Compensação

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"Meu pai eterno, o Caio não vai acreditar!" Ela olhou para os seis números piscando na tela da TV e checou o recibo da loteria pela milésima vez.

"Dois, sete", repetiu a apresentadora da loteria em um terninho azul royal, "a sequência improvável de doze, treze e quatorze", ela sorriu, "e vinte e nove".

Gabriela deixou-se cair no sofá. "Uau!" Ela balançou a cabeça suavemente. "Depois de cinco anos tentando os mesmos números, semana após semana... a persistência valeu a pena!" Gabriela elevou as mãos em direção ao teto, "obrigada, Universo!"

Ela desligou a TV e correu para encontrar o namorado em um restaurante a poucas quadras dali.

Caio estava acomodado em uma mesa perto da janela, digitando no celular.

"E aí, bonitão! Você não desgruda deste celular nem pra almoçar, né?" Ela esticou-se para beijá-lo nos lábios, sem se dar conta da loira com quem ele estava conversando.

"Uh... Oi, Gabriela." Caio forçou um sorriso, cobrindo a tela com a mão direita. "Por favor sente-se! Eu preciso te falar uma coisa." O olhar era sério.

"Nossa! Eu também." Ela obedeceu, franzindo a testa. "O que houve?"

"Não está dando certo." Ele balançou a cabeça.

"Oi?" Ela piscou. "O que não está dando certo?"

"Nós!Eu não aguento mais! Essa obsessão que você tem por sincronicidades, signos, conjunções astrológicas... argh!" Ele esfregou a testa com as mãos, "é tãaaaaoooo irritante... Capricórnio faz isso, Câncer faz aquilo..." Caio imitou a voz de Gabriela: "Vou colocar os números dos nossos aniversários e o dia dos namorados na Mega Sena! Vai resolver todos os nossos problemas. Confie e verá!" Ele fez uma careta. "Você precisar crescer, Gabriela! Esse mundo de fantasia onde você vive não existe!"

"Então", ela mordeu o lábio inferior para conter as lágrimas, "deixe eu ver se entendi direitinho, você está terminando comigo agora porque eu sou obcecada por astrologia?" Ela balançou a cabeça lentamente e riu sem qualquer humor. "Eu sou astróloga, Caio! Você não poderia inventar uma desculpa melhor?" Ela levantou-se e caminhou em direção à porta.

"Espere!" Ele a seguiu.

Gabriela virou-se.

"Você falou que também tinha algo a me dizer..."

"Deixa para lá." Ela presenteou-o com sorriso vingativo. "Não era nada importante."


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