicos, o bastardo fez foi rir da minha cara quando falei. E não vou negar que gosto dessa atenção toda dele. Eu queria ele de novo e logo.

O Joshua está uma gracinha, tem crescido tanto nesse último mês, em vários momentos eu que dava a mamadeira dele, o Matt preparava tudo e me entregava ele. Eu passava muito tempo admirando ele e os seus olhinhos azuis, na primeira vez que sorriu para mim, meu coração desmanchou mais um pouco por aquele bebê. Em alguns momentos me peguei pensando como seria ter um bebê com o Matt. Quem olhasse de fora parecíamos uma família completa e eu me sentia assim também algumas vezes.

Todos os dias pensava sobre o meu pai, acabei aceitando que tinha sido um sonho, porque se não ele já teria aparecido por aqui de novo, agora que eu estava melhor, não posso negar que me senti muito decepcionada, minha mãe agora era mais aberta a esse tema, algumas vezes que veio me visitar ficamos sentadas conversando sobre a época que viveu com ele.

Sobre o meu acidente ninguém sabe direito o que aconteceu, alguém de fato bateu em mim, só que a pessoa fugiu antes de qualquer ajuda aparecer, alguns acreditam que eu tenha passado o sinal vermelho e tenha causado o acidente no fim das contas, eu perdi minha memória de parte daquele dia, uma coisa normal pelo que os médicos disseram, pelo momento traumático que passei.

Pelos menos as coisas estão melhorando pouco a pouco, eu realmente estou ansiosa...muitas coisas boas...

Fica comigo! (Retirada 27/07)Onde histórias criam vida. Descubra agora