Estou entrando no meu sexto mês de gravidez, parece que eu engoli uma melancia de como estou imensa. Passo meus dias praticamente de pernas para cima, tentando manter os bebês o máximo que puder. Esses dias tem sido um inferno, aquela gravidez sem sinais no inicio tomou uma proporção gigantesca. Tem duas semanas que eu não suporto estar perto, sentir o cheiro ou qualquer coisa do tipo do Matt. Me dá ânsias, vontade de fugir para longe, ele tenta me entender, só que não está dando certo.
Pesquisei na internet, falei com a médica vi que é uma coisa normal de acontecer, fico chateada com a situação, mas não é culpa minha. É muito mais forte que eu.
Desde que estamos morando juntos, nunca brigamos tanto como agora, todos os dias basicamente. Só que ontem entrei em colapso total, não conseguia mais. O coloquei para fora do quarto eu não conseguia dormir com ele do meu lado. Eu via a tristeza nos seus olhos, e a dor no meu peito era igual.
Abraço um travesseiro tentando segurar o choro, acho que cometi um erro. Tínhamos tudo pronto para os bebês, decidimos nem saber o sexo, deixar uma surpresa na hora do parto. Só que agora eu tinha dúvidas se tudo vai dar certo. A porta se abriu e uma fresta de luz iluminou todo o quarto.
- Gabi?
- Oi?
- Você está bem?
- Sim. - Respondi segurando a respiração para não sentir seu perfume e começar a entrar em crise. Puxei a coberta sobre a cabeça, tentando isolar tudo, até a voz dele estava demais.
- Posso ficar aqui com você?
- Por favor, Matt de novo não. Já falamos sobre isso me deixa sozinha por um momento.
- Ok, vou estar no quarto do lado, qualquer coisa me chama. - Podia perceber a decepção na voz dele, mas eu não podia fazer nada.
Sinto um empurrão forte na barriga, meus meninos estão agitados hoje, a primeira vez que senti eles mexerem, foi como se realmente a ficha caísse e percebesse que eu estava criando novas vidas. O Matt ficou eufórico, e só de lembrar me faz sofrer mais.
Era um dia típico que eu estava sozinha em casa, depois de uma sessão de compras intensas com minhas mães. Dobrava as roupinhas e colocava no guarda roupa, quando senti o primeiro movimento, no primeiro momento acreditei que podia ser outra coisa. Só que não era, eles tinham resolvido dar o ar da graça.
Coloquei minha mão na barriga e mais nada aconteceu nessa hora. Durante o resto do dia fiquei na expectativa, só que nada, nem falei para o Matt, sabia que ia ficar chateado por não sentir.
Quando nos deitamos e conversávamos, sua mão sobre minha barriga. Ela movimentou de novo.
- Uoh, isso foi meus jogadores de futebol?
- Acho que sim. - Ele se abaixou, colocando as duas mãos envolvendo minha barriga.
- Oi bebês aqui é o papai, e estamos muito ansiosos para conhecer vocês. Mas sejam bonzinhos para a mamãe. - Depois beijou minha barriga. Depois disso ficou mais constante, ainda mais quando ele conversava com eles.
Agora aqui estou sozinha numa cama imensa, louca para sair fora. Até os lençóis tive que trocar porque tudo tinha o cheiro dele. Todos devem achar que estou ficando louca.
Não posso com isso mais, me levanto pego uma mala, jogo algumas roupas dentro e desço as escadas.
- O que está acontecendo aqui?
- Não está vendo?
- Você enlouqueceu Gabi! Por que está fazendo isso?
- Vou ficar uns dias com os seus pais.
- Oi?! Só nos seus sonhos larga isso. - Ele se aproximou de mim, puxando a mala das minhas mãos.
- Me devolve isso.
- Não, volta para cama Gabi.
- Eu não quero.
- Eu estou mandando.
