Capitulo 1

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Caminho na direção da emergência do hospital, desviando das pessoas que estão aglomeradas no corredor. Estava tudo uma loucura, por causa de um acidente envolvendo um ônibus escolar e um caminhão. Então meu horário de trabalho foi aumentado, me deixando mais esgotada, essa semana foi muito pesada, felizmente amanhã é meu dia de folga, espero dormir todo o dia.

Outra coisa boa é que o Matt está viajando, porque ele adora ficar me arrastando para passear nesses dias de folga, tenta encaixar com os horários dele, sempre está resmungando que tenho que aproveitar mais a vida.

A coitada da minha audição que tem que ser cuidada, de tanto o ouvir falar dessas mulheres da vida dele. Cada vez fica pior, mais já criei uma barreira para isso, depois da surpresa aos 16 anos sobre a perda da virgindade, achei que ia morrer, depois vieram as namoradas engomadas, as situações constrangedoras de sexo, acho que ganhei uma cara de paisagem para aguentar tudo. Para manter a amizade fazemos o sacrifício. O Matt virou o cara contra relacionamentos sérios, adora ir para a balada e pegar as garotas, isso me irrita bastante, mas fico quieta no meu canto.

Sempre fomos a dupla dinâmica, sempre juntos, ele sempre me protegia de tudo na escola, as garotas nem chegavam perto de mim, porque sabiam que ele me escolheria antes delas, sempre foi. Então elas tinham que me aguentar, ele parecia um irmão mais velho, esse era o problema, eu já não queria um irmão mais velho.

Conformei-me que ele nunca vai me ver de forma diferente, uma vez eu tentei demonstrar isso. Eu estava um pouco bêbada então dei o maior beijo nele, ele começou a corresponder, depois do nada parou e me afastou dizendo que era um erro e me levou para casa. No dia seguinte fingi que não me lembrava de nada e ele não comentou também, mais eu podia sentir seu olhar em mim o tempo todo fiquei morrendo de vergonha. Nesse dia eu disse para mim mesma que nunca mais ia tentar nada, se era para sermos somente amigos que assim seja.

Observo o Jeff vindo na minha direção, demorou um ano para eu aceitar sair com ele, hoje não me arrependo, tem 6 meses que estamos saindo, o sexo ótimo por sinal, mas não somos namorados, está mais para uma amizade colorida. Ele é um ótimo médico, pelas profissões entendemos os horários um do outro, então foi fácil nos adaptarmos com tudo.

- Ei querida. Tudo bem? Já era para você ter ido? – ele pergunta parando do meu lado.

- Sim, mas com essa loucura do acidente, já sabe. – respondo ele baixinho.

- Imaginei... Preciso que você faça um curativo num garoto no box 3, todas as outras enfermeiras estão ocupadas agora. Depois conversamos ok? - diz sorrindo para mim.

- Okkk doutor. - Falo rindo para ele, nada de sinais de carinho no trabalho.

Depois de mil curativos e ajudando os médicos com as suturações, enfim fui liberada. Sigo para o meu armário, enquanto abro a fechadura, a Júlia entra pela porta.

- Garota! Estou morta. Preciso ficar na horizontal urgenteeeeee. Sorte sua que amanhã é sua folga, enquanto eu escrava aqui vou trabalhar mais. - Diz ela enquanto desaba no banco de madeira que tem na sala.

- Sorte mesmo Jú estou igual a você, vou entrar em coma profundo, ainda mais com essa virose que não sai de mim.

- O seu amigo gatão não está na cidade? Porque ele vive te arrastando nos seus dias de folga.

- Felizmente ele está viajando a trabalho. - Falo dando um suspiro.

- Cara eu já te falei, essa amizade de vocês é forte, porque eu já tinha dado uns pega nele. - Diz rindo.

- Já te disse que não é nada assim, nos conhecemos desde bebês praticamente, ele é como um irmão. - Mentirosa, bem que você queria umas jogadas na parede com ele, penso.

- Uhum sei, nunca vi seus olhinhos para ele né. Vocês são dois trouxas, ainda bem que achou um belo jeito de compensar, doutor gostoso hein....

- Para besta. Já vou porque preciso da minha cama logo. - Pego minha bolsa.

- Tchau, depois te ligo Jú.

- Tchau amiga.

Quando chego na minha casa, coloco minha bolsa no sofá, tiro os sapatos e jogo num canto, depois arrumaria isso, a Sacha vem correndo que nem louca pulando em mim. Tadinha da minha princesa tinha que ficar tanto tempo sozinha, mas eu a amava, meu melhor presente de natal de todos.

Vou direto para o banheiro, nada melhor que um banho relaxante, quando saio, me sinto outra. Entro na cozinha com a Sacha atrás de mim como sempre, preparo um chocolate quente e um sanduíche, sento no sofá e ligo a tv, canal por canal, não está passando nada de interessante, decido por One Tree Hill que estava reprisando, eu amo essa série.

Meia hora depois estou totalmente desmaiada na cama com o meu bebê grande do lado.

Acordo com um barulho irritante que para e recomeça insistentemente. Oh inferno! Nem posso dormir mais, devia ter desligado o celular, olho para o relógio na minha cabeceira, tinha dormido 7 horas seguidas, era 9 da manhã.

Pego o celular mostrando várias ligações do Matt.

- O que foi? Espero que seja importante, porque eu estava dormindo, caramba.

- Gabi, eu preciso de ajuda com um pequeno probleminha. Essa mulher não está bem. - Podia o ouvir discutindo com outra pessoa no fundo e a coisa não parecia boa. Sentei-me mais alerta.

- Matt o que está acontecendo? Você não está fazendo sentindo, quem é ela?

- To ferrado, uma louca apareceu dizendo que está esperando um filho meu.

Deus! Acho que o mundo parou, porque entrei em choque, não posso acreditar no que acabo de ouvir. Não encontro palavras para responder. O meu Matt vai ser PAI?

- Grávida? Sussurro.

- Sim Gabi... - Sinto o nervosismo e desespero na voz dele, mas a minha decepção é maior.

- Me diz alguma coisa.

- Você tem certeza Matt?

- Espera um pouco. – o escuto falando com ela.

- Pronto, estou no banheiro agora. Então ela começou a falar de quando fui numa boate há alguns meses atrás e realmente tudo que ela falou é certo. Vou ser sincero lembro-me de ter saído de lá com uma mulher loira, mas tudo é um borrão. No dia seguinte acordei no hotel sozinho, ela já tinha ido embora. Ai disse que depois descobriu que estava grávida e começou a me procurar, pelo nome que viu nos meus documentos. – ele fala rápido quase atropelando as palavras.

A minha reação em seguida foi um choque para mim mesma, desligo na cara dele. Jogo o celular na cama e fico olhando. Que merda!

Fica comigo! (Retirada 27/07)Onde histórias criam vida. Descubra agora