Martelinho de Ouro

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"Residência dos Macedo." Débora atendeu o telefone da cozinha.

"Bom dia!" Uma voz aveludada saudou do outro lado da linha. "Posso falar com o Macedão, por favor?"

"O Sr. Macedo já saiu para o trabalho." Ela enfatizou a última palavra. "Gostaria de deixar um recado?" O tom de Débora oscilava entre a curiosidade e o incômodo.

"Hmmm, não sei..." A mulher baixou a voz como se estivesse falando sozinha. "Ele vai pra casa almoçar?"

"Não!" Débora semicerrou os olhos.

"Ah, que pena! Só um segundo..."

Silêncio.

"Alô?" Débora pressionou o telefone com mais força contra a orelha e conseguiu ouvir uma voz abafada, como se uma mão cobrisse o telefone do outro lado.

"Ei, Jéssica!

Não, ainda não consegui encontrá-lo.

Sim, eu sei que seu problema é urgente!

Sim, eu sei que você precisa dele antes que seu marido volte para casa.

Não se preocupe!

Ele é fantástico.

Eu te contei o que ele fez no chuveiro, sem falar da banheira, lembra?" A mulher riu alto.

"Você vai amá-lo!

Eu prometo!

Agora tenho que ir.

Nãooo! Ele é limpinho." Mais risos.

"Seu marido nem vai notar.

Eu realmente preciso ir agora, Jéssica!

Ligo para você mais tarde. Beeeeijo."

Silêncio

"Mil perdões!" A voz aveludada voltou ao telefone. "Então.... você disse que o Macedão não vem almoçar, né? Pode me passar o celular dele, por favor?"

"Quem tá falando?" Débora temperou a pergunta com raiva.

"Ah, me desculpe. Meu nome é Helena. O Macedão faz uns servicinhos pra mim de vez em quando. E você é?"

"Eu sou Débora Macedo, a mulher dele!" Ela respondeu num tom mais alto do que o necessário. "Que tipo de servicinhos?"

"Emergências! Geralmente eu só chamo o Macedão quando não consigo resolver sozinha. Quanto bate o desespero, sabe? Eu tenho que confessar... meu marido é bem fraquinho nessa área!" Ela gargalhou. "Já o seu é altamente qualificado, Débora, mas ele cobra caro, mulher!" Ela riu.

"Sei." Débora pressionou os lábios. "Por que você não liga para o consultório dele então? Tenho certeza de que podem agendar um horário para você.

"Pois é... Eu tinha um número, mas não consigo encontrar em lugar nenhum. Eu deveria ter pedido outro cartão a ele hoje de manhã."

"Hoje de manhã?" Débora sentiu o mundo girar mais rápido e precisou se apoiar na bancada da cozinha pra não cair.

"Sim, ele passou aqui rapidinho. Eu estava com uma rosca espanada, mas a chave de boca dele tem uma pegada excepcional. Ele apertou até o talo. Encaixou que foi uma beleza."

"Isso é algum tipo de piada?" Débora sentiu o sangue enrubescer seu rosto.

"Piada?" Havia confusão na voz de Helena.

Amor ÁsperoOnde histórias criam vida. Descubra agora