- Porra! Está difícil de entender e eu não consigo mais, meus hormônios estão loucos, isso não é bom para os meus filhos. Eu preciso de espaço para respirar. - Sua cara ficou branca ao ouvir o que saiu da minha boca.
- Nossos filhos e você não quis dizer isso, se acalma e respira. São coisas da gravidez, é normal Gabi.
- Por favor... Tem momentos que acho que aceleramos muito as coisas, agora estou sentindo que te prendi nessa loucura.
- Meu deus tem noção do que está falando.
Passo por ele rapidamente puxando a mala da sua mão, que segura meu braço me parando, viro meu rosto na sua direção quando sinto o cheiro do seu perfume, levo a mão automaticamente ao rosto fazendo uma careta. Sua expressão é tão chateada, que me sinto uma cadela por machucá-lo, mas não posso fazer nada. Ele solta meu braço e eu saio sem olhar para trás.
Termino de arrumar tudo, sinto sua presença perto do quarto. Pego elas quando escuto uma voz atrás de mim.
- Larga isso que vou levar, pode descer. - Seu tom de voz é duro. Obedeço pensando no esforço que teria que fazer. Passo por ele rapidamente e desço as escadas, chamo a Sacha, pego a chave do meu carro e entro, esperando ele descer. Começo a tamborilar com os dedos no volante, minha bebê sentada no banco do meu lado, depois de cinco minutos ele aparece. Abre a porta de trás e joga minha bolsa lá, dá a volta e para do lado da minha janela, seguro a respiração.
- Isso é um erro Gabi, quando você voltar ao normal me liga, quando você chegar me avise.
- Desculpa Matt, eu não queria te machucar, mas preciso fazer isso. - Eu ligo o carro e ele se afasta, saio da garagem. Dirijo sem prestar atenção em nada, sentindo meu peito pesado. Bruxa, bruxa. O que diabos você está fazendo? Precisando de um tempo só isso.
Paro em frente à casa dos pais do Matt, pensando o que eles vão falar, preciso da ajuda da Victoria, já que minha mãe está viajando. Nem sei como explicar, sei que não vão me expulsar, desço e toco a campainha. Aperto a alça da bolsa em minhas mãos, tentando me acalmar, quando a porta se abre.
- Gabi?
- Oie Ty.
- O que você está fazendo aqui e cadê o Matt? - Abaixei a cabeça e com quase um sussurro respondi ele.
- Eu sai de casa.
- Você fez o que?
- Isso mesmo que você ouviu. Agora vai me deixar entrar ou não?
- Claro!
- Me ajuda a aqui.
- Meu deus! Meus pais não estão aqui, saíram para um aniversário.
- Acha que eles vão ficar grilados?
- Lógico que não.
Ele pegou tudo e me levou para um quarto de hóspedes, colocou as coisas num canto, me sentei na cama e não consegui segurar mais, caindo no choro. O Tyler sentou do meu lado me abraçando e me apoiei nele.
- O que aconteceu mana?
- Nem sei direito. Só precisava sair Ty, eu não podia nem sentir o cheiro dele sem ter enjôo.
- Está brincando né?
- Bem que eu queria.
- Vou pegar uma coberta e travesseiro para você, um copo de água também, lembra que você precisa ficar tranquila e descansar.
- Sim, você pode deixar a Sacha subir?
- Sim vou trazer ela. - Ele saiu e peguei minha bolsa para achar meu celular, tinha que mandar uma mensagem para o Matt. Quando a abri minha bolsa meu coração parou, o Matt tinha colocado um porta retrato com uma foto nossa juntos, logo depois que descobrimos a gravidez.
- Meu deus o que estou fazendo?
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Fica comigo! (Retirada 27/07)
Chick-LitSabe aquela vontade de chutar o balde e fazer tudo que você sempre quis e desejou, mas ficou anos guardando esses sentimentos, o destino simplesmente escolhe te mostrar os resultados por ser tão idiota... Conheci o Matt quando tínhamos três anos...